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EDITORIAL IMPRESSO | Ajuste, pacto, Lava Jato e como responder de forma independente na crise nacional

Dias dramáticos na política e no judiciário nacional tem se seguido um atrás do outro. Entender as disputas “em cima” é muito importante para ver como os trabalhadores podem responder de forma independente.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sexta-feira 9 de dezembro de 2016 | Edição do dia

O que eles concordam?

Renan, Temer, os tucanos, o STF, a Lava Jato, a mídia, todos concordam que é necessário avançar rápido contra os direitos sociais e trabalhistas. Dia a dia cresce a insatisfação dos empresários para que sejam tomadas mais medidas de ajuste e que junto a elas seja iniciada uma ofensiva de privatizações e alguma concessão de crédito para dar um “ânimo” na economia. Esse “ânimo” é para seus lucros mas também com uma crescente preocupação de que a combinação de crise econômica e política pode, cada vez mais, se tornar uma crise social e “explodir”. Isso pressiona eles a grandes conchavos. É quase como se dissessem “Seguremos Temer para garantir os ataques, depois nos entendemos.” Isso ficou explícito na votação do STF para manter Renan.

Para além de Renan e do acordão no STF: choque de interesses entre Lava Jato e “casta política”

As reviravoltas e conflitos dos últimos dias, colocando em choque o judiciário e o legislativo têm como base essa insatisfação dos empresários, mas também interesses e ações opostas entre alas do regime político. Enquanto a amplíssima maioria dos políticos quer limitar quanto o abusivo judiciário pode os ameaçar e querem um grande acordo envolvendo o STF de “anistia ampla, geral, e irrestrita da corrupção”, o judiciário quer garantir seus superpoderes para limitar direitos civis como o de habeas corpus, apelar de decisões judiciais e, cereja do bolo, de receber um dinheirão com os acordos de corrupção.

A Lava Jato e suas Dez Medidas Contra a Corrupção queria justamente isso. E com esse poder em mãos promover uma troca de parte da “cara” da política nacional por “novas caras” que sejam mais úteis aos interesses imperialistas que a operação atende. Esses dois interesses e ações tendem a entrar em choque. A delação da Odebrecht dá mais munição para a Lava Jato e seus apoiadores no parlamento e nas ruas (MBL, VPR e certa esquerda). Por outro lado, a preocupação com os ajustes dá munição (pelos menos por enquanto) para aqueles que trabalham pela impunidade.

Uma disputa que exige superar o jogo duplo do PT para poder desenvolver uma resposta independente

Essa disputa entre “super-poderes” e “super-impunidade” tem como barganha nossos direitos e a tentativa dos mais diferentes atores se localizarem rumo a novas eleições, sejam elas indiretas, antecipadas ou em 2018. Isso explica vários passos do PSDB, do PMDB, do “centrão”, do judiciário, e também do PT.

Muito está em jogo nessa crise. Os ataques aos trabalhadores, a força de cada braço do Estado e a força de cada partido, cada ala, cada cacique. Todos eles, incluindo o PT, temem a ação dos trabalhadores. O PT faz um jogo duplo. É parte da “resistência” aos ajustes, mas é também parte da garantia que eles aconteçam. O Senador Viana garantiu o andamento da PEC enquanto Renan estava afastado, mas também a CUT, CTB, UNE não colocarem toda sua força para parar o país no dia 13 quando se votará a mesma PEC é outra demonstração, diferente é claro, mas do mesmo. E estrategicamente ao trabalhar por novas eleições o PT trabalha para que esse podre regime de corrupção, impunidade, judiciário abusivo se recomponha se Temer não se aguentar. Trabalha para que surja um novo presidente com “a moral de milhões de votos” para conduzir esses mesmos ataques que eles começaram e os golpistas aumentaram e aprimoraram. Limitam toda a “resistência” a esses cálculos eleitorais.

Para oferecer um questionamento a todo esse regime que organiza a retirada de nossos direitos, trabalha por sua impunidade ou para trocar as caras dos políticos por outras que organizem novos esquemas de corrupção mais ligados ao imperialismo como faz a Lava Jato, defendemos impor com a força da mobilização uma Nova Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Uma nova constituinte é a única maneira de não ajudar nem o judiciário, nem a elite política a se safarem com seus crimes e ataques e terem novas caras para novos e velhos esquemas de corrupção e retirada de nossos direitos.




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