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Rede pela Greve Geral na França: uma batalha pela auto-organização

Diana Assunção

André Barbieri

Rede pela Greve Geral na França: uma batalha pela auto-organização

Diana Assunção

André Barbieri

Neste artigo buscaremos explicar ao público brasileiro o que é a Rede pela Greve Geral na França e qual foi seu papel como um polo de coordenação dos setores que buscavam uma política alternativa a das direções oficiais do movimento sindical na França diante da luta contra a reforma da previdência de Macron que durou meses, mostrando como essa política alternativa que batalhava pela auto-organização poderia ter levado a um outro caminho para a luta da classe trabalhadora francesa servindo de exemplo para a classe trabalhadora mundial.

O que é a Rede pela Greve Geral?

Gonfreville-l’Orcher, 24 de março. Central nuclear da Total-Energies na Normandia, a maior refinaria de petróleo da França. A luta contra a reforma da previdência de Macron se tornou mais forte, depois da aprovação por um decreto autoritário permitido pelos dispositivos “republicanos” franceses. Os trabalhadores da refinaria, sindicalizados na CGT a Confederação Geral do Trabalho, fazem um piquete de greve, defendendo com métodos radicais a paralisação da produção. A polícia chega em grande número para impor o retorno ao trabalho e a dissolução do piquete. Até 12h, estava selado o destino da paralisação, porque a burocracia sindical da CGT isolou os trabalhadores e não deu as caras para defender os grevistas. Entretanto, nesse momento chegam reforços. Mais de 300 trabalhadores do Havre, cidade portuária estratégica da França, aparecem para apoiar os petroleiros: estivadores, garis, professores, petroleiros de outras usinas, inclusive o rapper Médine. De Paris chegam dois ônibus, com 150 estudantes, ferroviários, metroviários, petroleiros, professores, figuras conhecidas como o filósofo Fréderic Lordon e a atriz Adèle Haenel. Os petroleiros da Total Normandia se enchem de moral e força. Com os reforços, rechaçam a polícia e expulsam as forças armadas da refinaria. O piquete seguiu de pé. Importantes meios de imprensa como Mediapart, Libération, Le Figaro tomaram nota da ação nesse centro de gravidade da burguesia.

Esse contingente vindo de Paris com trabalhadores e estudantes, atuando como destacamento de apoio aos petroleiros da Normandia, são membros da Rede pela Greve Geral (RPGG). Trata-se de uma novidade inesperada pela burguesia francesa, que como em outros lugares não está acostumada a enfrentar experiências de auto-organização do movimento operário que se choquem com as direções burocratizadas que utiliza para controlar as organizações de massas.

A Rede surgiu a finais de janeiro, com uma declaração impulsionada por 300 sindicalistas, ativistas operários, artistas e intelectuais, e pela organização trotskista Révolution Permanente, publicada no Le Journal du Dimanche com um objetivo claro: para derrotar a reforma da previdência e o governo Macron, era necessário organizar uma greve geral política. Os pressupostos para isso não estavam menos claros: a fim de organizar a greve geral, era imprescindível superar a estratégia derrotista da burocracia sindical (a “Intersindical”, que congrega todas as centrais sindicais, encabeçada por Laurent Berger da CFDT, Confederação Francesa Democrática do Trabalho e por Sophie Binet da CGT), e constituir uma instituição de unificação e coordenação da luta pela base. A auto-organização dos que lutam para que “a greve seja dos grevistas”. Ou seja, tratava-se de desnaturalizar a falsa concepção de que a única política possível ao movimento era a da burocracia da Intersindical.

Com esse pano de fundo, com mais de 600 pessoas se realiza a reunião fundacional da Rede pela Greve Geral, a 13 de março, na lendária Bourse do Travail em Paris. Ferroviários da empresa SNCF, metroviários da RATP (transportes públicos de Paris), petroleiros da Total, trabalhadores da Sidel Le Havre, garis, coletores de resíduos e trabalhadores do saneamento de esgotos, terceirizados da limpeza da empresa Onet, funcionários da Orano, trabalhadores dos aeroportos estratégicos de Roissy e do Charles de Gaulle, das fábricas da Stellantis, do setor da saúde, do setor aeronáutico e aeroespacial, do setor nuclear, da educação, trabalhadores dos Correios, advogados, intelectuais e artistas. Entre todos, a palavra de ordem era: pensar a estratégia e as ações capazes de vencer, em combate com a burocracia da Intersindical que trabalhou desde o início para pacificar e desgastar o movimento. Como reconheceu o Le Monde, a Rede pela Greve Geral buscou retomar a iniciativa para as mãos dos que lutam.

