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Metrô de SP | Nossa greve mostrou uma força enorme: para barrar as terceirizações é preciso retomar a greve dia 9/10 com auto-organização na base!

A greve unificada do dia 3 de outubro que fizemos junto com os trabalhadores da CPTM e da Sabesp mostrou uma grande força. Nossa categoria em particular teve uma adesão histórica de quase 100%, derrotando as tentativas do Metrô de furar a greve com os planos de contingência que fracassaram. A população mostrou enorme apoio, mesmo com a imprensa tentando demonizar a greve. E o governador Tarcísio foi desmascarado ao vivo: enquanto dizia que as privatizações garantiam serviço de qualidade e segurança, a Linha 9 Esmeralda da CPTM teve mais uma pane, colocando a população em risco, como acontece toda semana, mostrando o que é a privatização. Isso deixa claro como nossa greve é em defesa da população, e que somos nós que estamos preocupados com os usuários, e lutando para que a população não sofra ainda mais com superlotação, acidentes, falta de água e aumento das tarifas. Frente à manutenção dos fortes ataques privatizantes de Tarcísio no Metrô, precisamos retomar a greve dia 9/10!

quinta-feira 5 de outubro de 2023 | Edição do dia

A terça-feira de luta operária e estudantil fez SP tremer. Isso porque, ao mesmo tempo em que estávamos em greve, também os trabalhadores da USP estavam em greve, os trabalhadores do Aeroporto de Guarulhos, os trabalhadores da Embraer e milhares de estudantes da USP e da Unicamp em greve. Só não vimos uma greve geral em São Paulo porque as direções das grandes centrais sindicais não organizaram um plano de lutas concreto, porque disposição havia de sobra. No dia seguinte, a tão elogiada ViaMobilidade de Tarcísio mostrou novo desastre agora em Osasco: o teto desabou ameaçando causar uma nova tragédia.

Mas sempre soubemos que para derrotar o histórico plano de privatização de Tarcísio uma greve de um dia não seria suficiente. É a primeira vez que um governador de São Paulo lança um plano de guerra tão audaz contra os trabalhadores e o povo pobre: privatizar os bastiões do serviço público como a água, o metrô e os trens. Para tal façanha, Tarcísio se apoia na política e em medidas concretas também do governo Lula-Alckmin, que recém incorporou o Republicanos, partido de Tarcísio, em seu ministério, aprovou o Arcabouço Fiscal que libera do teto as verbas investidas em privatizações e PPPs, e anunciou que Lula lançará o PAC em São Paulo com um acordo com Tarcísio para investir R$10 bilhões do BNDES nas obras de privatização de Tarcísio, incluindo a Linha 2 do Metrô e o trem para Campinas.

Ao mesmo tempo, Tarcísio avançou em uma linha dura contra nosso direito de greve. É feroz para falar em punir os trabalhadores, e bem manso frente à responsabilidade da CCR pelas falhas que colocam em risco a vida da população. Ameaçou, junto com o presidente do Metrô, Castiglioni, punir os lutadores e Sindicato, algo que não podemos aceitar, e que precisamos barrar com nossa luta.

Por tudo isso, desde o começo nós do Nossa Classe Metroviários apontamos a necessidade de não pré-determinar que nossa greve seria de apenas um dia. E mais do que isso, que a decisão sobre a continuidade ou não da greve unificada deveria se dar em uma assembleia unificada onde todas as categorias em greve pudessem discutir, e a base decidir os rumos da sua luta, a partir de avaliar o impacto da nossa greve conjunta. Essa proposta de chamado dos metroviários aos trabalhadores da SABESP e da CPTM foi aprovada por maioria em assembleia, apesar da defesa contrária das correntes majoritárias da Diretoria do Sindicato dos Metroviários (Resistência-PSOL e PSTU), que depois boicotaram essa proposta de forma deliberada, não divulgando publicamente o chamado, o que impediu que ele sequer chegasse aos trabalhadores das outras categorias, por medo de incomodar as direções burocráticas dos demais sindicatos, da UGT, CUT e CTB.

Ainda assim teríamos a possibilidade de na nossa assembleia dos metroviários, categoria que foi vanguarda na própria greve unificada, se apoiando na enorme força da greve manter a nossa greve por mais de 24h, no dia 4, com um forte chamado à CPTM e a Sabesp, e também às outras categorias, pensando inclusive medidas de unidade com a greve dos estudantes da USP e outros setores, aproveitando a adesão histórica da nossa categoria, o forte apoio popular, e a debilidade do governo diante da crise escancarada pela falha da Linha 9 da CPTM. Se a terceirização do atendimento nas estações será feita com o pregão no dia 10/10, e nossa greve estava ocorrendo com tanta força, apoio, e debilidade do governo no dia 3/10, esse era o momento mais favorável para seguir a greve e barrar esse ataque, por isso defendemos essa posição. Infelizmente, quase todas as demais correntes da diretoria do sindicato, como a Resistência-PSOL e o PSTU, que cada vez mais atuam como um bloco dentro da Diretoria, e também a CST, junto com as correntes da burocracia que estão na oposição, como PT, PCdoB e UP, atuaram todas defendendo a suspensão da greve. Essa defesa, combinada com toda a política anterior contra a assembleia unificada ou qualquer outra possibilidade de continuidade da luta em unidade - que se expressou como vontade da maioria dos metroviários -, levaram ao resultado da votação de suspensão da greve.

