Nesta quinta (17), Carlos Bulhões anunciou em coletiva de imprensa confirmou que irá aceitar o posto de interventor de Bolsonaro na reitoria da UFRGS. A nomeação ocorreu na última quarta (16), onde o presidente escolheu o último colocado na lista Tríplice nas eleições da universidade.
sexta-feira 18 de setembro de 2020 | Edição do dia
Bulhões que em vídeo da reunião com as chapas que participaram das eleições, afirmou que iria “respeitar o resultado” caso fosse nomeado por Bolsonaro. Esse vídeo divulgamos nesta matéria, e o que fica claro não teria como acreditar nas palavras de um professor de direita que irá trabalhar para aprofundar ainda mais os interesses privatistas que está por trás da nomeação.
A pré- candidata a vereadora em Porto Alegre Valéria Muller postou seu repúdio a nomeação do Bulhões no Twitter:
Bulhões aceitou ser o interventor de Bolsonaro na UFRGS. O processo de posse começa nessa segunda (21). É urgente organizar a comunidade acadêmica p/ um grande ato na próxima segunda. UNE, DCE, CAs e demais entidades precisam colocar todas suas forças nessa luta.#IntervencaoNAO
— Valéria Müller (@valeriamullerr) September 17, 2020
Além de desrespeitar a decisão da eleição, que colocou Rui em primeiro lugar, Bolsonaro e a extrema-direita atacam a autonomia da universidade com essa medida. Vale lembrar que o próprio processo eleitoral é antidemocrático em seu conjunto, pois o sistema de 70-15-15 prioriza os votos dos professores em detrimento do dos alunos e servidores. A chapa que obteve mais voto, por conta dessa desproporção de votos, foi na verdade a de Karla Maria Muller, que obteve a ampla maioria dos votos, mas acabou em segundo lugar.
Frente a esta intervenção é necessário fazer uma grande mobilização de todos os setores da universidade. Nesta quinta centenas de estudantes fizeram ato pelo centro da cidade contra essa medida autoritária. É urgente que o DCE da UFRGS convoque uma assembleia geral para organizar os estudantes para barrar esse autoritarismo. Ao mesmo tempo, é necessário denunciar o absurdo antidemocrático que é esse estatuto que prevê esse ataque, junto com a própria eleição onde o voto da maioria da universidade tem um peso muito menor do que os professores. Esse mesmo estatuto é responsável por organizar a antidemocrática estrutura de poder na universidade, onde a eleição para reitor praticamente anula a voz dos estudantes e servidores, ao mesmo tempo permite a terceirização e a iniciativa privada dentro da universidade.
A aliança dos estudantes com os técnicos e terceirizados da universidade, pode impor um processo estatuinte livre e soberano dentro da UFRGS para alterar essas anomalias
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