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CORREIOS | Correios anuncia concurso em meio à campanha salarial

Com intenções duvidosas, concurso anunciado oferece 2 mil vagas para cadastro reserva, distribuídas em 12 estados.

quinta-feira 6 de agosto de 2015 | 02:10

Na ultima semana a ECT publicou em seu site oficial que até o final de agosto será aberto edital de concurso público para Carteiro e Operador de Triagem e Transbordo. A ansiedade para que a nova leva de trabalhadores entre para o quadro de funcionários não vem só dos querem prestar a prova, mas também dos ecetistas, que estão cansados com a sobrecarga de trabalho. O último concurso foi feito em 2011, e além de não ter suprido sequer as necessidades de pessoal daquele momento, de lá pra cá milhares de trabalhadores já se desligaram.

O número absoluto de vagas anunciadas pode parecer alto, porém, se considerarmos o enorme déficit de funcionários que existe hoje e que se trata de 2 mil vagas para os estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal, este número que parece grande se torna pequeno. Esta quantidade não cobriria nem o número de ecetistas desligados no ultimo Plano de Demissão Incentivada (PDI), que supera 5 mil funcionários. No fim das contas, a ECT contará com menos postos de trabalho. Além disso, no anúncio não aparece a função de Atendente Comercial, mesmo existindo vagas em muitas agências e tendo aumentado muito o trabalho dos atendentes com o Banco Postal.

Essa é uma tentativa do Correio de reduzir os gastos com pagamento de funcionários - já que os novos recebem o piso salarial, e o numero de postos de trabalho será menor – e ainda assim tentar acalmar os ânimos dos ecetistas e evitar que a campanha salarial leve a uma forte greve da categoria. Isso porque a demanda por funcionários é uma das mais sentidas pelos trabalhadores, que vem protagonizando diversas lutas locais e regionais no ultimo período por sobrecarga de trabalho, como em Embu, na grande São Paulo, e a recente greve do Amazonas.

Quem acompanhou a campanha salarial do ano passado lembra que a intenção original da empresa foi a de abrir concurso para temporários de 2 a 5 anos, proposta retrocedida após rodadas de negociação com as federações sindicais, segundo a nota da FENTECT. O que explica esse recuo é que, embora não haja intenção de deixar de lado o projeto de empresa que ataca os trabalhadores, uma greve nacional este ano seria uma enorme bomba para o governo petista que se encontra com baixíssima aprovação da população, desgastado pelos ajustes impopulares e pelos escândalos de corrupção nas estatais. Não nos esqueçamos de que o atual presidente da ECT, Wagner Pinheiro, é membro do Partido dos Trabalhadores.

Se a proposta de concurso para 2 mil vagas é aceita pelas Federações Sindicais (Fentect e Findect), não só será reduzido o numero de postos de trabalho, como a sobrecaga de trabalho continuará e a utilização de temporários terceirizados para atividades fim (que inclusive já provaram que são aptos a trabalhar e poderiam ser contratados sem passar pelo concurso) seguirá se aprofundando. Além disso, a luta pela abertura de novas vagas (e consequentemente novo concurso) se tornará muito mais difícil.

Um importante elemento que joga contra os trabalhadores nesta história é que um setor expressivo da direção da FENTECT (com Talibã/PT na secretaria geral) e a FINDECT de conjunto (PCdoB) se encontram nas mãos de governistas, esta ultima controlando as principais concentrações de trabalhadores da categoria (sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro). Para evitar que o governo saia desgastado, esses sindicalistas governistas farão de tudo, inclusive tentar controlar a campanha salarial de todas as formas para que não extrapole seus interesses. Se depender deles, mesmo que haja greve, ela não poderá sair do script da negociação salarial rebaixada, enquanto os trabalhadores necessitam não apenas da valorização dos salários (corroídos pela inflação e pelas perdas dos últimos anos), mas também garantir a contratação do número necessário de trabalhadores com iguais condições de trabalho e salário, e também lutar contra a privatização e precarização da empresa.

A base dos trabalhadores está insatisfeita e sabe que precisa ir com tudo, e não tem esse rabo preso com o governo. As oposições (que contam com a maioria dos cargos da diretoria da FENTECT) precisam se apoiar nesse fato e se dirigir aos trabalhadores, principalmente nas grandes concentrações da categoria controladas pela burocracia PCdoBista (SP e RJ), para se organizarem por local de trabalho , desde a base, para assim impedir que os governistas traiam novamente os interesses dos ecetistas.




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