×

MOBILIZAÇÕES NA PETROBRAS | Apesar da FUP proteger o governo Dilma, várias unidades da Petrobras começam a se mobilizar

Ontem (24) ocorreram paralisações e atrasos para entrada no trabalho em diversas unidades da Petrobras. Esta mobilização foi organizada pela minoritária federação FNP, enquanto isto a governista FUP organizou ato em defesa do governo em Brasília.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sexta-feira 25 de setembro de 2015 | 00:00

Diversas unidades do sistema Petrobras realizaram mobilizações nesta quinta-feira. Em alguns lugares foram realizadas paralisações de 24hs e em outros atrasos na entrada dos turnos. Estas mobilizações foram organizadas pela minoritária Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e tinha como pauta as reivindicações da campanha salarial dos petroleiros bem como a luta contra a privatização da empresa.

No mesmo dia a maior federação petroleira do país, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi a Brasília conversar com o governo e realizar um ato junto ao MST que denunciava as tentativas de privatização do petróleo brasileiro que tramitam no congresso, não exibindo sequer em uma faixa do texto que destacam em seu site uma denúncia da privatização da Petrobras que Dilma está organizando e consta na “Pauta pelo Brasil” que a FUP aprovou em assembleias das unidades onde dirige. Ao contrário de organizar um ato de denúncia de Dilma por já estar organizando a privatização da Petrobras, como na já anunciada venda de 49% das ações da subsidiária Gaspetro a japonesa Mitsui, a FUP exibia orgulhosa em seu site faixas de seu ato “em defesa da democracia”, como pode-se ver na foto abaixo.

No sistema Petrobras há grande insatisfação e apreensão com diversos ataques que estão sendo articulados pelo governo Dilma, desde os anúncios de bilionários “desinvestimentos” (privatizações) a proposta de redução de salário junto a redução de jornada e ainda aumento salarial inferior à inflação. Para pavimentar o caminho à privatização a Petrobras propõe negociar o acordo coletivo empresa a empresa do sistema Petrobrás, buscando diferenciar direitos e condições de trabalho especialmente nas subsidiárias que serão o primeiro alvo de privatização, como a BR Distribuidora e a Transpetro.

A inação da FUP (CUT e CTB) frente aos ataques mostra dia-a-dia a mais e mais petroleiros como suas votações de “greve por tempo indeterminado” sem nunca marcar a data de quando a greve começaria, mostram que esta federação ligada ao governo Dilma e ao PT quer descomprimir a pressão da base mas ao mesmo tempo nada fará para atacar “seu” governo, faça ele o que fizer. A atuação da CUT na greve dos correios, manobrando assembleias onde é maioria para que não entrem na greve, também deve servir de lição aos petroleiros. Os sindicalistas ligados ao PT querem defender "seu" governo, mesmo que ele privatize, corte salários, ataque o plano de saúde (como nos Correios). A defesa dos interesses dos trabalhadores se chocam com os interesses destes sindicalistas governistas.

Para efetivamente lutar contra a privatização e contra a retirada de direitos e perdas de salários os petroleiros precisarão passar por cima do controle exercido pela FUP e organizar uma verdadeira greve nacional, organizada democraticamente em cada unidade no país acabando com a divisão da categoria em 17 sindicatos e duas federações forjando na luta toda a força já mostrada na história da categoria.

Veja a seguir um quadro das mobilizações retirado do site do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP).

Litoral Paulista

Nas bases do Litoral Paulista, foram realizados atrasos de duas horas na Refinaria de Cubatão (RPBC) e no Terminal Pilões, em Cubatão, no Tebar, em São Sebastião e no Terminal Alemoa, em Santos. Nas plataformas de Merluza e Mexilhão, na Bacia de Santos, o movimento foi implementado por meio de atraso na emissão e requisição de Permissões de Trabalho. Em Mexilhão, o atraso foi de duas horas (7 às 9h e em Merluza de três horas (6 às 9h).

Na RPBC, a adesão no turno foi de 100% e no ADM chegou a mais de 70%. Uma grande vitória da mobilização na refinaria foi a participação dos eventuais de supervisores, demonstrando que a união da categoria é a única saída para ganhar a sociedade para a luta contra a privatização da Petrobrás e contra a entrega do pré-sal. Além disso, a categoria contou com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos da Região, que marcou presença na porta da unidade.

No Tebar, o atraso envolveu 100% do turno e quase a totalidade do ADM. Infelizmente, como retaliação ao movimento, a Polícia Militar foi acionada para reprimir a mobilização, tentando forçar a retirada do carro da entidade na porta do terminal. No entanto, tal postura não impediu a continuidade do atraso. Na UTGCA, em Caraguatatuba, o Sindicato atrasou agora pouco o grupo de turno das 19h.

Nos terminais Alemoa e Pilões a adesão foi de 100% no turno e ADM e ainda contou com a participação dos petroleiros terceirizados (80%), no período da manhã, sendo que no turno da tarde o atraso de duas horas se repetiu. Em todas as unidades que realizaram movimento, o Sindicato orientou os trabalhadores que estavam trabalhando a realizar operação padrão no período do atraso.

No aeroporto de Itanhaém, logo pela manhã, Sindicato e trabalhadores conversaram durante mais de duas sobre a situação e os rumos do movimento. A opinião da categoria é que somente nacional e unificada será capaz de pressionar a empresa a atender as reivindicações, voltando atrás na tentativa de entregar nosso patrimônio e retirar direitos históricos. Não houve embarque para as plataformas devido ao mau tempo.

Rio de Janeiro

No Terminal de Angra dos Reis (TEBIG), no Rio de Janeiro, a categoria reafirmou greve de 24 horas com assembleia de avaliação na manhã desta sexta-feira (25). Outras bases atingidas pelo movimento, com atrasos e atos, foram a UTE Barbosa Lima Sobrinho (atraso de uma hora), Terminal Baía da Guanabara (TABG), o importantíssimo centro nacional de operações, o CNCO onde ocorreu um atraso de rendição, e também ocorreram mobilizações no CENPES (centro de pesquisa) e Edita (um dos vários prédios administrativos no Rio).

Pará/Amazonas

No Terminal Transpetro, de Belém (PA), houve corte de rendição no turno das 23 horas e a categoria – assim como no TEBIG – reafirmou greve de 24 horas com avaliação, em assembleia, amanhã (25). Além disso, houve paralisação de 3 horas na Petrobrás Regional Norte (UO-AM) e Porto Encontro das Águas (PEA-AM), com realização de um ato em frente à Petrobrás.

Vale do Paraíba

Na REVAP, em São José dos Campos, os trabalhadores de turno e ADM realizaram no início da manhã atraso de uma hora. Já os petroleiros do turno de zero hora deliberaram, juntamente com o Sindicato, aguardar o cenário nacional para definir qual movimento realizar.

Alagoas/Sergipe

Em Sergipe, a categoria transformou essa quinta-feira (24) num grande dia de paralisações e atos em todas as unidades. Na sede, em Aracaju, os trabalhadores paralisaram as atividades por quatro horas, contando com a solidariedade dos trabalhadores dos correios em greve. Na FAFEN (Fábrica de Fertilizantes), Polo Atalaia e Carmópolis houve atraso de duas horas.

Em Alagoas, a base de Pilar resiste com manifestação que começou logo no início da manhã. A categoria discute a situação do quadro nacional para deliberar os rumos do movimento. Com adesão parcial, foi realizado atraso de mais de 3 horas na unidade.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias