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Permanência | O alagamento nas moradias das mães no CRUSP evidencia novamente a demagogia da USP em suas falas sobre inclusão e pertencimento.

Na madrugada do dia 14 de fevereiro, o Conjunto Residencial da USP (Crusp) destinado a mães de alunos alagou mais de uma vez, tirando a paz e colocando em risco a saúde de mães e crianças. O descaso é de total responsabilidade da Reitoria e dos programas de pertencimento da USP.

sexta-feira 16 de fevereiro | Edição do dia

Durante o feriado do carnaval, momento de celebração e de festas populares, as chuvas típicas desse período do ano mais uma vez escancararam o descaso da Universidade de São Paulo com as moradias estudantis. O alojamento do CRUSP destinado às mães ficou alagado. A situação chegou em proporções absurdas com relatos de fezes e esgoto no chão. O caso piora quando lembramos que é um alojamento onde habitam crianças e bebês que ficaram junto com suas mães sujeitos a contaminação a doenças transmitidas pelo contato com o esgoto e águas contaminadas. As mães relatam que ficaram até de madrugada limpando os alojamentos até que o Serviço de Assistência Social da USP chegasse.

Não é a primeira vez que os problemas de infraestrutura afetam a vida dos moradores do CRUSP. Moradores em sua maioria pretos e pobres que têm que enfrentar diariamente a falta de direitos a permanência e a invisibilização da reitoria. O elitismo e racismo da USP se torna evidente quando vemos que a universidade possui absurdos 5 bilhões em caixa e instaurou em 2017 os parâmetros de sustentabilidade, que cria um teto de gastos anual para a universidade. Ao mesmo tempo que vemos cada vez mais a parceria com setores privados se espalhando por todos os campus da universidade. Gerando assim lucro a serviço da iniciativa privada e subordinando a produção de conhecimento ao mercado e não a serviço dos estudantes, professores e trabalhadores que sustentam a universidade. Essa perversidade capitalista não só deteriora o pensamento livre e o debate da renomada melhor universidade da América Latina, mas também demonstra como um ataque direto à saúde e à qualidade de vida dos setores explorados e oprimidos dentro do ambiente universitário à medida que sequer são garantidas condições mínimas para permanência estudantil.

A situação no alojamento das mães torna evidente a demagogia que a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) da USP vem promovendo nos últimos anos, com eventos e publicações como o “mulheres no topo” ou órgãos como o “USP mulheres”, que se utilizam de um feminismo liberal para limpar sua imagem. Enquanto isso temos as mães cruspianas vivendo com moradias precárias sendo expostas e tendo os seus filhos expostos a doenças. Essa é a mesma demagogia que carrega a USP quando promove eventos antirracistas e feministas ao mesmo tempo que submete as trabalhadoras terceirizadas longas cargas de trabalho, sem direito ao bandejão e aos BUSP (cartão que garante a gratuidade nos ônibus circulares do campus).

Não é de hoje que o CRUSP se mostra sucateado afetando profundamente a vida de seus moradores, que têm negado o básico. Na realidade, a mais de uma década o conjunto residencial vem diminuindo e tendo seus blocos, congelados no tempo a mercê da deterioração. Os blocos D, K e L foram desocupados pela reitoria para se tornarem prédios administrativos (no caso do K e L) ou ficarem sem função aparente (o bloco D). Os estudantes conhecem o descaso, tanto os cruspianos quanto o conjunto dos estudantes, que levam a frente a retomada dos blocos nas mobilizações estudantis, como vemos o movimento estudantil levantando nos últimos anos.

É necessário travar uma luta pela reforma do CRUSP, que garanta moradia para toda a demanda, com infraestrutura e saneamento necessário para toda a demanda. Essa luta passa pela devolução dos blocos D, K e L para os estudantes. Não obstante, entra no escopo de uma batalha travada conjuntamente contra a precarização de toda a universidade. É por isso que nós da Faísca Revolucionária reivindicamos bolsa de pelo menos um salário minimo para toda a demanda, assim como travar uma luta pelo aumento do investimento na educação pública, inclusive nas universidade federais. Essas pautas não podem ser levadas até o fim sem que o movimento estudantil se choque contra a estrutura de poder da universidade, exigindo a abertura do livro de contas e a dissolução do Conselho Universitário, que contribui pela exclusão e precarização da vida dos estudantes e trabalhadores negros e pobres presentes na universidade. É necessário uma nova constituinte para a USP que possa pôr em prática um conselho tripartite proporcional entre estudantes, professores e trabalhadores. Para que o conhecimento produzido na melhor universidade da América Latina esteja a serviço da classe trabalhadora e dos setores oprimidos da sociedade.




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