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Guerra Rússia x Ucrânia | Aliado de Putin diz que manifestantes anti-guerra na Rússia são “gays, lésbicas, trotskistas e toda essa escória de esquerda”

Em entrevista à BBC, Vitaly Milonov defendeu a incursão militar russa contra a Ucrânia e respondeu em tom pejorativo quanto à oposição à guerra dentro da Rússia, alegando que se trataria de um protesto de “uns mil gays, lésbicas, trotskistas e toda essa escória de esquerda”. O deputado de extrema-direita em seu preconceito, latente em sua trajetória política, considera que ser LGBTQIA+ e revolucionário trotskista seja uma ofensa. Não poderia estar mais equivocado.

quinta-feira 3 de março de 2022 | Edição do dia

Foto: Getty

Em uma entrevista concedida ao programa “NewsHour”, da British Broadcasting Network (BBC) no último dia 26/02, Vitaly Milonov, deputado de extrema direita na Duma, abertamente LGBTfóbico e aliado de Vladimir Putin defendeu a chamada “operação militar especial” russa contra a Ucrânia e minimizou a oposição à guerra dentro de seu país.

Durante a entrevista, Milonov reiterou que considera justificadas as agressões militares russas e alegando que as cenas de violência vistas em Kiev, capital ucraniana, desde o início da incursão russa - incluindo a destruição de um prédio residencial por um missel russo - teriam sido causadas, na realidade, por “criminosos” que teriam se armado graças à política do governo ucraniano de distribuir de armas a civis e agora estariam “atirando uns nos outros”.

Questionado quanto à oposição à guerra dentro de seu próprio país, o político respondeu que “Há alguns russos [contra a guerra], claro. Na minha cidade natal, São Petersburgo, a cidade mais européia da Rússia, tivemos por volta de uns mil gays, lésbicas, trotskistas e toda essa escória de esquerda protestanto”. Milonov em seu preconceito, latente em sua trajetória política, considera que ser LGBTQIA+ e revolucionário trotskista seja uma ofensa. Não poderia estar mais equivocado.

Desde os primeiros dias após a invasão russa, e mais ainda desde então, protestos contra a guerra tomam as ruas em várias partes da Rússia e mundo afora. Dois dias antes da entrevista de Milonov, já eram pelo menos 1600 russos presos por protestarem contra a guerra país afora, além de atos registrados na Polônia, Áustria, Espanha, França, Holanda, Líbano, Portugal, Japão. Desde então, estima-se que o número já ultrapassa 4 mil prisões. Nos últimos dias de fevereiro, foram milhares de prisões efetuadas em todo o país. Sendo quase mil só na capital russa.

Político desde 2004 e membro da Duma Federal russa (a Câmara baixa do legislativo russo, equivalente à Câmara dos deputados) desde 2016, o político de extrema direita e fundamentalista cristão compõe o conservador Partido Rússia Unida, do qual Putin fez parte enquanto primeiro ministro, o tendo apoiado, também, em sua eleição presidencial. Desde então, o partido, que mantém maioria absoluta na Duma, compõe a base de apoio do governo Putin, além de compor a Frente Popular Pan-Russa, organização fundada e encabeçada por Putin em 2011, que reúne partidos e organizações pró-governo.

Ao longo de sua carreira, Milonov acumulou um longo histórico de ataques reacionários às minorias, em particular à população LGBT. Foi o proponente original da lei russa, aprovada no governo Putin, que proibe a “propaganda homosexual”, e além de sugerir que atletas homosexuais fossem presos durante as Olimpíadas de inverno de 2014, defendeu publicamente a esterilização de pessoas gays. Entrevistado no documentário Gay & Under Attack, sobre a homofobia na Russia, Milonov declarou que “A homossexualidade é nojenta. A homofobia é bela e natural”. Um inimigo igualmente voraz dos direitos das mulheres, o político é um grande inimigo do direito ao aborto, e chegou a propor uma lei dotando embriões de direitos civis.

A entrevista completa de Vitaly Milonov ao NewsHour pode ser encontrada no episódio de 26/02 do programa a partir dos 14 minutos e 22 segundos.

Acompanhe no Esquerda Diário as últimas atualizações do conflito na Ucrânia, e para uma análise aprofundada da situação, assista ao último episódio do podcast Espectro do Comunismo: Entenda a Guerra na Ucrânia.

Veja também a mais recente Declaração política da Fração Trotskista - Quarta Internacional: Não à guerra! Fora as tropas russas da Ucrânia! Fora OTAN da Europa Oriental! Não ao rearmamento imperialista! Pela unidade da classe trabalhadora internacional! Por uma política independente na Ucrânia para enfrentar a ocupação russa e a dominação imperialista!




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