Melo proibe churrascos nos terminais de ônibus e culpa rodoviários pela precarização do transporte em Porto Alegre, enquanto sucateia e privatiza sustentando, com dinheiro público, os empresários do transporte.
segunda-feira 23 de outubro de 2023 | Edição do dia
Na terça-feira, 17 de outubro, a Gerência de Fiscalização de Transportes da EPTC de Porto Alegre soltou um ofício às empresas de transporte público de Porto Alegre, proibindo a realização dos churrascos que rodoviários eventualmente faziam nos terminais enquanto forma de socialização, mesmo que esses trabalhadores sempre tenham se organizado para que as pessoas que fizessem o churrasco não fossem rodoviários em horário de trabalho, para não prejudicar o serviço. A EPTC justifica dizendo que, diante das várias reclamações da população sobre o transporte público, esses churrascos poderiam gerar “má impressões”.
A decisão da EPTC, a mando de Melo, de proibir churrascos nos terminais de ônibus e culpar os rodoviários por problemas no transporte público em Porto Alegre é de um cinismo sem fim. Em vez de direcionar a atenção para questões reais, como a manutenção deficiente dos ônibus, a falta de ar-condicionado no calor escaldante do verão, elevadores para pessoas com deficiência que frequentemente estão fora de serviço e portas que não funcionam, a gestora do transporte parece buscar bodes expiatórios.
Os verdadeiros culpados pelo caos no transporte público são aqueles que priorizam os lucros dos empresários em detrimento da qualidade do serviço prestado à população. O prefeito, ao invés de responsabilizar os rodoviários que operam sob condições precárias, deveria focar em garantir que as empresas privadas de transporte cumpram com os padrões necessários para oferecer um serviço de qualidade com pontualidade, conforto e segurança, e dar condições para a Carris poder fazer o mesmo.
A proibição de churrascos nos terminais é uma medida que vem apenas para tentar mascarar os reais problemas do sistema de transporte público de Porto Alegre. Em vez disso, é crucial que a EPTC concentre seus esforços em melhorar a infraestrutura, a manutenção e a fiscalização, garantindo que os rodoviários tenham condições de trabalho e que os cidadãos tenham um transporte público digno e eficiente. É hora de direcionar as críticas para as verdadeiras raízes dos problemas e não para os trabalhadores que sofrem as consequências de uma gestão comprometida com o interesse único dos patrões, os barões do transporte público. Por isso é necessário que rodoviários, trabalhadores, passageiros e estudantes controlem e administrem o sistema de transporte 100% público.
