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Extrema direita | Damares Alves manipula pautas religiosas para atacar os direitos das mulheres

As campanhas eleitorais foram marcadas por pautas e cultos religiosos que na realidade buscam apenas atacar ainda mais as mulheres e crianças. Desde o dia um de governo, Bolsonaro e Damares batalharam arduamente para atacar as mulheres (e seguem fazendo isso!). São as mulheres que sofrem mais com as consequências das reformas, ataques e da miséria que a população foi jogada. Mas também com a retirada de direitos elementares, e perseguição aos nossos corpos, como negando uma pauta histórica como o aborto legal, seguro e gratuito. Basta!

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sexta-feira 14 de outubro de 2022 | Edição do dia

Os resultados do 1º turno dessas eleições nos mostraram que houve um fortalecimento da extrema-direita e do bolsonarismo e como esses setores continuarão sendo uma força social no Brasil e no regime político. A eleição de figuras odiosas como Damares Alves, mas também General Mourão, Sérgio Moro, Ricardo Salles, Tereza Cristina, Marcos Pontes deixa muito claro que a cruzada reacionária do bolsonarismo contra as mulheres e aos setores oprimidos seguirá viva.

Não à toa, as campanhas eleitorais foram marcadas por pautas e cultos religiosos que na realidade servem para atacar ainda mais as mulheres e crianças. Desde o dia um de governo, Bolsonaro e Damares batalharam arduamente para atacar as mulheres (e seguem fazendo isso!). São as mulheres que sofrem mais as consequências das reformas, ataques e da miséria que a população foi jogada. Mas também com a retirada de direitos elementares, e perseguição aos nossos corpos, como negando uma pauta histórica como o aborto legal, seguro e gratuito. Sem contar com o aumento dos índices de violência contra as mulheres, as crianças e LGBTQIAP+ nesses quatro anos de governo.

Damares, recém eleita senadora pelo Distrito Federal, coleciona declarações e absurdos que nos fizeram revirar o estômago - utilizando sempre do fundamentalismo religioso para jorrar ódio contra os oprimidos e “tentar” justificar seus ataques. Ela foi ferrenha na luta contra o direito das mulheres ao aborto e ao próprio corpo. Assinou pelo Brasil a carta contra o direito ao aborto. Buscou impedir meninas vítimas de estupro de abortar, quem se lembra do caso da menina de 10 anos no Espírito Santos? Damares foi a responsável por vazar os dados da menina e do hospital para fundamentalistas religiosos.

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Junto do Ministério da Saúde lançou uma cartilha onde dizia que não existe aborto legal no Brasil, os casos previstos em lei deveriam ser submetidos a “investigação policial”. Ela quis criar uma data comemorativa para os riscos do aborto, ou seja, defender mortes por abortos clandestinos, pois sabemos muito bem quem são as vítimas: mulheres negras e trabalhadoras. E chegou a dizer que sexo não consentido é diferente de estupro para ser contra o aborto, e defender a abstinência sexual como método contraceptivo. A lista de absurdos é grande… Damares também é uma das fundadoras da ONG Aniti - Voz pela vida, que esteve relacionada a casos envolvendo tráfico de crianças indígenas e adoção irregular, mas que a investigação não seguiu.

Nos últimos dias, saiu um vídeo da ex-ministra em um culto religioso falando sobre casos que envolvem tráfico humano, em especial, tráfico infantil, inclusive de recém nascidos, para exploração sexual e estupro. O caso gerou muito repúdio nas redes sociais, pois Damares haveria omitido essa situação absurda. Uma completa demagogia nojenta dita por Damares, que novamente utilizou do fervor religioso com objetivos de campanha política para dizer que ela e Bolsonaro se importariam com essas crianças e mães.

Tudo isso é bem escandaloso e todos esses ex-ministros eleitos de Bolsonaro são representantes do machismo, misoginia, do racismo, da lgbtfobia, da destruição ambiental e dos direitos dos trabalhadores. Nós do grupo de mulheres socialistas, Pão e Rosas, viemos afirmando como o bolsonarismo também é uma reação da extrema direita ao forte movimento internacional feminista dos últimos anos e que desde já precisamos apontar um caminho com a nossa luta organizada nas ruas para responder à altura desses ataques. Temos que mostrar que não vamos aceitar mais ataques e reformas e o controle dos nossos corpos. Por isso lutamos por um feminismo socialista.

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Nesse sentido, a luta contra a extrema direita não permite atalhos, muito menos cabe na conciliação que Lula e o PT fazem, que agora estão juntos de Alckmin e da direita, apoiados por empresários e Biden. Lula disse em últimas declarações que é contra o aborto e pela vida, e como muito bem lembrou Alckmin nos seus anos de governo não legalizou o aborto, na realidade rifaram os direitos das mulheres e aprofundaram os laços com as Igrejas. Agora, mais uma vez tentam conquistar apoio político das Igrejas e a base bolsonarista religiosa, mas rifando nossos direitos e rebaixando seu programa político ainda mais.

O movimento de mulheres precisa se organizar junto às centrais sindicais e as organizações de esquerda para tomar às ruas, e em cada local de estudo e trabalho construir pela base a organização das trabalhadoras e os trabalhadores para lutar contra feminicídio e a violência de gênero, pelo aborto legal, seguro e gratuito garantido 100% pelo SUS, assim como pela separação da Igreja e do Estado. Basta de culto religioso na política! Educação sexual nas escolas e contraceptivos para todes. Pela livre expressão de gênero e sexualidade, e pelo direito a infância! Essas batalhas não estão descoladas da luta pela revogação integral de todas as reformas, a começar pela Trabalhista e da Previdência, e privatizações que atacam ainda mais as mulheres e os oprimidos.

Isso tudo também é parte da luta por um novo mundo que jogue de vez na lata de lixo da história toda forma opressão e exploração que o capitalismo e seus governos têm a nos oferecer, assim como suas Damares e Bolsonaros. Jamais abaixaremos nossas bandeiras e somente a unidade dos trabalhadores e oprimidos, pode gerar a força que é capaz de lutar não somente pelo pão, mas também pelas rosas.




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