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O caso das Americanas, a irracionalidade capitalista e a necessidade da construção do socialismo

Um tema nas redes sociais nos últimos dias foi a crise e possível fechamento das Lojas Americanas, após a notícia de um rombo contábil de 20 bilhões vir à tona. O caso das americanas demonstra a irracionalidade capitalista, a única alternativa é construir um socialismo desde baixo.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sábado 21 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Após o presidente das Lojas Americanas, grande loja do varejo brasileiro, renunciar porque havia detectado um rombo de 20 bilhõesna contabilidade da empresa e “problemas em divulgações financeiras” a loja entra em uma crise bilionária que pode levar à falência. Sem contar com uma dívida que totaliza 43 bilhões de reais. Um escândalo que viralizou nas redes sociais, desde de memes à repúdios aos capitalistas envolvidos nesse caso, e que expressa a podridão em que o mercado financeiro e os bilionários lucram, e em que bases esse sistema se sustenta e quais são os aspectos que estão em seu DNA.

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Ninguém mais, ninguém menos que Paulo Lemann, segundo homem mais rico do Brasil, que ajudou a privatizar a Eletrobras, apoiador assíduo da Reforma do Ensino Médio e do golpe de 2016 que deu abertura à Bolsonaro e todos os ataques contra a classe trabalhadora, está envolvido, seu grupo 3G Capital é a mega corporação que está por trás das Lojas Americanas, Lemann se faz de desentendido sobre o paradeiro do dinheiro, mas convenhamos que 20 bilhões de reais não toma chá de sumiço. Esse é apenas outro exemplo da irracionalidade em que as empresas e monopólios se alçam no capitalismo em base à corrupção, fraude, desvio de dinheiro, etc. Tudo isso em nome de acumular mais e mais riquezas e garantir os lucros do mercado financeiro.

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E quem paga a conta dessa crise? Somos nós, trabalhadores. Como sempre no capitalismo, os resultados da irracionalidade das empresas, bilionários e seus governos atacam os trabalhadores, os capitalistas nunca pagam a crise que eles mesmo criaram. Nesse caso das Lojas Americanas, com o rombo já ameaça cerca de 43 mil demissões e o não pagamento de salários. Quantas famílias ficarão na rua em meio a crise que vivemos que resulta na fome e no desemprego de milhões? Sem contar o profundo nível de precarização do trabalho, principalmente, nas lojas varejistas, os trabalhadores são submetidos a horas extenuantes de trabalho, são vigiados, assediados e obrigados a trabalhar mais rápido ganhando uma miséria e sem direitos, não podemos esquecer que o setor do varejo é um dos mais beneficiados pela reforma trabalhista. Difícil não lembrar da Amazon e todo seu modelo produtivo, enquanto Jeff Bezos (dono da Amazon e o homem mais rico do mundo) ia dar um “rolê” na lua, os trabalhadores da Amazon estavam tendo que fazer xixi em garrafas plásticas porque não podiam parar para ir ao banheiro. Esse é o abismo que nos separa da burguesia no capitalismo.

E dá mais ódio de saber que Lemann e seus sócios da 3G, Marcel Telles e Beto Sicupira, acumulam juntos uma fortuna de 160 bilhões. Esses burgueses não trabalham, são uma ínfima minoria na sociedade e vivem suas vidas luxuosas às custas da exploração da força de trabalho dos trabalhadores e tudo por eles produzidos. Lemann é marca registrada do discurso meritocrático que a burguesia adora vender “se você batalhar, você alcança”, quer implementar essa lógica produtivista e empreendedorismo nas escolas, por isso apoia a Reforma do Ensino Médio, e mas o engraçado é como ele mesmo é uma prova de como tudo isso cai por terra e não passa de uma ilusão, visto que ele construiu sua fortuna em base à escândalos e rombos como esse, e a exploração do trabalho.

