Relatório da ONU aponta para situação alarmante da fome no Brasil, que se intensificou na pandemia e no governo Bolsonaro. O governo Lula/Alckmin cortou beneficiários do Bolsa Família e aprovou o Arcabouço Fiscal, uma política de ajustes neoliberais que descarrega a crise nos trabalhadores e setores oprimidos, ao mesmo tempo que demagogicamente promete políticas públicas para combater a fome.
quarta-feira 23 de agosto de 2023 | Edição do dia
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O relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI) foi publicado por cinco agências especializadas da ONU: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP). O relatório traz dados alarmantes também sobre a fome no mundo. 735 milhões de pessoas passam fome grave no mundo e 2,3 bilhões, 29,5% da população mundial vive a insegurança alimentar.
A fome, no entanto, não é causada por uma crise na produção de alimentos. As lideranças das agências afirmam que o mundo continua produzindo alimentos suficientes para alimentar toda a população mundial. Por que a comida não chega para todos então? A resposta pode ser resumida em uma palavra: capitalismo. Porém, esta única palavra guarda a complexidade de um sistema econômico irracional em que a produção está em função do lucro e assim, toneladas de alimentos são jogados fora, perdem a validade ou apodrecem em nome do enriquecimento de poucos. Fora toda uma indústria agroquímica de ultra processados que não tem nutrientes suficientes e ainda causam doenças.
O alerta do relatório da ONU, no entanto, coloca como saída a emergência de políticas públicas para o combate à fome que está muito abaixo das expectativas de erradicação até 2030. Políticas públicas dentro do próprio regime capitalista que promove a fome não passam de palavras ao vento. A emergência, em verdade, é a própria superação deste regime degradado e apodrecido que só tem a oferecer miséria e precarização do trabalho às classes baixas.
A única classe capaz de erradicar a fome no Brasil e no mundo é a classe que tudo produz, organizada para tomar em suas mãos as indústrias de alimentos em aliança com os trabalhadores do campo e a juventude. Sem ilusões com governos de conciliação e de frente ampla, como o governo Lula/Alckmin que, neste cenário de fome, cortou o Bolsa Família de milhares de famílias alegando irregularidades e aprovou nesta terça-feira (22) o Arcabouço Fiscal, que é o novo teto de gastos para continuar garantindo um fluxo de trilhões de reais de dinheiro público para as mãos dos grandes empresários e banqueiros por meio da dívida pública.
A frente ampla, a política de conciliação e o famoso "toma lá da cá", são os elementos que abrem espaço para a extrema direita, o mal menor só tem em perspectiva uma mal cada vez maior, é preciso uma esquerda independente e consequente. Os sindicatos, entidades estudantis, os movimentos sociais e organizações e os partidos políticos de esquerda no Brasil hoje, em sua ampla maioria, dirigidos por grandes centrais sindicais como a CUT e a CTB, mas também o PSOL que está no governo de conciliação com a direita cumprindo um papel de diálogo na lógica no mal menor, precisam romper com as políticas neoliberais levadas à frente, tal como o Arcabouço Fiscal e levantar uma ampla mobilização politicamente independente do governo. A saída contra a miséria e a fome, o desemprego e a precarização passam por um plano de lutas contra o novo teto de gastos e, junto com povos originários, camponeses, trabalhadores do campo e da cidade e a juventude, contra o Marco Temporal que está em vias de ser aprovado também para agradar os latifundiários e o agronegócio. Somente a nossa classe pode apontar um caminho de independência e unidade para fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise!
