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Com nova terceirização, Tarcísio avança na privatização do Metrô-SP. Greve unificada é urgente!

O Metrô de São Paulo publicou nesta segunda (11) o processo de terceirização do setor de operação que cuida do atendimento dos passageiros nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata. É urgente um chamado aos sindicatos da CPTM e Sabesp para unificar já na construção de uma greve unificada contra a privatização de Tarcísio!

terça-feira 12 de setembro de 2023 | Edição do dia

Um novo ataque

Nesta segunda-feira, 11 de setembro, o Metrô publicou a abertura de processo de licitação para terceirizar o atendimento dos passageiros nas estações da companhia, nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata, com pregão marcado para o dia 10 de outubro deste ano.

O Edital prevê a contratação de trabalhadores terceirizados para desempenhar funções como a condução de pessoas com deficiência (PCD), atendimento a passageiros, atendimento a passageiros no balcão de informações, orientação na linha de bloqueio e monitoramento das plataformas, entre outros. Ou seja, desempenhar as mesmas funções que hoje são exercidas por Agentes de Estação (OTM1) efetivos.

Essa é mais uma medida que o bolsonarista Tarcísio pretende para avançar no plano de privatização do Metrô. Uma estratégia do governador que avança por diferentes flancos, se utilizando da terceirização para, por um lado, precarizar os serviços e o trabalho hoje realizado por trabalhadores efetivos com direitos conquistados após décadas de luta, ao contratar uma empresa que certamente pagará salários e direitos muito inferiores; e, por outro lado, avançar no seu objetivo estratégico que é entregar o metrô nas mãos privadas dos capitalistas, concretizando a privatização de todas as linhas do metrô.

Nós que fazemos parte do Movimento Nossa Classe e da diretoria do Sindicato como minoria, defendemos em cada reunião e assembleia a centralidade da luta por contratações já, para todas as áreas, o que se contrapõe diretamente à privatização e à terceirização, e unifica os metroviários que sofrem com a sobrecarga e a população que precisa de melhor atendimento.

Efeitos da terceirização

Os trabalhadores da multinacional espanhola Acciona, na construção da Linha 6 do Metrô, demonstraram com sua greve na semana passada o que é a privatização e a terceirização: pararam os canteiros de obra denunciando que recebem comida crua ou estragada, que trabalham com dinamite dentro de túneis sem receber adicional de periculosidade, que sofrem acidentes e não têm plano de saúde, e recebem muito mal. E na mesma semana em que iniciava a greve, uma comitiva do governo Tarcísio se reunia, na Espanha, com a direção da mesma empresa, Acciona, para vender para ela a Sabesp e o trem São Paulo-Campinas.

Além disso, depois de todas as falhas nas Linhas 8 e 9 privatizadas da CPTM, as trabalhadoras das bilheterias, que são terceirizadas, realizaram uma paralisação e desceram até os trilhos do trem para protestar contra o não pagamento do salário, que desde o dia 5 estão aguardando e tomando calote da empresa que assumiu quando o governo privatizou as referidas Linhas. Assim como na Linha 2 do Metrô de SP a empresa contratada (Via Mobilidade) nas bilheterias é a mesma e também não efetivou o pagamento dos salários, sendo o Metrô responsável por este calote também. Isso é o projeto de terceirização e privatização de Tarcísio.

E ainda: a terceirização é uma medida que também avança contra a ferramenta básica que os trabalhadores têm para conquistar seus direitos e barrar a privatização: o direito de greve. O próprio edital desse novo ataque já estipula: “em caso de paralisações de serviço a CONTRATADA deverá manter todos os postos de serviço, conforme planejamento prévio”, ou seja, se acontecer uma greve dos metroviários, os trabalhadores terceirizados deverão trabalhar sem mudança ou atrasos. É o mesmo que Tarcísio e Castiglioni, presidente do Metrô indicado pelo governador para levar adiante a privatização, estão fazendo com a operação dos trens: como os trabalhadores se mobilizaram para boicotar o treinamento dos chefes fura greve para o “plano de contingência” (durante as greves), estão terceirizando o treinamento de operadores de trem do metrô (!), com um edital que prevê que os “treinadores” terceirizados operem os trens em momentos de “crise” (leia-se greve). Depois que a greve de março dobrou Tarcísio, estão trabalhando rápido para se preparar estrategicamente, calculando que para implementar a privatização terão que derrotar as greves dos metroviários, atacando o direito de greve.

