Bolsonaro já deixou claro inúmeras vezes sua submissão ao imperialismo estadunidense, mas, na assembleia da ONU, resolveu ser mais claro e se declarou ao presidente Trump: “Eu te amo”, disse Bolsonaro, recebendo uma expressiva resposta: “Bom te ver de novo”.
quinta-feira 26 de setembro de 2019 | Edição do dia
O mundo assistiu constrangido ao desfile de barbáries, algumas diretamente delirantes, do discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU. Mas não terminaria ali o “show” do reacionaríssimo ex-capitão na Assembleia Geral das Nações Unidas: ele sentiu a necessidade de procurar seu “chefe”, o reacionário presidente estadunidense Donald Trump, para expressar com todas as letras o seu desejo mais íntimo, para além do seu papel como chefe de Estado, de se mostrar submisso e dócil ao líder imperialista.
A cena ocorreu após o discurso do brasileiro e antes do pronunciamento de Trump, e foi testemunhada por diversos jornalistas, na sala GA-200 do edifício da ONU. Ali, Bolsonaro se dirigiu a Trump e disse abertamente: “I love you” (eu te amo), no que foi respondido prontamente com um “Nice to see you again” (bom te ver de novo).
O “viralatismo” de Bolsonaro não conhece limites, e ele demonstra em toda oportunidade que para ele o “reconhecimento” de Trump (que na prática é o reconhecimento de um mestre frente a um lacaio) expressa a mais alta honraria. Não à toa, Bolsonaro fez questão de postar um vídeo em seu perfil do Facebook agradecendo a “consideração” de Trump e mostrando como ele, o ex-capitão, é “importante” por ter apertado a mão de Trump:
Por trás – e não muito por trás, talvez mais ao lado mesmo – do discurso ufanista e patriótico de Bolsonaro está o mesmo ânimo que hegemonizou os governos militares da ditadura brasileira: o desejo de servir, obedientemente, aos ditames dos Estados Unidos, um imperialismo que sempre considerou o Brasil como parte de seu “pátio traseiro” e se satisfaz enormemente com governos submissos como os de Bolsonaro. Trump, em particular, deve se deleitar com a voluntária auto-humilhação pública do presidente brasileiro, que, ultrapassando qualquer subserviência econômica e política, chega às raias de uma satisfação masoquista em declarar não apenas sua fidelidade política canina, mas também seu louco amor bandido pelo presidente estadunidense.