Neste ano em que se completam 82 anos do assassinato do revolucionário russo Leon Trótski pelas mãos do agente espanhol Ramón Mercader, a mando de Stálin, as Edições Iskra lançam novos dois títulos da Coleção Obras Escolhidas Leon Trótski: O Programa de Transição e A Revolução Traída, dois títulos que apresentam uma parcela das principais elaborações deste que foi um dos maiores defensores do marxismo revolucionário de todos os tempos.
Seu assassinato por parte da contrarrevolução stalinista foi motivado pelo fato de ser um gigante personagem que poderia causar sérios problemas para os imperialistas e os stalinistas, que sabiam que a Segunda Guerra Mundial seria parteira de novas revoluções. Trótski é a cara do marxismo revolucionário no século XX, e as Edições Iskra trazem estes novos títulos para defender o seu legado e a atualidade do marxismo revolucionário também nos dias de hoje.
Ao lado de Lênin, Trótski foi indiscutivelmente um dos principais dirigentes da Revolução Russa de 1917, a maior conquista da classe trabalhadora mundial no caminho para a superação do capitalismo e, com ele, de todas as sociedades de classes, baseadas na exploração e opressão.
Seu nome, como dirigente do Exército Vermelho, dirigente da Oposição de Esquerda e, mais tarde, fundador da IV Internacional, se coloca legitimamente como o nome da continuidade do marxismo revolucionário. Tendo visto e analisado processos tão distintos como a ascensão de Hitler na Alemanha, a revolução e guerra civil espanhola, a organização dos negros nos EUA, a luta anticolonial na África e na Ásia e o início da Segunda Guerra Mundial, até ser brutalmente assassinado por um agente stalinista em 1940 no México, a contribuição de Trótski é decisiva para pensarmos uma estratégia internacionalista para o século 21.
O Programa de Transição: o Manifesto Comunista do século XX
Com o Programa de Transição, escrito em 1938 e adotado pela Quarta Internacional, Trótski sistematiza um método de formulação do programa que tem largos antecedentes no movimento revolucionário e que a Terceira Internacional começou a esboçar em seus primeiros congressos.
O método transicional visa acabar com a velha divisão entre o que, no jargão da Segunda Internacional, era chamado de “programa mínimo” (consignas que, por si só, não questionam a propriedade capitalista, como aumento de salários, direitos trabalhistas, demandas democráticas feitas direitos políticos ou civis etc.) e “programa máximo”, referido à revolução socialista. Essa divisão é indissociável da própria trajetória da Segunda Internacional, que acabaria relegando o “programa máximo” a um futuro indeterminado e à propaganda, enquanto a prática e a agitação cotidiana se limitava ao “programa mínimo”, uma série de reformas nos limites estabelecidos pelo regime capitalista.
O método utilizado por Trótski, que poderíamos chamar de “transicional”, busca estabelecer uma ponte entre a luta imediata pelas demandas mínimas e democráticas e a luta pelo poder da classe trabalhadora com o papel fundamental das chamadas consignas “transicionais”. O objetivo é articular na luta política, na agitação e, se a situação permitir, na própria ação, as lutas imediatas com a perspectiva de um governo dos trabalhadores e do socialismo. Nas palavras de Trótski, este programa “partindo das condições atuais e da consciência atual de amplas camadas da classe trabalhadora, deve levar a uma única e mesma conclusão: a conquista do poder pelo proletariado”.
O Programa de Transição pode ser considerado como o Manifesto Comunista do século XX, no sentido de que foi o texto chave para o rearmamento programático, político e estratégico do movimento revolucionário da classe trabalhadora, assim como o Manifesto foi no século 19.
A Revolução Traída
Como escreveu I. Deutscher, “A Revolução Traída ocupa um lugar especial na obra literária de Trótski. Foi o último livro que conseguiu terminar e, em certo sentido, foi seu testamento político. Nele apresentou sua análise definitiva da sociedade soviética e um exame da história dessa sociedade até meados da era de Stálin.”
O rigor materialista e dialético de Trotski lhe permitiu prever, com 55 anos de antecedência, que caso não houvesse uma revolução política que restabelecesse o controle político dos operários sobre o Estado deles, a própria burocracia stalinista é quem restauraria o capitalismo na URSS.
Em A Revolução Traída, Trótski apresenta uma visão objetiva do caráter do Estado operário, da situação da burocracia stalinista e da necessidade de uma revolução política que derrubasse o regime burocrático, mantendo as bases do Estado operário e as relações de propriedades conquistadas, ou seja, defendendo as conquistas da revolução e recolocando no poder a classe operária russa na luta pela revolução internacional como única forma de avançar ao socialismo.
Neste atual estágio de declínio imperialista, com um aprofundamento inédito da crise econômica, política, social, sanitária e ambiental, este livro oferece a síntese mais avançada do pensamento revolucionário.
Sobre as edições
Nessa nova edição de O Programa de Transição, teremos o prefácio de Matías Maiello, coautor ao lado de Emilio Albamonte do livro Estratégia Socialista e Arte Militar, do IPS-CEIP.
A edição contará com diversos artigos sobre o programa da IV Internacional:
A edição de A Revolução Traída contará com os seguintes textos:
ANEXOS
Outros escritos:
NOTAS
Os dois títulos estão em pré-venda na plataforma Catarse: www.catarse.me/trotski.
A previsão de publicação das obras foi adiada para nov./dezembro deste ano.
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