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Greve unificada SP | Metroviários dão grande exemplo de luta em greve unificada contra as privatizações de Tarcísio

Dia 28/11 foi marcado por uma grande luta contra as privatizações em SP orquestradas pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Contra o discurso do governador, que diz que está fazendo “apenas estudos” sobre a privatização em SP, se escancarou a verdade com a greve unificada do Metrô, CPTM e Sabesp, que mostrou à população os objetivos de Tarcísio: quer vender empresas públicas para garantir os lucros dos grandes empresários. O que chamou atenção foi a enorme adesão dos metroviários à greve, mostrando mais uma vez a firmeza impressionante na luta, ainda mais frente a um nível absurdo de assédio, ameaças e intimidação que receberam de Tarcísio e do Metrô de SP.

quinta-feira 30 de novembro de 2023 | Edição do dia

Os trabalhadores lutam pela defesa dos serviços públicos para a população que já sofre todos os dias com as privatizações, como com as inúmeras falhas de trens das linhas privatizadas da CPTM e a falta de luz e altas tarifas sob responsabilidade da Enel, por exemplo, e que agora querem avançar para privatizar a Sabesp e demais estatais. Tarcísio de Freitas protege os interesses e lucros dos bilionários que compram essas empresas, e prova disso é o fato das linhas privatizadas receberem 4 vezes mais dinheiro do bilhete único transportando menos da metade dos passageiros comparado às linhas estatais, enquanto estas ficam sem verbas.

Diferente do discurso de “estudos” da privatização, Tarcísio busca aprovar ainda neste ano a privatização da SABESP, e no Metrô quer terceirizar, com pregões em curso, o atendimento aos passageiros nas estações e a manutenção de trilhos da Linha 15 Prata, ambos ataques que os metroviários vêm respondendo com muita luta. Por isso o governo tentou golpear a categoria metroviária com demissões de 8 trabalhadores, dentre eles o vice-presidente e diretores do Sindicato, e por isso encaramos como prioridade da luta a readmissão destes companheiros demitidos por lutarem contra a privatização.

Apesar de na última semana não terem sido poucas as medidas antissindicais, de assédio e ameaças de punição individual àqueles que aderissem à greve feitas pelo Metrô e Tarcísio antes e durante a greve, os trabalhadores mostraram no dia 28/11 forte unidade na luta e uma greve extremamente potente com mais de 90% de adesão, mostrando que os metroviários não vão se intimidar, nem aceitar as demissões. Sem contar com o blefe de que 4 mil policiais militares estariam nas linhas de Metrô e trem para reprimir a greve, o que acabou não acontecendo.

O apoio da população às greves e luta contra as privatizações também se mostrou presente com o apoio recebido nos dias anteriores em algumas estações de Metrô, e também nas redes sociais, e se expressou em enquete online organizada pela UOL https://esquerdadiario.com.br/Enquete-do-UOL-mostra-que-populacao-e-a-favor-da-greve-apesar-da-midia-burguesa, e também de juristas

Veja também: Juristas demonstram como Tarcísio e mídia privatista mentem sobre a greve em SP ser ilegal

Em coletiva de imprensa no dia, o governador de extrema-direita e os presidentes das estatais deixaram claro seus objetivos de isolar os metroviários na batalha contra as privatizações, dizendo que os metroviários “é que são o problema”, com maior peso na greve. Ao contrário, batalhamos pela unidade da nossa classe na luta, e por isso chamamos as centrais sindicais e direções dos demais sindicatos a não ser coniventes com essa política e desmentir na prática o governador, mostrando que nossa luta foi e é unificada e que os metroviários contam com toda sua solidariedade, pois todas as categorias estão juntas contra a privatização, e precisam estar juntas contra qualquer punição que possa vir aos metroviários.

Sindicatos como a Apeoesp, dirigido pela CUT, precisam colocar seu peso nesta campanha democrática contra as ameaças de punições, peso este que não se viu por parte da direção majoritária da Apeoesp ontem no dia de greve unificada, pois esse sindicato disse que iria se incorporar e não organizou os professores desde a base para que realmente se unificassem à greve. Com a disposição de luta que os trabalhadores demonstraram para derrotar as privatizações, se as direções se colocassem a construir efetivamente esta luta, poderia ter ainda mais força para derrotar a política privatista de Tarcísio.

Veja aqui a intervenção da companheira Maíra Machado, do Nossa Classe, coordenadora da subsede de Santo André da Apeoesp, no ato durante a greve, se colocando junto aos metroviários contra as ameaças de punição feitas por Tarcísio:

Foi uma luta muito forte, com uma grande paralisação dos metroviários, apesar dos limites impostos pela burocracia dos sindicatos. Consideramos que a experiência mostrou que nossa luta pode ser ainda mais forte com medidas como a criação de comandos de greve formados por representantes eleitos na base, apontando para um comando unificado das categorias em luta, e com assembleias, inclusive unificadas, que permitam à base decidir sobre a duração da greve e todas as questões referentes aos rumos da luta, como já viemos defendendo nas assembleias dos metroviários.

Na luta contra Tarcísio e a privatização, a classe trabalhadora mostra que é ela que pode derrotar os ataques e a extrema direita, com a qual o governo de frente ampla Lula-Alckmin pactua. Exemplo disso é a declaração do Ministro de Portos e Aeroportos de Lula, Silvio Costa Filho (Republicanos), que afirmou que “Lula e Tarcísio estão em sintonia”, se referindo a “parcerias” como a que vai destinar os recursos do PAC para projetos envolvendo a privatização de linhas de metrô e trem em SP. Não somente este é um exemplo, mas também o fato de que Lula mantém no PND (Plano Nacional de Desestatização) os Metrôs de administração federal, como em Recife, e avalizou a privatização do Metrô de BH no início do ano. Tudo isso mostra o quanto a conciliação de classes fortalece a extrema direita.

Por isso é preciso construir uma mobilização que seja independente dos governos, esse é o único caminho para barrar esses ataques. Frente a essa enorme luta contra as privatizações, as direções dos sindicatos não podem conter seu desenvolvimento, subordinando essa disposição de luta que vimos nas últimas paralisações à dinâmica da ALESP. Ao contrário, a atuação dos parlamentares de esquerda precisa ser um instrumento para impulsionar a mobilização - e por isso mesmo viemos chamando parlamentares, e figuras como Boulos, a colocarem seu alcance em apoio à luta, e abrirem suas tribunas parlamentares para que os demitidos denunciem as medidas do Metrô e os trabalhadores expressem sua luta. E também é preciso que as centrais sindicais convoquem assembleias para construir um plano de lutas, ainda mais considerando que as greves dos últimos meses mostraram que teria sido possível uma greve geral contra Tarcísio se as direções das maiores centrais sindicais quisessem.

A força demonstrada pelos trabalhadores nesse dia de greve unificada impactou o governo Tarcísio e conquistou mais apoio da população, impedindo o governo de jogar a população contra os trabalhadores com sua demagogia, deixando Tarcísio numa situação mais difícil para avançar com seus planos privatistas. Neste momento é necessário aproveitar esse ponto de apoio para seguir avançando em nossa luta, fortalecendo a mobilização para barrar a privatização, a terceirização e reverter as demissões.




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