Uma das advogadas do filho de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, admitiu ter recebido relatórios da Abin, enviados por ninguém mais, ninguém menos do que Alexandre Ramagem, diretor do órgão.
sexta-feira 18 de dezembro de 2020 | Edição do dia
Foto Flávio Bolsonaro: Pedro França/VEJA; Foto Ramagem: CAROLINA ANTUNES/PR
Luciana Pires, uma das advogadas de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), admitiu ter recebi relatórios de Alexandre Ramagem, produzidos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) com orientações e sugestões para auxiliar a defesa de Flávio no processo que investiga os esquemas de rachadinha em seu gabinete na Alerj, quando ainda ocupava cargo na casa.
A informação foi dada em uma entrevista para a revista Época, que no último dia 11 já havia noticiado a existência destes relatórios.
Ramagem é exatamente a figura que gerou a crise entre Bolsonaro e Sérgio Moro que culminou em sua saída do Ministério da Justiça para tentar não se associar com a intenção de interferência na PF de Bolsonaro em nome de proteger seu filho.
De acordo com a reportagem da Época, a Abin produziu ao menos dois relatórios de orientações para Flavio Bolsonaro e seus advogados sobre como obter documentos que permitissem embasar um pedido de anulação do caso Queiroz.
A advogada Luciana Pires tenta diminuir a gravidade da existência dos relatórios, dizendo que “Todo o material que ele (Ramagem) passou para a Abin foi eu que passei. (…) Eu mandei pronto para ele. Ele não descobriu nada. Inclusive, isso foi pauta na reunião”. Ela também alega que não fez e não fará nada do que Ramagem orienta, e que isso não está em seu controle.
A segunda confirmação dos relatórios da Abin, e agora envolvendo diretamente o diretor do órgão, Ramagem, serve apenas para mostrar o quão afundada está a família Bolsonaro em esquemas de corrupção, e ao mesmo tempo, o como Bolsonaro contornou a batalha perdida por interferir na PF usando órgãos do governo para proteger sua família.
A batalha para derrotar Bolsonaro e sua família, no entanto, não pode partir de confiar nos atores que se embatem com ele, mas que são ferrenhos defensores de seus ataques econômicos, como o Congresso de Rodrigo Maia e Alcolumbre (DEM), o próprio STF, e também governadores como João Doria.
A força para derrotar Bolsonaro e derrotar junto o regime golpista que se consolida cada vez mais no Brasil é a força dos trabalhadores, das mulheres, negros, LGBTs e jovens organizados, contra Bolsonaro, os Militares e todos os golpistas que querem descarregar a crise sob as costas da população pobre e trabalhadora.