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POVOS ORIGINÁRIOS | Com demagogia, Mourão defende o garimpo para indígenas terem "um meio de subsistência"

Com todo o ódio que o Governo de extrema direita de Bolsonaro tem pela cultura dos povos indígenas, o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a defender o garimpo para alegando que os indígenas podem ter um meio de "subsistência e não viver segregado na mata".

sexta-feira 7 de agosto de 2020 | Edição do dia

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira, 7, que a paralisação de uma operação contra garimpo ilegal nas terras da etnia Munduruku, no Estado do Pará, ocorreu após um protesto dos próprios indígenas, que, segundo ele, são os responsáveis pela extração de ouro na região. A operação foi retomada nesta sexta-feira, 7, segundo o Ministério da Defesa. Mourão aproveitou o episódio para defender a aprovação da proposta legislativa que libera a atuação de garimpeiros em áreas demarcadas.

"Os garimpeiros são os indígenas que moram lá. Inclusive, é muito bom para desmontar a teoria daquela turma que acha que o índio tem que viver segregado na mata e não ter meio de subsistência. Ele (índio) vai buscar o meio de subsistência dele", disse Mourão a jornalistas.

Mourão usou o caso para defender a aprovação da proposta que libera o garimpo em terras indígenas no Congresso. "A Constituição diz, artigo 231, que a exploração mineral em terra indígena poderá ser realizada desde que o Congresso legisle a respeito. Estamos há 32 anos esperando que isso ocorra. Todos os governos mandaram projeto sobre isso (ao Congresso). Se não definir isso aí, você fica tapando o sol com a peneira, porque eles (indígenas) sabem que tem ouro lá", afirmou o vice.

Indo mais além em sua demagogia obscurantista, Mourão afirmou que o "indígena tem que ter o direito de explorar a riqueza que tem na terra dele dentro dos ditames da nossa legislação". "A partir daí, ele terá acesso às benfeitorias, ao progresso material da humanidade. Ou seja, ele vai ter uma escola decente na sua terra indígena, para ensinar sua cultura, vamos colocar assim, vai ter apoio de saúde, vai ter comunicação, celular, acesso à televisão a cabo. Ou seja, todas as benesses do mundo moderno. E não vivendo como se estivesse ainda segregados".

A demagogia de Mourão para liberar o garimpo em terras indígenas é um escândalo, e sua concepção dos indígenas arrumarem um “meio de subsistência” e não estarem atrelados a “viver no mato”, é uma concepção reacionária e racista contra a cultura dos povos originários que é tão odiada por ele e todo o governo Bolsonaro, onde o presidente já fez inúmeras declarações nesse sentido. Assim como o ex-ministro da Educação, Weintraub, declarou na famosa reunião ministerial odiar o termo povos indígenas e indagar que “só existe um povo neste país”, mostrando que na verdade não é o termo que odeia, mas sim a cultura dos povos originários, numa concepção de extermínio desse povo, concepção típica da extrema direita asquerosa que está a frente desse governo.

O que está por trás do garimpo não são os “indios mais integrados à sociedade”, como Mourão chamou em outros momentos, mas sim os grandes latifundiários e empresas que extrai e explora as terras e mata cada vez mais os indígenas da região. Desde a escandalosa declaração do ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, de passar a boiada do desmatamento durante a pandemia, o controle do desmatamento é feito pelas forças armadas por meio do recém criado Conselho Nacional da Amazônia, sob liderança de Mourão, e chegou a se reunir com os três maiores bancos do país, Bradesco, Itaú e Santander no fim de julho para divulgar um plano integrado de medidas para a “conservação e desenvolvimento sustentável da floresta”. Há que se questionar o que tem por trás desse alinhamento de interesses, uma vez que o que está em jogo para o governo é não comprometer os investimentos do mercado financeiro no agronegócio brasileiro diante da crescente pressão internacional em torno do aumento das queimadas.

Não será interesse da extrema direita, dos militares, dos grandes empresários e nem de outros setores da direita do atual regime político degradado (como o STF, Maia ou os governadores) priorizar a preservação ambiental e as vidas humanas antes de garantir seus próprios lucros. Para nos contrapor a esse projeto de sociedade, é preciso que a pauta ambiental seja defendida pelo conjunto dos trabalhadores em suas lutas, em aliança com os povos indígenas e os setores oprimidos, para que sejam estes a impôr um programa de resposta à crise, se organizando em uma Assembleia Livre e Soberana que possa definir os rumos do país.




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