Preparar a batalha já!

Esse enfrentamento no Metrô tem um significado central para o projeto de Tarcísio de privatização de todas as estatais, pois como os metroviários vieram sendo uma vanguarda na luta contra os ataques em SP nos últimos anos, a derrota ou vitória dos trabalhadores no Metrô é determinante politicamente para as condições de Tarcísio avançar também nas demais estatais.

Por isso, nós do Movimento Nossa Classe viemos batalhando dentro da categoria e na diretoria do sindicato, da qual somos minoria, pela preparação urgente de uma greve contra cada uma das medidas de Tarcísio, pois está mais do que evidente o objetivo final de cada um desses ataques: o avanço na privatização.

Não podemos seguir perdendo oportunidades de sair em luta como veio acontecendo no último período, o qual a diretoria do sindicato defendeu em diferentes momentos não sair em greve, mesmo com ataques em curso como a terceirização da manutenção de trens do Monotrilho que foi somente adiada, demissões, etc. Cada adiamento de greve é um tempo a mais que o governo e a empresa estão aproveitando bem para avançar com as medidas para a privatização do metrô, pois cada ofensiva dessa é também uma preparação do governo já vislumbrando como impedir e/ou enfrentar as próximas greves dos trabalhadores.

A diretoria do sindicato está chamando uma assembleia dos metroviários para o dia 19/09, próxima terça-feira. Nós do Mov. Nossa Classe defendemos que a assembleia fosse realizada com mais urgência, ainda esta semana, mas dado que a maioria do sindicato aprovou somente na semana que vem, convocamos toda a categoria a comparecer nessa assembleia para enfrentar esse ataque.

Levantamos também a necessidade de fazer um chamado público às direções dos sindicatos da CPTM (CUT e UGT) e da Sabesp (CTB) para que se unifique e se antecipe a data do indicativo de greve e a mobilização unificada que vem sendo aventada para outubro, e que precisa acontecer antes deste pregão de terceirização do atendimento do Metrô.

Todos esses elementos somente redobram a importância da exigência às direções burocráticas das centrais sindicais, que dirigem por exemplo a Sabesp e a CPTM.

Enquanto isso, no ato lançamento do plebiscito as organizações dos trabalhadores que estão batalhando pela mobilização eram impedidas de falar, e foi convidado ao palco para lançar demagogias o partido do Alckmin, o PSB, contando com o consentimento da maioria da diretoria do Sindicato dos Metroviários, (Resistência/PSOL e PSTU). Isso só leva nossa diretoria a alimentar ilusões nesse partido burguês responsável por tantas privatizações. O plebiscito contra as privatizações precisa ser um instrumento para ganhar apoio e construir a greve unificada, e não para cobrir pela esquerda a burocracia sindical, que não está organizando a greve contra a privatização nas suas bases, como se estivessem construindo a luta. O plebiscito em si pode ser um instrumento importante para aprofundar a aliança com a população, mas ele tem que estar combinado a uma exigência às centrais sindicais de organizarem essa luta.

Precisamos urgentemente unificar metroviários, ferroviários e trabalhadores da Sabesp, efetivos e terceirizados, para fazer frente aos diversos ataques em distintas áreas do Metrô, e contra a privatização da CPTM e Sabesp, de forma independente dos partidos burgueses. A greve unificada tem que ser agora frente ao aceleramento dos ataques.

Propomos ainda um comando unificado de greve formado por representantes de base eleitos nas assembleias de cada categoria, para fortalecer com a auto-organização dos trabalhadores a preparação e condução da greve. O sindicato dos metroviários, que não está sob direção da burocracia, pode cumprir um papel impulsionando um organismo assim, que seja um ponto de apoio para a vanguarda de todas as demais categorias frente ao papel cumprido pelas burocracias, e assim fortalecer a perspectiva de levar essa luta até o fim.

Como fizemos em março, com a greve que dobrou a intransigência de Tarcísio e do Metrô, podemos agora novamente derrotar Tarcísio, numa grande luta contra a privatização aliada com os passageiros, por um transporte público, de qualidade e a serviço da população. Para isso, precisamos sair da próxima assembleia com fortes medidas de mobilização e uma data para a greve unificada urgente, antes de qualquer terceirização.




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