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Gênero | RS é o 4° estado com maior n° de feminicidio: basta de violência contra as mulheres!

Nessa segunda-feira (19), o Rio Grande do Sul foi oficializado como o 4º estado com o maior número de vítimas de feminicídio no Brasil. Em meio à pandemia, em que se agravam as condições de violência contra a mulher pelo isolamento social, as mulheres são as que mais correm risco tanto de pegar o vírus, quanto de morrer de fome, quanto de serem parte da estatística de feminicídio.

Redação Rio Grande do SulRedação Rio Grande do Sul

quarta-feira 21 de outubro de 2020 | Edição do dia

Foto: midia ninja

No primeiro semestre de 2020, 53 mulheres foram agredidas por dia no Rio Grande do Sul. Embora o número total de registros de 2020 (9.728) seja 9% menor do que o mesmo período em 2019 (10.692), a diminuição da estatística não significa diretamente uma diminuição nos casos de feminicídio. Muito pelo contrário, mesmo com essa diminuição, o RS foi posicionado como o 4º estado com mais ocorrências de lesão corporal em pessoas do sexo feminino. A diminuição de casos em comparação com 2019 pode revelar, na verdade, um aumento na subnotificação dos casos, o que se deve a fatores como o isolamento social e o desemprego decorrentes da pandemia, em que a vítima fica mais tempo em casa, muitas vezes junto com seu agressor e longe das possíveis redes de apoio.

Já as estatísticas de feminicídio aumentaram em todos os estados, e no RS, aumentou 24,4% em relação ao ano passado, representando 51 mortes de janeiro a junho deste ano. Em 2020, 96% das mulheres vítimas de feminicídio do Rio Grande do Sul não tinham medida de proteção e 86% nem sequer tinha registrado ocorrência policial antes de suas mortes. Isso demonstra que a mulher que é vítima de ameaças e agressões está presa ao ciclo da violência sem conseguir encontrar uma rede de apoio onde possa externalizar o que está acontecendo, o que piorou ainda mais com a pandemia e com o avanço da extrema direita em todo o país que, em vez de fornecer testes massivos para a população e proporcionar condições satisfatórias de segurança sanitária, espremeu a população entre a fome e o vírus.

Os dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2020 revelam também que o Rio Grande do Sul é o quinto Estado com mais registros de estupros a crianças e adolescentes com até 14 anos. Mesmo que no primeiro semestre de 2020 os 997 casos seja um número 20% menor do que o mesmo período em 2019, a diminuição dos casos também apontam para uma possível subnotificação, e não para uma diminuição real das ocorrências de estupro. Isso porque em 76% dos casos de estupro de vulnerável (relação sexual entre um adulto e uma criança ou adolescente com menos de 14 anos), o agressor é um parente ou amigo próximo à família da vítima e o abuso acontece em ambiente familiar. Assim, com a pandemia, o isolamento social e o fechamento das escolas, as vítimas tiveram menos oportunidade de acessar um ambiente onde possam externar alguma situação a qual estejam sendo submetidas dentro de casa.

Dessa forma, apontando o RS como um dos estados mais machistas do Brasil, tal problemática revela também a dupla face da moeda exploração-opressão, pois as mulheres, sobretudo mulheres negras, são ainda mais exploradas pelo capitalismo. Isso ocorre, pois são as trabalhadoras que ficam mais sujeitas às condições de trabalho precárias, transitando entre a terceirização e a informalidade, e tendo o peso da dupla ou tripla jornada de trabalho, quando têm, ainda, que realizar um trabalho não pago em casa, com as tarefas domésticas. Isso ocorre e se agrava sobretudo agora com a pandemia, em que as mulheres, ou ficam expostas a trabalhos precários e inseguros sanitariamente, ou ficam amargando a fome por causa do desemprego, essas trabalhadoras ficam mais vulneráveis ao feminicídio.

Por estarem nessa condição que devemos lutar pelo fim desse sistema opressor. Para que as mulheres da classe operária não sejam mais oprimidas e mortas cotidianamente.

Basta de violência contra as mulheres!




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