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VIOLÊNCIA POLICIAL | Dez anos do assassinato de Jean Charles de Menezes na Inglaterra

quinta-feira 23 de julho de 2015 | 00:00

Nesta quarta-feira completam dez anos desde que o jovem Jean Charles de Menezes foi assassinado a tiros pela polícia ao ser confundido com um terrorista suicida no metrô de Londres, mas sua família ainda luta para que os responsáveis pelo incidente sejam punidos. O assassinato do brasileiro escancarou como a polícia, supostamente não violenta, do Reino Unido é movida pelos mesmos preceitos racistas que suas equivalentes brasileiras ou americanas.

Durante todo esse tempo, a família do brasileiro fez uma intensa campanha para levar à Justiça os autores da tragédia, que causou grande comoção e colocou em cheque o profissionalismo da polícia metropolitana (Scotland Yard).

O jovem eletricista tinha 27 anos quando na manhã de 22 de julho de 2005 foi morto a queima-roupa pela polícia na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres.

Os agentes estavam, alegam, sob forte pressão, pois buscavam os responsáveis pelos atentados malsucedidos do dia anterior contra a rede de transporte londrina e que pretendiam ser uma repetição dos realizados duas semanas antes, no dia 7 de julho, contra três trens do metrô e um ônibus.

A casa de Jean Charles no sul de Londres foi vigiada a noite inteira por agentes que suspeitavam que um dos autores dos atentados do dia 21 de julho morava no local. Quando o brasileiro saiu de manhã para ir ao trabalho, foi seguido pela polícia.

Pelo aspecto físico do eletricista, moreno e de olhos escuros, as forças da ordem o associaram a um suposto terrorista suicida.

Jean Charles chegou à estação de Stockwell enquanto era seguido por dois agentes armados e, ao entrar em um dos vagões, foi atingido por sete tiros na cabeça e um no ombro.

Diante do olhar atônito de outros passageiros, os agentes, que pertenciam à unidade armada de elite CO19, acreditavam ter evitado um novo massacre em Londres.

Em meio à confusão inicial, a polícia afirmou - sem divulgar dados concretos que fizessem os agentes pensarem que Jean Charles era um suposto terrorista - que o jovem usava uma roupa volumosa e que não parou quando os agentes gritaram, fato que pareceu ser falso, segundo investigações posteriores sobre o caso.

Não houve nenhuma vítima nos ataques do dia 21 de julho, mas no do dia 7 morreram 56 pessoas, entre elas os quatro terroristas suicidas, que explodiram as bombas que carregavam em suas mochilas.

Após o caso de Jean Charles, a promotoria decidiu inocentar de responsabilidade criminal os agentes envolvidos.

A polícia metropolitana foi multada em 175 mil libras por não cumprir a Lei sobre Saúde e Segurança no Trabalho, uma ampla legislação trabalhista que exige o cuidado dos funcionários e de terceiros que possam ser afetados no exercício de um trabalho determinado.

Em 2006, a comandante Cressida Dick, a cargo da operação contra o brasileiro, foi promovida a assistente do subcomissário, o que provocou uma forte reação da família, que considerou a promoção como "repugnante".

Em 2009, a Scotland Yard e os parentes de Jean Charles chegaram a um acordo que incluía o pagamento de cem mil libras pelas forças da ordem como indenização. A polícia também já havia repassado recursos para financiar a repatriação do corpo a seu local de nascimento.

Mas a decisão de não processar nenhum dos policiais fez com que a família levasse o caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, que atualmente atende atualmente essa reivindicação.

Esse processo foi apresentado por uma prima de Jean Charles, Patricia Armani da Silva, e a expectativa é que o tribunal divulgue sua decisão nos próximos meses.

O racismo do caso é evidente e mostra uma cara “menos democrática” do imperialismo inglês do que o mesmo propaga. À esquerda brasileira mostra como alguns de seus modelos de polícia “comunitária”, “desarmada”, não existe, e mesmo em imperialismo como este a polícia caça os negros, com desculpas de terrorismo ou outras.

EFE/Esquerda Diário




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