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Correios | Correios tem previsão de lucro bilionário para 2020: a quem interessa a privatização da empresa?

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem previsão de lucro bilionário para 2020. A estimativa é um lucro superior a 1 bilhão de reais, melhor resultado da estatal desde 2012. Essa previsão se dá no mesmo ano em que o governo Bolsonaro e o judiciário impuseram a retirada de um conjunto de direitos dos trabalhadores da estatal e de Paulo Guedes anunciar seu plano de privatização da empresa.

quarta-feira 25 de novembro de 2020 | Edição do dia

Segundo o vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP) e ex-conselheiro administrativo da estatal, Marcos César Silva, a previsão de lucro da empresa para esse ano é superior a 1 bilhão de reais, melhor resultado desde 2012. Essa estimativa se dá após Bolsonaro e Paulo Guedes anunciarem o projeto de privatização da empresa, um ataque de imensas proporções a uma das maiores empresas estatais do país.

Essa previsão de lucro bilionário desmascara uma das facetas do discurso falacioso dos setores que defendem com unhas e dentes a privatização das empresas públicas: a ideia de prejuízo/ônus para o Estado na manutenção das empresas estatais. A verdade é que Bolsonaro e Guedes querem entregar a qualquer custo o patrimônio público do país a fim de garantir mais um nicho de acumulação de capital para um punhado de capitalistas parasitas. Não à toa a “quebra do monopólio estatal” sobre os serviços postais desperta o interesse de um conjunto de capitalistas, tais como, Jeff Bezos (dono da Amazon) – o homem mais rico do mundo.

O plano de sucateamento dos Correios é ação consciente levada adiante pela direção da estatal há anos a fim de não só de precarizar as relações de trabalho e, portanto, atacar os trabalhadores com a retirada de direitos, mas também de instalar perante a sociedade uma ideia de insuficiência e má qualidade no serviço prestado e, dessa forma, viabilizar a privatização da empresa. Os únicos que se beneficiarão com a privatização do setor são as empresas que passarão a lucrar com esse serviço. O escandaloso apagão no Estado do Amapá escancarou a privatização tal como ela é: lucro dos empresários acima da vida de milhares de pessoas. A privatização dos correios irá não somente aprofundar a precarização das relações de trabalho como também significará para a população o sucateamento do serviço e problemas na cobertura territorial de entregas uma vez que o objetivo da empresa privada é a incansável sanha pelo lucro.

Veja também: Não aceitemos a privatização dos Correios, chega de beneficiar os grandes empresários, declaração de Marcello Pablito

Essa projeção de lucro bilionário dos Correios também se deu no mesmo ano em que os trabalhadores do correios protagonizaram uma importante greve nacional contra a retirada de uma série de direitos e o projeto de privatização de Guedes. Foram 35 dias que uma única categoria no país mostrou uma verdadeira resistência nacional ao plano de ataques e reformas da extrema direita de Bolsonaro e dos militares.

Os ecetistas, categoria que se demonstrou essencial durante a pandemia e não à toa a empresa obteve lucro enorme (explosão do e-commerce), se enfrentaram com 70 ataques ao acordo coletivo vigente que têm 79 cláusulas. Entre eles, ataques que significam a redução drástica de salário e benefícios conquistados com lutas históricas. Um dos argumentos utilizado pelo General Floriano Peixoto, presidente da estatal, foi a ausência de condições reais para manter tais direitos. Uma grande mentira que se escancara com a previsão de lucro para esse ano.

Ou seja, está claro que trata-se de um projeto das distintas alas desse regime político podre de entrega total dos recursos naturais e empresas públicas ao capital financeiro internacional e nacional. Bolsonaro, militares, o Congresso reacionário de Rodrigo Maia e o judiciário expresso pelo STF e TST: querem avançar a passos largos com a retirada de direitos dos trabalhadores e com a privatização de uma das maiores estatais brasileiras.

Veja também: Greve dos Correios: as lições da luta contra os ataques de Bolsonaro, militares e juízes




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