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CORONAVÍRUS | Cinismo: com UTIs lotadas, Dário mantém retorno escolar e propõe fase vermelha das 21h às 5h

Campinas registrou 100% de ocupação dos leitos reservados para Covid-19 nesta última segunda-feira. Ainda assim, prefeitura e secretário de educação decidem manter retorno presencial das aulas para daqui uma semana e cinicamente impõe fase vermelha das 21h às 5h, enquanto trabalhadores passam o restante do dia expostos em ônibus e locais de trabalho.

terça-feira 23 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Reprodução/TV Globo

Segundo dados do último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Campinas de ontem, 22, 98% dos leitos de UTI-Covid da rede pública municipal já estão ocupados. Nesta esteira, segue 95% de ocupação dos leitos oferecidos pelo estado e 82% da rede privada.

De acordo com a prefeitura, aqueles que necessitam por vagas de UTI pela rede pública estão aguardando transferência pelo Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) do Estado de São Paulo. Ontem, após pronunciamento do prefeito, Dário Saadi (Republicanos), a prefeitura contratou mais 14 leitos de UTI e outros quatro de enfermaria da rede privada para atender pacientes com Covid-19.

No entanto, a prefeitura prefere descarregar a conta da crise nas costas dos trabalhadores, propondo fase vermelha das 21h às 5h, enquanto ônibus seguem lotados nos horários de pico para a população trabalhadora que também é exposta em seus locais de trabalho. A prefeitura prefere dizer que as horas de lazer são o grande perigo da pandemia, para livrar a responsabilidade da atual gestão nesta crise.

A crise sanitária é reflexo de uma extensa precarização da saúde pública na cidade. Saadi é o mais novo herdeiro da gestão Jonas Donizette (PSB), responsável por gerir a crise na saúde durantes os meses mais graves da pandemia em Campinas.

Em meio a este cenário de caos na saúde, o secretário da educação, José Tadeu Jorge, afirmou nesta segunda, 22, que as aulas voltaram presencialmente neste 1° de março, ou seja, daqui somente uma semana. Sem testes, professores e alunos seguem retorno às aulas presenciais sob imensa insegurança sanitária. Dário Saadi segue a mesma posição de Dória (PSDB) em conjunto com o secretário da educação, Rossieli Soares, que mantém a voltas às aulas presenciaiscom centenas sem estrutura para evitar novos surtos de Covid-19.

Com autoritarismo, que sequer fez conta de fazer uma consulta à comunidade escolar e agentes da saúde, Saadi e Dória colocam em risco a vida dos alunos e professores com uma política criminosa de completa insegurança sanitária ou qualquer controle científico de casos nas escolas, que só seria possível com testes massivos de forma contínua.

De acordo com a "tese" da prefeitura, alunos ficarão três horas presenciais nas escolas e deverão receber duas refeições durante esse período. Na forma de rodízio, com 50% de capacidade, os alunos participarão das aulas seguindo o distanciamento social de 1,5 metro, com máscaras e álcool em gel. Na realidade, a tese não existe. A prefeitura sequer garantiu EPIs suficientes para profissionais da saúde do HC da Unicamp, um hospital de referência.

A irracionalidade capitalista pela obtenção de lucros é que norteia a volta as aulas presenciais, isto é, para atender aos interesses da rede de ensino privado.
Campinas registra hoje 67,635 casos de Covid-19 e 1,809 mortos. A precarização da saúde pública que veio se ajustando mais bruscamente após o golpe institucional de 2016, como por meio da PEC de teto de gastos de Temer, junto à reforma da previdência de Bolsonaro e os planos neoliberais de privatizações de Paulo Guedes, afetaram diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores que viveram escassez inclusive de oxigênio, em Manaus, que matou dezenas de pessoas.

Contra o negacionismo de Bolsonaro e a demagogia de governadores "racionais" como João Dória, que realiza demagogia com um discurso defendendo as vacinas, enquanto milhares de trabalhadores seguem sendo expostos, contaminados, somente uma resposta independente dos trabalhadores é suficiente. Contra a insegurança sanitária do retorno presencial, são professores, a comunidade escolar e profissionais da saúde que devem decidir como e quando voltar às aulas.




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