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PETROBRÁS | Com disputas políticas em torno da Petrobras, ações caem

As críticas de Jair Bolsonaro aos aumentos do diesel e da gasolina anunciados pela empresa e a troca da direção, colocando um militar no comando, ilustram as disputas políticas em torno da empresa e tiveram consequências: as ações da Petrobras negociadas na bolsa registraram as maiores baixas do dia.

sábado 20 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

No início da noite de uma sexta-feira em que as ações da Petrobras sofreram desvalorização forte nas bolsas de valores, o presidente Jair Bolsonaro confirmou os temores de uma interferência de natureza política no comando da empresa, e tirou Roberto Castello Branco da presidência. Esses temores se acentuaram na noite de quinta-feira (18), quando Bolsonaro anunciou um corte de impostos e taxas federais sobre o diesel e o gás. Numa rede social, ele disse que eram excessivos os aumentos de combustíveis anunciados horas antes. Para os investidores, esse comentário ganhou tom de ameaça quando foi complementado pelas seguintes palavras do presidente:

“Eu não posso interferir, nem iria interferir na Petrobras. Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias. Você tem que mudar alguma coisa. Vai acontecer.”

No lugar de Castello Branco, Bolsonaro nomeou o general Joaquim Silva e Luna. Desde a ditadura um militar não comandava a maior empresa do país.

As declarações do presidente Jair Bolsonaro representam uma luta política entre os diferentes setores da burguesia, com o presidente buscando consolidar mais a sua base de apoio, interferindo e retirando seus adversários do poder. Como consequência desse campo minado em torno da Petrobras, as suas duas ações negociadas na bolsa registraram queda desde as primeiras horas da manhã e fecharam o dia com as maiores baixas do dia: a do tipo preferencial caiu 6,6 %; e a ordinária, a mais negociada, quase 8%.

Como a companhia é a de maior peso no mercado de ações, o que acontece com ela tem consequências para muitas outras empresas. A Petrobras acabou arrastando a bolsa para um resultado negativo nesta sexta-feira (19).

O economista Álvaro Bandeira, que atua no mercado financeiro, preocupado com os interesses do capital, diz que há outros prejuízos.

“Prejuízo de imagem do país, que a política muda ao bel prazer. Segundo, prejudica os mercados. Não prejudica só a ação da Petrobras, prejudica a abertura de capital de empresas, capitalização de empresas no mercado de capitais”, comentou o economista. Entretanto, a questão é justamente que essa disputa, que tem consequências geopolíticas e estão relacionadas com os interesses do imperialismo yankee nas riquezas nacionais do Brasil, não diz respeito aos interesses dos trabalhadores, mas sim dos patrões e dos empresários, os quais pensam somente em seus lucros.

Como a lei brasileira garante a liberdade de preços para os combustíveis, a Petrobras segue o que acontece no mercado internacional. Os preços são decididos com base principalmente no preço do barril do petróleo e o valor do dólar, explicitando a subordinação do mercado nacional ao imperialismo norte-americano. Analistas dizem que a empresa precisa de independência para manter a política de preços, porque enfrenta concorrência no Brasil e no mundo, mas não dizem que essa política vem como parte dos ataques à classe trabalhadora desde o golpe institucional, sendo adotada desde Temer, muito menos que a independência realmente necessária é a dos trabalhadores com os seus patrões, implicando na tomada das indústrias pelos trabalhadores.

O preço dos combustíveis pesa no bolso dos trabalhadores que possuem carro e tem impacto também sobre os transportes de pessoas e de produtos. Esta política já significou 34% de aumento na gasolina só este ano. Bolsonaro está pressionado entre a exigência do mercado financeiro, que o apoia, em manter esta política, e garantir seu apoio entre caminhoneiros, tentar estancar sua perda de popularidade entre trabalhadores.

Governos passados interferiram na Petrobras para que os reajustes demorassem a ser repassados, numa tentativa de segurar outros preços na economia e controlar a inflação. Mas somente quando a empresa for totalmente estatizada e coloca sob controle dos trabalhadores é que os reais interesses da população poderão ser atendidos.

A Federação Única dos Petroleiros, que reúne vários sindicatos de trabalhadores do setor, critica a proposta do presidente Jair Bolsonaro de zerar impostos do diesel e do gás de cozinha como forma de baixar os preços.

Diz que para garantir preços mais justos é preciso rever a política da Petrobras de acompanhar o mercado internacional, mas não levam até o final essas posições, chocando-se verdadeiramente com os interesses norte-americanos, nem organizam os trabalhadores para resistir a esses ataques. A federação defende somente que os preços sejam calculados com base nos custos nacionais de produção, mas com alguns ajustes para atender critérios internacionais imperialistas.

Fonte: G1




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