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GREVE DOS PETROLEIROS | Apesar da grande disposição de luta, FUP impõe o fim da greve no Norte Fluminense

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sábado 21 de novembro de 2015 | 00:00

Assembleia em Campos dos Goytacazes, fonte Sindipetro-NF

Em pleno feriado a Federação Única dos Petroleiros (FUP) convocou assembleias em Campos dos Goytacazes e Macaé para desmobilizar o principal bastião da categoria, o Norte Fluminense. O Norte Fluminense, junto com Espírito Santo eram os últimos sindicatos dirigidos pela FUP que se mantinham em greve desde que esta federação recorreu a assembleias relâmpago, convocação de fura-greve, aposentados sob seu controle, medo e divisão da categoria para que saíssem da greve desde sexta passada quando começaram a implementar o desmonte desta greve histórica.

Este local estratégico para a produção de petróleo e gás natural no país é o local por excelência onde cada petroleiro no país olha para saber se entra ou não em uma greve. Com o fim da greve neste local a outra base da FUP que mantinha-se "rebelde", o Espírito Santo, bem como os sindicatos dirigidos pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) também devem sair da greve.

Apesar da grande e inédita disposição de luta da categoria nacionalmente e que se expressava em centenas de piqueteiros do Norte Fluminense espalhados pelos aeroportos de todo o Estado do Rio de Janeiro para impedir o embarque dos fura-greve para as plataformas, a FUP decidiu abandonar esta greve.

De norte a sul do país a categoria se revoltou com a proposta de sua federação majoritária que quis abandonar a greve sem sequer garantir o pagamento dos dias parados e a não punição dos grevistas, particularmente do Norte Fluminense onde plataformas e o terminal de Cabiíunas foram ocupados seguindo orientação da mesmíssima FUP.

Desde sexta passada os petroleiros grevistas tinham conseguido derrotar sua direção em cinco sindicatos da FUP (Duque de Caxias, Ceará, Norte Fluminense, Minas Gerais e Espírito Santo) e mantido a unidade com os cinco sindicatos dirigidos pela FNP (Rio de Janeiro, Alagoas-Sergipe, Maranhão-Pará, Litoral Paulista e São José dos Campos). Desde então a FUP fez de tudo para criar medo e divisão na categoria e derrotar a greve para blindar o governo Dilma e o PT. Conseguiu derrotar os "rebeldes" no Ceará e Duque de Caxias na segunda-feira, Minas Gerais na quarta-feira e agora em pleno feriado o Norte Fluminense.

Esta operação não foi bem sucedida no Espírito Santo, porém com o indicativo do Norte Fluminense este local deve retornar ao trabalho, bem como a FNP indicou o mesmo para seus sindicatos, tendo São José dos Campos já votado o retorno ao trabalho para a próxima segunda-feira.

A manutenção da greve por uma semana a mais garantiu a reabertura de negociações com a empresa sobre os dias parados e a promessa, por escrito, que o que as direções dos sindicatos acordarem com a empresa no que tange aos dias parados só será aplicado a partir de janeiro do ano que vem. Este recuo da empresa expressa a força da categoria, mesmo dividida por política da FUP. Não fosse esta direção que rifa os petroleiros para blindar "seu" governo a greve poderia ter tido conquistas muito maiores.

Esta grande batalha dos petroleiros, que foi acompanhada diariamente pelo Esquerda Diário começa a chegar a seu fim, porém trata-se somente de uma primeira batalha. A privatização da empresa segue seu curso, diariamente os jornais noticiam como o governo Dilma está trabalhando sem descanso para entregar os recursos nacionais a empresas imperialistas. Os petroleiros precisam começar a tirar lições de sua greve histórica para que as próximas batalhas já ocorram sob seu controle e não desta direção governista e que lhes abandona. A força desta nova geração de operários que foi vanguarda nesta greve poderá impor um movimento muito superior se criar uma direção democrática e nacional e assim travar uma verdadeira batalha política contra a privatização. Para isto será preciso derrotar a FUP e superar os limites "rotineiros" e economicistas da FNP que não batalhou ativamente para que a CSP-Conlutas e outros sindicatos antigovernistas em todo o país viessem em nosso auxílio.

Os petroleiros precisam batalhar agora, dia a dia, para se reerguer e coordenar nacionalmente nas próximas batalhas, tirando lições de sua greve histórica.




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