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A resposta de Trump: demagogia para os trabalhadores e milhões para os empresários

O presidente Trump deixou de descartar o Cornavírus e declarou uma emergência nacional, fazendo acordo com os democratas de tomar medidas excepcionais. O chefe do Instituto de Alergia e Doenças Infeccionas, Anthony Fauci, chamou a resposta política do governo de “um fracasso”. As políticas de Trump tem como objetivo assegurar as finanças e os grandes negócios farmacêuticos, enquanto a classe trabalhadora sofre cada vez mais com a crise.

segunda-feira 16 de março de 2020 | Edição do dia

A sensação é de completo caos, com um aumento exponencial dos casos confirmados e estimativas de que as cifras são na realidade muito mais altas. As escolas e universidades estão fechadas e com demissões e suspensões que fazem vom que a situação da classe trabalhadora fique ainda mais instável. O governo não pôde seguir afirmando que o Coronavírus não é um problema, o próprio presidente teve que dizer que fez o teste. Foi questionado repetidamente por não fazer o exame depois que um fincionário do governo Bolsonaro foi testado positivamente depois de se reunir com Trump.

Frente a essa crise, enormes críticas tem sido feitas acerca da intervenção da Reserva Federal, que injetou 1,5 bilhões de dólares parar reviver os mercados. Apesar da intervenção, os mercados seguem despencando e tem perdido mais de 205 de seu valor em apenas 3 semanas (segundo informa o economista Jack Rasmus em seu blog). A injeção se desenhou para evitar possíveis congelamentos do mercado, o que poderia levar a uma paralisia que causaria uma crise importante. Estas medidas foram anunciadas embora não houve resposta para a classe trabalhadora em meio ao crescimento do surto.

Expondo a tragédia do atendimento médico privado

Os discursos de Trump de sexta-feira até sábado tinham como objetivo acalmar o pânico, mas a verdade é que as medidas anunciadas são completamente insuficientes à luz das enormes falhas do sistema sanitário e das políticas que estão sendo aplicadas nas últimas semanas. A falta de provas disponíveis para detectar a infecção está expondo a incompetência do estado, e inclusive o governo reconhece que a falta de dados centralizados por parte do estado torna extremamente difícil coletar estatísticas reais sobre as evidências e casos suspeitos.

Apenas 79 instalações públicas tinham capacidade de fazer os testes antes dessa semana, de acordo com a rede britânica BBC. Somente na semana passada, todos os estados do país tiveram acesso aos testes, uma vez que muitos dos testes enviados estavam com defeito e tiveram que ser devolvidos e enviados novamente. Milhares de pessoas informaram que o custo do teste pode ser de mais de 1.000 dólares. O Federal Reserve disse que metade dos trabalhadores do país tem menos de 400 dólares em economias para emergências médicas.

Em respostas ao alarme sobre a rápida propagação do vírus, foi anunciado que mais testes serão fornecidos; segundo o presidente, haverá mais 100 mil na próxima semana, no entanto, a estimativa de casos atuais excede em muito esse número: somente em Ohio, por exemplo, estima-se que até 100 mil pessoas podem ter COVID-19 no estado. A diferença entre os casos estimados e confirmados é enorme, considerando que os casos confirmados são de cerca de 2.700. O novo acordo entre republicanos e democratas permitirá testes gratuitos, mas Trump afirmou que não há necessidade de testes em massa e que apenas aqueles com sintomas serão testados. Isso se contrasta com as políticas de países que têm respondido ao surto com muito mais eficiência, como a Coréia do Sul, que realizou até 20.000 testes por dia e agora tem o surto sob controle. O acesso não deve ser apenas gratuito, mas também massivo. O sistema privado deve ser nacionalizado e seus recursos devem ser utilizados para toda a população. É necessário, de uma vez por todas, ter o Medicare for All (seguro de saúde universal e público).

A declaração de emergência nacional permite que fundos extraordinários sejam alocados para combater o vírus. Foi autorizado o uso de US $ 50 bilhões em fundos federais. No entanto, a Lei de Emergências de Stafford também permite que dinheiro seja gasto em entidades privadas para lidar com situações de emergência. Isso abre as portas para continuar canalizando benefícios para as grandes empresas farmacêuticas e empresas que se beneficiaram da crise da saúde, com o negócio de testes de vírus e o aumento dos preços de insumos e medicamentos básicos. De fato, Trump elogiou essas empresas e o Google, que vem desenvolvendo um site de testes de Coronavírus em todo o país. (Informações erradas sobre isso continuam a pôr em dúvida a capacidade do governo de lidar com esse surto.) Essas empresas foram convidadas a falar na conferência de imprensa; os trabalhadores, no entanto, não têm voz. Em vez de beneficiar essas grandes empresas, o Estado deve centralizar o controle da produção de insumos e testes, com o controle de comissões compostas por profissionais e trabalhadores da saúde e membros das comunidades afetadas.

A situação da classe trabalhadora e a necessidade de lutar para não pagar por essa crise

Nesta situação, os primeiros afetados são os profissionais da saúde, que relatam não ter a proteção necessária para evitar o contágio, nem o equipamento para atender adequadamente aqueles que podem estar infectados. No sábado, Trump enfatizou que os profissionais da saúde serão tratados, mas não disse nada sobre a falta de equipamentos ou medidas preventivas eficazes. Além disso, funcionários de companhias aéreas, turismo e hotéis estão sendo suspensos e demitidos.

Trabalhadores que realizam tarefas em festivais e eventos culturais, artísticos e esportivos e trabalhadores precários de escolas e universidades também estão enfrentando demissões. O site da Forbes relatou vários exemplos dessa tendência.
Também existem muitos trabalhadores que não são demitidos tecnicamente, mas não receberão seus salários devido ao fechamento. Os trabalhadores não precisam sofrer esse desespero: precisamos de uma proibição de demissões e da implementação de licenças médicas remuneradas para aqueles que precisam delas.
Além disso, os trabalhadores afetados pela suspensão de suas horas de trabalho devem receber o valor total de seus salários. A situação se torna ainda mais difícil para os cuidadores, principalmente mulheres que trabalham. Crianças e adolescentes estão voltando para casa devido ao fechamento das escolas e suas famílias acham difícil continuar trabalhando enquanto cuidam, cozinham e limpam. As pessoas que trabalham como babás, enfermeiras domésticas e outros cuidadores provavelmente perderão o emprego ou serão demitidas. Empresas públicas e privadas devem implementar licenças remuneradas para aqueles que realizam tarefas de assistência e são afetados pela situação. Além disso, os funcionários dos serviços de assistência médica devem receber licença remunerada se seus empregos forem suspensos.

Para implementar medidas reais para lidar com o Coronavírus e proteger a saúde da classe trabalhadora e dos pobres durante a crise, será necessário nos organizar e lutar. Em países onde estão ocorrendo profundos processos de luta de classes, como França e Chile, os governos usaram medidas de emergência para impedir mobilizações e organização dos trabalhadores. Não devemos permitir medidas de militarização e controle policial sobre a população.

Exemplos como o dos trabalhadores italianos, que organizaram greves contra o terrível gerenciamento da crise por parte do governo, são muito importantes. Todos os nossos esforços devem ser direcionados para uma resposta organizada contra o Coronavírus e seus efeitos.

Precisamos de auto-organização desde a base, com sindicatos e organizações sociais à frente, tomando as medidas apropriadas para exigir um verdadeiro plano de emergência de saúde para parar o Coronavírus e o caos ao qual os capitalistas e seus governos nos levam. Os sindicatos precisam lutar pelos trabalhadores e ser uma ferramenta para obter assistência médica, férias remuneradas e tudo o mais que a crise para a classe trabalhadora exigir. A classe trabalhadora tem um papel importante a desempenhar na solução da crise.




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