Para vencer, a Rede propôs um plano de batalha que coordenasse e generalizasse as greves renováveis a caminho da greve geral, e um programa que ultrapassasse a mera revogação da reforma da previdência, e incluísse a urgente questão salarial em meio à inflação, a luta contra a precarização do trabalho com a terceirização e pelos direitos sociais e trabalhistas de todos os imigrantes. Na declaração do encontro fundacional da Rede, diz-se que “Temos que coordenar nossas greves e ir atrás de todos aqueles que ainda não estão em greve com uma verdadeira política de greve ativa já. Temos que constituir uma vasta rede de solidariedade capaz de enfrentar a repressão que se abate sobre nossos piquetes e sobre os militantes do movimento. [...] Este continua sendo o ponto mais fraco do movimento e é urgente corrigi-lo. É por isso que propomos a todos os setores em greve, aos sindicatos e federações que lutam, às assembléias gerais interprofissionais onde elas existem, aos jovens mobilizados, assim como a todos aqueles que querem contribuir para esta perspectiva, lançar em todos os lugares e a partir de agora, comitês de ação unificados para a greve geral que se coordenem na escala de todo o país”.

Efetivamente, as reuniões dos comitês de ação ligados à Rede pela Greve Geral se desenvolveram durante todo o curso da luta, colhendo o apoio e a simpatia de milhares de pessoas nas principais cidades da França, dispostas a dar seguimento a essa estratégia de unificação e coordenação das lutas pela base. A atuação da Rede junto aos garis de Paris em greve, contra a repressão policial, e na defesa do piquete dos petroleiros da Normandia, se multiplicou nos setores que batalharam por preservar de pé seus piquetes, como os ferroviários de Châtillon, ou os trabalhadores que precisavam de reforços para elevar a moral de suas greves, como os aeroviários, os eletricitários e outros setores. Fruto disso, o bloco da Rede pela Greve Geral no 1º de Maio em Paris reuniu milhares num momento histórico, e deixou claro que não aceitará a traição da burocracia sindical e seguirá desenvolvendo uma estratégia alternativa, de combate pela generalização das greves e coordenação das lutas.

Para além do refluxo na situação objetiva da luta, num contexto que preserva suas características pré-revolucionárias latentes diante de um muito debilitado governo Macron, a Rede pela Greve Geral lança no tabuleiro da luta de classes um gérmen de novas formas de auto-organização. Isso vai muito além da batalha contra a reforma. Para tanto, foi fundamental a disposição de setores de vanguarda em se ligar com amplas bases de trabalhadores, e a iniciativa de organizações revolucionárias como o Révolution Permamente – que segundo o jornal Le Monde, chegou para alterar o mapa da extrema esquerda e desempoeirar o trotskismo francês – para impulsionar a auto-organização como meio para que o movimento retomasse seu destino nas mãos e enfrentasse com mais eficácia a resistência conservadora das burocracias.

A possibilidade de uma política alternativa à Intersindical inspirada na longa tradição de auto-organização na França

Como já apontamos, a Rede pela Greve Geral se mostrou como uma força efetiva na vanguarda justamente por confrontar a ideia muito disseminada pelas correntes da esquerda centrista de que a única política possível era a da burocracia sindical da CFDT e da CGT. Todas as correntes do NPA, dividido e em crise estrutural, e também a Lutte Ouvrière, tiveram uma atuação de adaptação à política das burocracias sindicais sempre por dentro dos calendários espaçados apresentados pela Intersindical e sem nenhum tipo de iniciativa que pudesse mostrar um caminho distinto para derrotar os planos de Macron.