Fruto também desse sistema, no Brasil, hoje vivemos em um cenário bastante complexo onde recentemente vimos uma tentativa golpista da extrema-direita em Brasília com conivência do governo do DF, do secretário de Segurança, polícia e Forças Armadas. Mesmo com Bolsonaro tendo perdido as eleições, a extrema-direita se institucionalizou muito mais no país e segue como força ativa, essa mesma extrema-direita que só cresceu e se sustentou com o apoio de bilionários como Lemann. Sem contar com todo o legado bolsonarista que marca a vida da classe trabalhadora como com as reformas anti-operárias como da previdência e trabalhista e as privatizações, e que hoje são sustentadas pelas instituições deste regime e pela frente ampla com a direita do recém empossado governo Lula-Alckmin.

Há uma insatisfação e raiva legítima das pessoas com o que significa e significou o bolsonarismo, a palavra de ordem “sem anistia” tem sido utilizada para expressar o desejo de que a extrema direita pague por tudo que fez nos últimos anos e vá para a lata de lixo da história. E temos que ir por mais, garantir o “sem anista” parte de lutar contra a impunidade da alta cúpula dos militares e dos empresários.

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O caso das Americanas demonstra a irracionalidade capitalista, enxergar nesse caso um dos grotescos exemplos do que é esse sistema de miséria é importantíssimo, visto que é urgente pensar a construção de alternativas para acabar com esse sistema e que também deve significar uma luta política contra seus governos. O capitalismo nos promete muito, mas nos entrega terríveis condições de trabalho, retiradas de direitos, crises econômicas, crises climáticas, pobreza, fome, desemprego, educação precária e cortes, repressão, violência policial, e muito mais.

Para lutar contra essa sociedade que está aí, precisamos pensar uma saída mais que responda profundamente toda miséria sofrida, queremos construir um outro tipo de sociedade, o socialismo rumo ao comunismo. Uma sociedade livre, sem opressão e exploração, e ele é uma necessidade cujos fundamentos científicos partem de elementos presentes na própria realidade, simplesmente pelo fato de que o capitalismo e a burguesia são incapazes de resolver suas próprias contradições e que existe uma classe, a classe trabalhadora, que tudo move e tudo produz, mas é empurrada a sofrimentos cada vez maiores.

Imagine o que essa mesma classe poderia fazer junto das mulheres, negros, lgbts, povos originários, juventude se a gente trasnfomasse radicalmente as bases econômicas dessa sociedade, planificando e organizando a economia de maneira onde tudo que fosse produzido estivesse à serviço se satisfazer as necessidades da sociedade e não servindo aos lucros do capitalistas. Poderíamos acabar com os grandes problemas estruturais do Brasil e do mundo como a fome e a falta de moradia. Para isso precisamos nos organizar em partido e batalhar pelo desenvolvimento da auto organização pela base da classe trabalhadora em cada local de estudo e trabalho, assim lutar com um programa anticapitalista e antiimperialista para se apoderar do poder político, expropriando os capitalistas. Os trabalhadores poderiam decidir democraticamente o que e como fazer com toda a riqueza produzida, em benefício do conjunto da sociedade, com seus próprios organismos democráticos de poder. Finalmente teríamos tempo para dedicar à arte, à cultura, ao lazer, ao amor. Esse é o socialismo.

Nos inspiramos na história de luta da nossa classe que nunca abaixou a cabeça para todos os ataques que esse sistema descarrega em nós e se levantou. Nos inspiramos na juventude que esteve na linha de frente na luta pelo Black Lives Matter nos Estados Unidos e foi protagonista na luta por sua sindicalização como na Amazon e Starbucks, a “Geração U”. Ontem, 19, vimos outro exemplo fortíssimo noPeru e na França, houveram greves gerais e mobilizações de milhões de trabalhadores, estudantes e setores oprimidos que são um exemplo de caminho e unidade a ser seguido pela classe trabalhadora mundial, esses são os únicos métodos de luta para lutar contra a burguesia, o capitalismo, seus governos e expressões políticas mais reacionárias como é o bolsonarismo e a extrema-direita no Brasil. Diferentemente de apostar em saídas institucionais por dentro do Estado capitalista, ou em alianças com setores dessa mesma burguesia como faz Lula-Alckmin e o PT, e a esquerda brasileira se adapta - inclusive contando com Lemann na pasta da educação do governo de transição - , apostamos na luta de classes e em uma política e organização independente dos trabalhadores e oprimidos como o único método para construir essa outra sociedade.

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