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UFRN | DENÚNCIA: Reitoria da UFRN não garante EPIs para estagiários da saúde

Estudante e estagiária do curso de Serviço Social da UFRN denuncia de forma anônima as precárias condições em que a reitoria permite que aconteçam estágios remunerados e não-remunerados, sem EPIs, mantendo a realização do trabalho de atendimento ao público em hospitais centrais da cidade de Natal, como o Hospital Universitário Onofre Lopes, exposto e sem EPIs em meio à pandemia.

segunda-feira 12 de abril de 2021 | Edição do dia

Veja a seguir o depoimento da estudante:

O primeiro questionamento dos estudantes desde que a UFRN impôs os calendários foi sobre os EPIs, tanto nos estágios obrigatórios, quanto dos estágios não-obrigatórios. Pela situação no Brasil todo, nós alunos sentimos falta desses equipamentos de proteção. A gente - a universidade toda, não só o departamento de Serviço Social - ficou por conta própria. A gente acabou recebendo os EPIs do Onofre Lopes [Hospital Universitário Onofre Lopes], mas isso depois de muita demora, depois de muitos meses nessa batalha, as alunas receberam esses equipamentos praticamente agora, recentemente. No meu estágio, os EPIs sempre foram por conta própria, máscara era eu quem comprava. E, no meu setor, é atendimento ao público, no RH.

As angústias dos estagiários na pandemia vão muito além da falta do EPI, é uma angústia pela estrutura toda. Por esse ensino remoto que interfere no nosso dia a dia, nosso rendimento não é igual como é no espaço da universidade e isso compromete tanto o rendimento acadêmico, quanto à saúde mental. E aí você chega no estágio muito desgastado por todas essas situações e também por precisar pegar transporte público, por precisar dividir a casa com outras pessoas que na maioria são grupo de risco. Porque a gente sabe como é o quadro de saúde dos brasileiros, né? Muitas pessoas com comorbidades. Sempre existiu, mas o covid escancarou ainda mais a fragilidade do conjunto dos brasileiros. É um conjunto de coisas, por isso que eu falo que vai além dos EPIs. Lógico que se você pega uma máscara pff2, uma n95, você se sente muito mais protegido. Pelo menos dá aquela sensação de proteção. E aí você também tem acesso a álcool e outros EPIs, já é alguma coisa. A angústia de ter que ir pro estágio, que é a realidade infelizmente, poucos estagiários estão em home office, poucos setores. Esse compilado de coisas, de vivências que acaba nos atingindo de forma objetiva e subjetiva.

A renda do estágio não-obrigatório é uma renda muito importante pra alunos da classe trabalhadora, então muitos não podem simplesmente deixar esses estágios. O papel do estágio não-obrigatório é primeiramente fornecer formação e, em segundo lugar, é também pela remuneração, já que nos estágios obrigatórios a gente não recebe nada. A gente tá indo porque a gente precisa dessa bolsa. É uma questão concreta, objetiva. Os alunos colaboram com a família, ajudam na renda da casa. Se não fosse por essa renda, se não fosse pela fragilidade da assistência estudantil, a gente não estaria saindo pra estagiar dentro de uma realidade que a gente tá vendo 4000 pessoas morrerem por dia. A gente vai, a gente pega transporte público, a gente frequenta os elevadores dessas instituições onde tem gente a todo momento, a gente atende pessoas. Isso a gente enquanto aluno, enquanto uma pessoa que recebe no máximo um salário mínimo, mas muitos estágios é meia bolsa, é R$600, é R$500, é R$400. Às vezes a gente tem uma carga horária muito similar a um profissional, a gente se arrisca nessa pandemia, sem deixar nada para os nossos familiares em caso de óbito. Então são esses os desafios. Hoje eu estou com o EPI, mas eu sei que tem companheiras de turmas, de curso, que não tão tendo acesso como eu estou.

Essa denúncia não é uma exceção. No último sábado, ocorreu uma plenária de estudantes da saúde da UFRN, onde diversas denúncias foram colocadas sobre a inexistência de EPIs para os estagiários, também na Odontologia e Nutrição. Os estagiários da UFRN não estão sozinhos, essa é a realidade de milhares de estudantes e trabalhadores pelo país. O Esquerda Diário vem recebendo denúncias de trabalhadores de diversos setores que relatam as mesmas condições de precariedade e assédio. Nos somamos à exigência por EPIs destes estudantes, cuja responsabilidade central está no negacionismo de Bolsonaro Destacamos a centralidade de organizar a luta dos estudantes desde as bases, por EPIs, contra a precarização da educação e os ataques do Congresso que aprovou um novo corte de R$ 1,1 bilhão da educação na Educação, junto ao Senado, pelo Fora Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas. Não podemos esperar 2022 com medidas midiáticas como quer a direção da UNE (PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude), ao que se adapta a Oposição de Esquerda que está na gestão do DCE da UFRN, é urgente um polo anti-burocrático que impulsione a aliança junto aos trabalhadores!

💬 Quer denunciar a situação em seu trabalho ou local de estudo? Mande seu relato para +55 11 97750-9596

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