Se as burocracias sindicais que dirigem os grandes sindicatos que têm peso na Intersindical não apresentam um plano efetivo para derrotar a reforma da previdência, isso não poderia significar que o conjunto da classe trabalhadora e da juventude terminasse na resignação. Os trabalhadores e a juventude que se levantaram massivamente não podem ficar reféns de uma cúpula sindical totalmente desconectada da base que limita as iniciativas do movimento de luta aos seus interesses para proteger o regime contra qualquer desestabilização que a luta de classes possa levar adiante. Por isso que, partindo de que a maior parte da classe trabalhadora na França segue tendo como direção oficial esses sindicatos, era fundamental como parte das jornadas convocadas unitariamente colocar de pé um verdadeiro pólo que pudesse mostrar uma política distinta. Para que a classe trabalhadora pudesse ver que existia a possibilidade de um outro caminho.

Ao contrário do que afirmaram algumas correntes de esquerda para justificar seu sectarismo com a Rede, não há qualquer tipo de "paralelismo sindical" em sua atividade. Ao contrário, a Rede fazia exigências diretas à Intersindical tanto em relação ao programa levantado para o movimento como sobre os métodos de luta mais eficazes para enfrentar Macron. Na prática, a Rede abriu caminho para que uma política alternativa à das burocracias pudesse ganhar algum peso em setores de vanguarda do movimento, o que é fundamental para impor às direções oficiais a Frente Única Operária.

Neste sentido, coordenar as lutas como a RPGG fazia, batalhando por uma greve geral efetiva e com comitês de ação, poderia ter sido um salto na auto-organização do movimento, tornando muito mais difíceis as condições para que o governo mantivesse a reforma. Apresentar alternativas políticas às linhas majoritárias é parte também de batalhar para recuperar os sindicatos como verdadeiros instrumentos de luta dos trabalhadores.

Não é à toa que, na longa tradição do marxismo revolucionário na França, Trótski tenha lançado mão da política de comitês de ação, o que serviu de inspiração para a própria política da Rede. Trótski partia de uma concepção que considerava fundamental aproveitar cada elemento de radicalização da realidade para organizar a vanguarda e os setores de massas em instituições de unificação e coordenação das lutas. O estímulo à auto-organização era a única maneira de quebrar a resistência conservadora das grandes burocracias do Partido Socialista e do Partido Comunista Francês, e impor a frente única operária (contrária à Frente Popular com a burguesia). Essa concepção é oposta à ideia de conquistar espaços dentro do regime e de coexistir pacificamente com as burocracias do movimento de massas. Também se opõe à adaptação à administração da assistência social do Estado ou à estrutura dos sindicatos tais como são.

Os comitês de ação respondiam à necessidade de uma política audaz para auto-organizar o movimento de massas diante da conformação da Frente Popular na França, em 1936, reunindo socialistas e stalinistas junto com o Partido Radical, partido ligado à opressão colonial francesa, apoiando a política de “defesa nacional” do governo francês. Isso porque se tratava de pensar: diante da fortaleza relativa dos aparatos reformistas e a debilidade quantitativa dos revolucionários, como liberar a potência da classe trabalhadora como sujeito revolucionário? Esse é o centro da reflexão que Trótski faz no texto “Aonde vai à França”. Ou seja, se trata de buscar potencializar a força dos revolucionários ligando o desenvolvimento do partido revolucionário à unificação e ao reagrupamento da vanguarda e das massas em luta.