E é somente isso que explica também o resultado da votação seguinte, sobre o indicativo de greve na próxima semana. Depois de defenderem com força que a greve não deveria seguir mesmo com a força que tinha e com a primeira terceirização marcada para o dia 10, as mesmas correntes da diretoria, com a Resistência-PSOL e o PSTU à frente, junto com PT, PCdoB e UP, terminaram por levar adiante o que, na prática, coloca o risco de desmontar a mobilização, o que não podemos deixar que aconteça. Apresentaram na segunda votação, ao invés de uma única proposta de nova greve, duas propostas de greve em dias diferentes. Além disso, diferente da formulação que foi aprovada na assembleia presencial, incluíram uma terceira proposta, “Não realizar nem assembléia nem greve” - uma proposta que não foi apresentada por ninguém, deixando os votos a favor do indicativo de greve na semana que vem divididos, orientando os trabalhadores que eram a favor da continuidade da greve no dia 4 a se abster nessa segunda votação. Não havia obrigatoriedade de incluir essa proposta (diferente da assembleia anterior, não se tratava de uma votação de greve, somente de um indicativo, com nova assembleia para fazer a votação decisiva), muito menos sem aprovação da assembleia presencial e num encaminhamento com divisão de votos, e muito menos ainda havia motivo para incluir “não realizar assembleia”.

Depois de serem contra o chamado a Assembleia Unificada, depois de serem contra a continuidade da greve, depois de proporem nova greve em datas separadas para dividir a categoria não é de se espantar que a categoria diante de tamanha vacilação, e com a divisão dos votos da maioria da categoria - que foi favorável à greve na semana que vem - nas propostas dos dias 9 e 10, tenha tido uma votação expressiva (mas, ainda assim, não majoritária) “contra a greve e contra nova assembleia”. Toda essa política, tanto nas últimas semanas como na assembleia, que vacila diante da força da categoria, tira dos trabalhadores a possibilidade de decidir por levar adiante sua enorme disposição de luta da melhor forma, com mais força e unidade, deixando parte da categoria se sentindo num beco sem saída. Isso gera um risco de desmobilização que não podemos permitir!

Diante deste resultado nós do Nossa Classe Metroviários soltamos no próprio dia 3, de imediato, uma declaração defendendo a necessidade de uma Nova Assembleia urgente para que a força dos metroviários que se expressou na nossa greve não fosse dissipada por uma política vacilante e divisionista das correntes majoritárias da Diretoria do Sindicato e da oposição da burocracia. Também alertamos a categoria: nenhuma confiança na demagogia da “Oposição Cutista” que tem a UP como testa de ferro da burocracia do PT, nem no PCdoB/CTB, que eram maioria no nosso Sindicato na gestão anterior, e que agora de forma oportunista tenta aparecer como mais “combativa”, mas tem uma política contra a mobilização, de divisão das categorias, que se expressa na direção dos demais sindicatos que a CUT e CTB dirigem, e das demais centrais sindicais.

É preciso agora construir a Assembleia que finalmente a Diretoria convocou para hoje, 5/10, e consideramos fundamental a participação de todos e todas trabalhadoras para retomarmos a greve com todas as nossas forças. Fizemos uma greve potente, podemos ir por mais, temos uma privatização para derrotar! E um ataque imediato para barrar, com a primeira privatização marcada para o dia 10, que deixa clara a mentira de Tarcísio quando diz que está somente “fazendo estudos”.

Por isso defendemos hoje: greve no dia 9! Precisamos definir nosso plano de luta com medidas de mobilização a partir de já! Setoriais em todas as áreas! Retomada dos coletes! E precisamos fazer um forte chamado a unificar com as outras categorias! Exigir das direções dos demais sindicatos e centrais a organização de assembleias para a base decidir sobre a retomada da luta unificada! E para levar nossa greve com a maior força possível, é preciso avançar na auto-organização dos metroviários pela base, por isso viemos propondo a necessidade de um Comando de Greve com representantes eleitos pela Base, para que as decisões não fiquem apenas na Diretoria do Sindicato entre uma assembleia e outra nos momentos de luta, fortalecendo nossa mobilização! Não vamos permitir as terceirizações das estações e POT, nem dos instrutores de Operadores de Trem! É preciso seguir o caminho da luta e da auto-organização e retomar a greve para vencer! Barrar todas as privatizações rumo à luta pela estatização de todos os serviços públicos sob controle dos trabalhadores e usuários!




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