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FUTURO DOS CORREIOS? | Nos Correios, Temer e Guilherme Campos querem roubar até as férias

Além da Reforma Trabalhista e da terceirização irrestrita pesando sobre nossas cabeças, nos Correios o homem de Temer, Guilherme Campos, ameaça direitos básicos, o plano de saúde e suspende até as férias dos trabalhadores.

quinta-feira 23 de março de 2017 | Edição do dia

Foto: Elza fiúza/ABr

O governo Temer e o presidente dos Correios, Guilherme Campos, aceleraram o script do desmanche privatista da empresa, que está em curso desde o governo Dilma. Nos primeiros meses do ano, a empresa já anunciou a intenção de demitir sem justa causa (atacando uma conquista histórica, a estabilidade), segue irredutível no projeto de cobrar mensalidades no plano de saúde, disse que fechará 250 agências, fechou milhares de postos de trabalho com seu plano de incentivo a demissões, mas a lista não para de crescer.

As novidades dessa semana são a suspensão de contratos temporários (os chamados MOTs, que são trabalhadores terceirizados e temporários, realizam a mesma função, porém com um contrato precário) e até mesmo a suspensão das férias. Isso mesmo. A partir de maio, os trabalhadores só poderão tirar férias quando o período de concessão estiver prestes a vencer.

Quem parcelou uma viagem, por exemplo, tendo em vista os períodos planejados no local de trabalho, pode ter um grande prejuízo. Essa prática de deixar as férias quase vencendo é comum em empresas terceirizadas, e vai dando o tom do modelo de gestão que se busca.

Por outro lado, não corresponde sequer as necessidades do trabalho, já que naturalmente é mais fácil organizar as férias por unidade, de forma a satisfazer os trabalhadores e manter o efetivo necessário.

O futuro do Convênio médico vem sendo uma verdadeira queda de braço entre a patronal e os trabalhadores há pelo menos 5 anos, com direito a escândalos de corrupção por parte dos gestores do Postal Saúde, e respondido com greve e mobilização por parte dos trabalhadores. Num pais cuja saúde pública é calamitosa e em uma categoria repleta de pessoas lesionadas física e psicologicamente devido as condições de trabalho, obviamente esse benefício ganha importância vital, e a possibilidade de perdê-lo tira o sono de muitos. Com o salário muito abaixo do que o mínimo do DIEESE, qualquer mensalidade que seja estabelecida significará uma corrosão ainda maior no orçamento das famílias.

O incentivo a demissões voluntárias tem sido frequente nos últimos anos, e ganhou um novo impulso após a proposta da reforma da previdência. A grande quantidade de aposentadorias somada ao congelamento dos concursos públicos significa diminuir cada vez mais postos de trabalho, sendo que a função dos trabalhadores que deixam a empresa vem sendo jogadas nas costas dos demais, e, assim, aumentando ainda mais sobrecarga de trabalho.

Com agências lotadas, grande volume de postagens, em especial de encomendas, levando a longas filas de espera, é difícil acreditar que a empresa realmente esteja no vermelho. Somente no seguimento de e-commerce foi divulgada uma receita que corresponde a 100% da meta para 1016, sendo contabilizados R$6,32 bilhões. E é mais difícil ainda acreditar que a solução é diminuir ainda mais as agências. Essa conta só faz algum sentido matemático quando se olha para as agências “franqueadas”, agências terceirizadas onde os trabalhadores têm menos direitos, podem ser demitidos a qualquer momento e onde um empresário, normalmente apadrinhado político dos corruptos da ordem, leva uma parte dos lucros sendo que realiza o mesmo serviço que se faz nas agências próprias, onde a receita estaria entrando para a própria ECT.

Por isso, uma das exigências mais importante que nossa categoria deve levar como pauta de reivindicação nas greves e mobilizações é a abertura das contas dos Correios, para desmascarar o discurso da falta de dinheiro de Guilherme Campos e colocar a categoria confiante para lutar por nossos direitos.

Muitos governos já mostraram que não tem nenhuma responsabilidade para com a qualidade dos serviços prestados pelos Correios, bem como com seus trabalhadores que se esforçam ao máximo para atender a população. Ao contrário, o objetivo destes é transformar em uma empresa obseleta, ultrapassada, com trabalho precário para seu quadro de funcionários, e péssimo serviço para seus clientes.

Enquanto isso privatiza os seguimentos mais lucrativos. Mas não podemos nos enganar, a privatização tampouco irá melhorar. Na realidade a privatização é o passo seguinte desse mesmo plano.

Por isso a conclusão que devemos tirar é que os únicos realmente interessados em que os Correios melhorem, tanto em seus serviços prestados quanto para se trabalhar, são os próprios trabalhadores que o mantém funcionando dia após dia e a população que utiliza de seus serviços. Logo, para impedir o fim trágico dos Correios, devemos lutar para que sua gestão seja feita pelos próprios trabalhadores junto da população.

Num momento em que a terceirização irrestrita acaba de ser aprovada pelos deputados, e a Reforma da Previdência segue ameaçando o futuro da maioria dos trabalhadores, não podemos entender os ataques da ECT de forma isolada, como se fossem apenas fruto de uma gestão cruel ou de uma “crise” misteriosa que simplesmente cai sobre nossas cabeças. Desde o golpe institucional, que denunciamos fortemente mesmo sem nunca ter depositado confiança alguma nos governos petistas, e mesmo antes, o que vemos é uma tentativa desesperada dos empresários e governantes de aumentar e muito as formas de exploração para garantir seus lucros e privilégios.

O dia 15/03, quando muitos setores de trabalhadores paralisaram suas atividades contra a Reforma da Previdência foi uma importante demonstração de forças. Mesmo tendo sido uma paralisação parcial, já mostrou que quem faz o país andar são os trabalhadores, e se nos organizarmos, os rumos do país estão em nossas mãos. Não foi a toa que os setores mais mobilizados neste dia, que inclusive estão em meio a uma luta nacional no caso de professores estaduais e municipais, foram tirados da atual reforma, numa clara tentativa de dividir as categorias.

Mais do que nunca, precisamos organizar uma forte greve, contra o governo Temer, Guilherme Campos e todos esses senhores que nos querem fazer pagar sua crise. Contra os ataques nos Correios, contra a terceirização e contra a Reforma da Previdência, buscando a auto-organização para superar as possíveis traições de direções sindicais burocráticas e a unificação com todas as categorias.




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