Na luta política frontal contra a Frente Popular, Trótski dialoga com o chamado à conformação de comitês de ação da Frente Popular (uma resolução do VII Congresso da Internacional Comunista), apontando que certamente seria a única resolução que a própria burocracia não levaria adiante. E para Trótski seria uma forma de romper a subordinação à burguesia, para potencializar o peso da vanguarda através do desenvolvimento desses comitês de ação ligados diretamente à luta de classes, com o objetivo de quebrar o obstáculo da Frente de conciliação de classes, facilitando a expulsão dos negociadores burgueses do partido radical e derrotando a política de conciliação de classes. Os comitês de ação não são equivalentes aos sovietes, como dizia Trótski; mas, ao mesmo tempo, acrescentava que “em certas condições, os comitês de ação podem se transformar em sovietes”, e afirmava que os sovietes russos, em seus primeiros passos, “não eram absolutamente o que viriam a ser depois, e mesmo nessa época, com frequência, levavam o modesto nome de comitês operários ou comitês de greve”. Essa dinâmica interna de transformação de instituições de auto-organização em organismos de democracia de tipo soviético está inscrito como possibilidade da própria luta, e aposta na emergência do sujeito operário como classe criadora hegemônica em sua aliança com os setores oprimidos, potencializando a radicalidade dos movimentos sociais e dando-lhe a capacidade de fogo para derrotar os capitalistas e seu Estado.

Matias Maiello aponta que Trotski segue desenvolvendo essa questão inicial até transformar num elemento-chave do que poderíamos definir como uma teoria sobre as vias de constituição da classe trabalhadora como sujeito, em um cenário “saturado” de aparatos burocráticos. É justamente como parte desta tradição que fica evidente que a melhor forma de atuar em comum com as entidades tradicionais do movimento operário, apesar de suas direções, é batalhando pela auto-organização, que não funciona como algo paralelo, mas como um instrumento que permite liberar a força potencial da classe trabalhadora para enfrentar seus inimigos de classe. Na França atual, o desenvolvimento de instituições do tipo dos comitês de ação, que propõe a Rede pela Greve Geral, são a via pela qual os trabalhadores podem tomar a luta em suas mãos e impor uma verdadeira greve geral. Ante o desenvolvimento da situação em um sentido revolucionário, o desenvolvimento dos comitês de ação abona em perspectiva a emergência de organismos do tipo “soviético”: não há um muro entre ambas as formas.

Partido para coordenar a auto-organização

Apesar da maioria das organizações que se reivindicam da tradição marxista (como o NPA e a Lutte Ouvrière) terem encontrado um cômodo abrigo nas asas derrotistas da burocracia, houve uma organização da extrema esquerda que teve como objetivo central auxiliar o impulso da máxima atividade criadora das bases e sua auto-organização. Como é obrigado a atestar o próprio Le Monde, o Révolution Permanente envidou esforços para emancipar o movimento da política levada adiante pela Intersindical.

Com essa iniciativa, o Révolution Permanente tratou de retomar o melhor da tradição do movimento operário, como os piquetes móveis mobilizados pela IWW (Industrial Workers of the World, organização sindical criada em Chicago em 1905, que em seus inícios se propunha unificar as ações sindicais dos trabalhadores), percorrendo com trabalhadores de distintas categorias as lutas de outros setores para elevar sua moral, ou dos teamsters de Minneapolis nas grandes greves operárias dos Estados Unidos em 1934, que apoiavam ativamente as greves dos portuários, dos metalúrgicos, entre outros. Nessa mesma dimensão, sempre que possível, junto aos ativistas operários e estudantis, intelectuais e artistas que compõem a Rede, o Révolution Permanente mobilizou de maneira decidida suas forças militantes nos centros nevrálgicos do conflito, onde a questão principal, a repressão e as ordens policiais de retorno ao trabalho, estavam concentradas.
Ao contrário do que reza certa visão, a ausência de um ator alternativo legítimo a nível nacional não foi culpa de uma espécie de “falta de consciência anticapitalista” das massas, ou meramente do retrocesso (real, mas relativo) da subjetividade dos trabalhadores depois de décadas sem revoluções e de ataques neoliberais (no caso da França, houve resistências e triunfos parciais nas batalhas de 1995, contra o Contrato de Primeiro Emprego em 2006, e mesmo contra a privatização da empresas ferroviária estatal em 2018). Como explicam Juan Chingo e Paul Morao, essa ausência “é expressão da incapacidade ou da oposição da maioria das organizações e correntes que se dizem revolucionárias - Lutte Ouvrière, NPA, POI e POID - para criar espaços que permitam o surgimento dessa alternativa, seja por causa do quietismo e da apatia ou por causa de uma decisão política consciente”. O Révolution Permanente só pôde emergir como a grande novidade dinâmica da extrema esquerda francesa porque atou seu destino ao impulso dessas instituições de coordenação da auto-organização e unificação das lutas como foi a Rede pela Greve Geral.

