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AUTORITARISMO | Brasil sofre a maior queda no mundo na avaliação da liberdade de expressão

Nesta segunda-feira, a entidade internacional Artigo 19 apresentou seu informe global sobre as ameaças à liberdade de expressão e constatou que o Brasil deixou de fazer parte da lista de países classificados como “abertos” em termos de liberdade de expressão.

segunda-feira 19 de outubro de 2020 | Edição do dia

O levantamento feito revela que, 3,9 bilhões de pessoas no mundo vivem sob crise de liberdade de expressão. Na prática, mais da metade da população mundial vive em um país com o indicador de liberdade de expressão em um estado de crise.

Nacionalmente esse é o pior resultado em 20 anos. No ranking de 2009, o Brasil somava 89 pontos em uma escala de zero a 100 no que se refere aos critérios de liberdade de expressão, em 2020 o país obteve apenas 46 pontos e despencou no ranking. Hoje, ocupa apenas a 94ª posição, entre 161 países avaliados.

O ranking é dividido em cinco categorias. Países que pontuam entre 0 e 19 são classificados como “em crise”. Aqueles com uma taxa entre 20 e 39 pontos são definidos como países com “alta restrição”. O Brasil se encontra na posição dos países com restrição nas garantias desse direito, com uma pontuação de 40 a 59.

A transformação já vinha ocorrendo ao longo da década, mas intensificou sua aceleração com a chegada de Bolsonaro ao poder no início de 2019. De acordo com o levantamento, o país perdeu 18 pontos em apenas um ano. “A pandemia de 2020 fez do Brasil um exemplo extremo de como líderes autoritários e restrições à liberdade de expressão, combinados com desinformação, representam um alto risco para a saúde pública”, destaca a análise.

Além do alerta, a publicação traz recomendações para reverter essa tendência. “No Brasil e no mundo, é preciso garantir um ambiente de trabalho seguro para jornalistas, livre de ataques a organizações da sociedade civil e em que a população não encontre barreiras de acesso à informação pública e a uma internet livre de violações de direitos humanos”, afirma Denise Dourado Dora, diretora executiva da Artigo 19.

Segundo a entidade, desde 2010, 43 jornalistas foram mortos no Brasil. Só o presidente Jair Bolsonaro fez, por mês, 10 ataques verbais a jornalistas em 2019. O levantamento garante que Bolsonaro passou a adotar duas estratégias: a desinformação – suprimindo dados precisos e reduzindo o acesso a fontes de informações oficiais – e a violência contra vozes independentes, desde jornalistas e blogueiros até ativistas de direitos humanos e ONG’s. No ano passado, 24 defensores de direitos humanos foram assassinados no Brasil, entre eles, Marielle Franco, que estamos há 950 dias sem resposta sobre o que aconteceu.

Todas essas medidas não são ouvidas por Bolsonaro, que ao contrário das recomendações, manda jornalistas calarem a boca e ataca os meios de divulgação e imprensa durante entrevistas, além de bater recordes de militares em seu governo, fortalecendo ainda mais o autoritarismo do regime nascido no golpe institucional de 2016, que contou com a colaboração determinante do conjunto das instituições, do Congresso ao STF.

Com informações UOL




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