Os professores vinham ameaçando entrar em greve no caso do retorno das aulas das escolas do estado em plena pandemia. Mostrando sua cara antioperária, o judiciário criminaliza a greve, impondo multa diária de 100 mil reais por dia de greve ao sindicato.
terça-feira 20 de outubro de 2020 | Edição do dia
Em plena pandemia no país com o segundo maior número de mortos, o governo de vários estados resolve retornar às aulas, expondo alunos, pais, professores e outros trabalhadores ao contágio. Apesar de dizer que as escolas vão seguir os protocolos sanitários e de distanciamento social, isso é uma mentira como nós sabemos.
No estado de Pernambuco, o retorno da rede estadual tá previsto para amanhã em algumas turmas. Essa data se dá após vários adiamentos frente à resistência dos professores que ameaçaram entrar em greve. Frente à manutenção da data de retorno para amanhã uma greve já tinha sido convocada.
No entanto, o governador Paulo Câmara dessa vez conta com aliados para impor seus planos contra os trabalhadores: o judiciário. O desembargador do TJPE Fábio Eugênio Lima decidiu dobrar a multa - que ele mesmo já tinha emitido - ao Sindicato de Trabalhadores de Educação em Pernambuco (SINTEPE) em caso de greve. Com a decisão, o valor ficaria em 100 mil por dia.
Nós do MRT e do Esquerda Diário rechaçamos fortemente esse ataque ao direito de greve dos trabalhadores e defendemos que a decisão de voltas às aulas - tanto a data como as condições - deve ser tomada pelos professores e pela comunidade escolar.
Esse episódio mostra que também não podemos nutrir nenhuma confiança no judiciário. Tanto Bolsonaro, quanto os governadores e o judiciário, apesar de seus eventuais atritos, se unem quando o objetivo é atacar os trabalhadores. Do mesmo modo que Toffoli abraça Bolsonaro selando seu pacto pelas reformas, os judiciários locais criminalizam os trabalhadores para garantir os planos de reabertura sem critério sanitário.