O papel de uma organização revolucionária é justamente trabalhar incansavelmente para criar, o mais rápido possível, órgãos de auto-organização das massas em luta, seja qual for o nome conjuntural que recebam (interprofissional, comitês de ação, conselhos, etc.), para permitir que a classe trabalhadora – aliada com os movimentos sociais em defesa dos direitos dos negros, das mulheres, dos imigrantes, da comunidade LGBT – utilize toda a sua combatividade, sua capacidade de enfrentamento e se postule como uma direção alternativa, tanto em relação às lideranças burocráticas existentes quanto em relação ao poder político da burguesia. Esse papel não está ligado ao suposto desejo de “controlar o movimento”. Ao contrário, trata-se de batalhar para que a radicalização do movimento de massas encontre um programa correspondente, que impeça ser absorvida pelas instituições do regime ou contida pelas burocracias que estatizam as organizações tradicionais.

A atuação do Révolution Permanente lança luz sobre a relação partido e auto-organização. No caso do trotskismo, o partido revolucionário deve servir ao desenvolvimento da auto-organização.

Essa foi a tradição do bolchevismo, e o que de melhor emergiu da estratégia leninista de partido. Efetivamente, a vocação soviética do partido bolchevique, organizando o impulso original das massas russas contra as direções conciliadoras, tinha como correlato simultâneo a auto-organização como um instrumento eficaz para, com um programa socialista, escapar às garras do Estado e preservar autonomia política diante dele.

Auto-organização e partido revolucionário são características indissociáveis no pensamento estratégico do marxismo: o partido em função do desenvolvimento da auto-organização criadora dos trabalhadores e dos oprimidos, e a auto-organização como arena do mais pleno para o florescimento da atividade criadora do partido. Dentro da ideia de comitês de ação, que hoje batalham para iniciar na França um caminho novo para a reorganização pela base do movimento, se podem ouvir os ecos profanos da democracia dos conselhos, segundo Lênin. “A iniciativa criadora das massas: este é o fator fundamental da nova sociedade […] O socialismo não é o resultado dos decretos vindos pelo alto. O automatismo administrativo e burocrático é estranho ao seu espírito. O socialismo vivo, criador, é a obra das próprias massas populares”.

É promissor que essa dialética entre partido revolucionário e auto-organização esteja ganhando estatuto concreto em nossa época justamente na França, um país imperialista central que é hoje o centro de gravidade da luta de classes.

Os comitês de ação pela greve geral são um exemplo internacional

Mesmo com o refluxo do movimento, como dizíamos, Macron tem um mandato conturbado adiante. Perdeu toda credibilidade com o movimento de massas. Pior ainda, as circunstâncias econômicas de alta inflacionária, perda do poder aquisitivo, precarização do trabalho e desemprego se agravam com a aprovação da reforma. Greves operárias por aumentos salariais estão em curso. Nesse contexto, a Rede pela Greve Geral se mantém de pé, constituindo comitês de ação, ultrapassando as fronteiras da batalha específica contra a reforma da previdência. Em Paris, no Havre, em Bordeaux, em Toulouse, e várias outras cidades, os comitês de ação da Rede pela Greve Geral debatem a melhor maneira de contribuírem à auto-organização e à coordenação para que as greves triunfem. "Seu objetivo agora é se perpetuar, principalmente por meio de comitês de ação que, ao coordenar vários setores na base, podem constituir um acúmulo de forças decisivas para vencer as lutas e, de forma mais ampla, impor uma política alternativa à das lideranças sindicais", disse Adrien Cornet, delegado sindical da refinaria Total-Grandpuits, em Bordeaux. Trata-se de semear novas tradições no movimento operário e estudantil. Um grande exemplo para o Brasil.


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Diana Assunção

São Paulo | @dianaassuncaoED

André Barbieri

São Paulo | @AcierAndy
Cientista político, doutorando pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é editor do Esquerda Diário e do Ideias de Esquerda, autor de estudos sobre China e política internacional.
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