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RACISMO | Presidente da Fundação Palmares irá exaltar Princesa Isabel e ignorar luta histórica do povo negro

Presidente da Fundação Palmares, escolhido pelo Governo Bolsonaro, ataca novamente a memória e luta dos negros e negras do país, e afirma que sob sua gestão o Dia da Consciência Negra não terá peso. Para ele, este dia reforça "vitimismo" da população negra.

terça-feira 10 de dezembro de 2019 | Edição do dia

Nomeado para presidir a Fundação Palmares, o jornalista Sérgio Camargo disse nesta terça-feira, 10, que não dará "suporte algum" para o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Segundo ele, a sua gestão trabalhará para "revalorizar" a princesa Isabel e o dia 13 de Maio, data da assinatura da Lei Áurea, que deu fim à escravidão, como se a luta pela libertação fosse um "presente" da família real e não fruto de levantes massivos de negros e negras no Brasil e no mundo.

"No que depender de mim, a Fundação Palmares não dará suporte algum a essa data (Dia da Consciência Negra). Vamos revalorizar o dia 13 de Maio e o papel da princesa Isabel na libertação dos negros", afirmou Camargo, após uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro.

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Camargo foi rechaçado por ativistas de esquerda e pelo movimento negro. Nas redes sociais, ele já afirmou que a escravidão foi benéfica e que o Brasil tem um "racismo nutella".

Além disso, Camargo já atacou Marielle Franco, vereadora brutalmente assassinada no Rio de Janeiro, cujo crime segue sem respostas e já chegou a ser vinculado ao nome de Bolsonaro.

"Claro que tem de acabar o Dia da Consciência Negra, uma data na qual a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Não é uma data do negro brasileiro. É uma data de minorias empoderadas pela esquerda, que propagam ódio, ressentimento e divisão racial", disse Camargo nesta terça.

Segundo Camargo, porém, o racismo "não é estrutural, segundo tese da esquerda". "Ele é circunstancial". Camargo afirma isso diante do escândalo recente onde a polícia invadiu o baile funk do DZ7, em uma das maiores favelas de São Paulo, Paraisópolis, e matou 9 jovens.

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A herança escravocrata do Brasil, bem como o racismo, uma das faces mais monstruosas do capitalismo, segue fazendo vítimas todos os dias, tirando centenas de vidas e encarcerando milhares de outras. Os negros no Brasil são quem recebem os que sofrem mais com o desemprego, que recebem menores salários e ocupam os postos mais precarizados, como por exemplo, como entregadores em aplicativos como Rappi, Uber e iFood.

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A luta contra o racismo é inseparável da luta contra o capitalismo, pois este foi responsável por fundar e até hoje se apoia nessa monstruosidade para garantir seus lucros, para dividir a classe trabalhadora e para que possa atacar ainda mais a nossa classe de conjunto. Os negros serão linha de frente no enfrentamento à Bolsonaro, ao Congresso, aos projetos miseráveis que os capitalistas querem nos impor.




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