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OPINIÃO | Resolução do diretório nacional do PT: “muda um pouco Levy e fica Cunha”. Como fica a Frente Povo sem Medo, o PSOL com isto?

A resolução do Diretório Nacional do PT decidiu pela manutenção de Levy, e cobrar algumas mudanças na política econômica. Também decidiu poupar Cunha. Como agirá a Frente do Povo Sem Medo agora que seus aliados desembarcaram da crítica?

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sexta-feira 30 de outubro de 2015 | 00:00

Nas redes sociais os defensores do governo pintavam que a discussão da Direção Nacional do PT ocorrida hoje poderia marcar uma inflexão. Havia expectativa após adesão de diversos deputados ao pedido de cassação de Cunha que o diretório nacional do partido de Lula e Dilma avalizasse esta posição, bem como tomasse medidas contra Levy e possivelmente o ministro da justiça Cardozo. Muito pelo contrário.

Depois que o presidente do PT, Rui Falcão tinha pedido a demissão de Levy e Dilma lhe centralizou o discurso mudou radicalmente. Lula assumiu seu papel rotineiro de bombeiro de um fogo que ele mesmo ajudou a alastrar, e hoje fez defesa de Levy. Resultado: o documento final nem fala no nome de Levy e coloca timídos comentários sobre a política econômica, pedindo a volta da CPMF, algum aumento de tributação dos ricos e que não se corte políticas sociais (leia-se Bolsa Família, porque o PT não protestou nunca pelo corte nas verbas das universidades federais). Tudo isto combinado a uma redução de juros, e porque não inflação, como defendeu a CUT em seu programa econômico votado dias atrás.
Ou seja, passadas algumas semanas de retórica “sai Levy” a que prevaleceu é “muda um pouquinho Levy”.

Até mesmo a retórica sobre o odioso Eduardo Cunha baixou muitíssimo decibéis. Hoje mesmo Lula havia declarado que as prioridades era a governabilidade. A resolução diz que a prioridade é derrotar o golpismo justamente promovendo a governabilidade. E a governabilidade são ajustes. Impostos. Ou seja, nem o Fora Cunha vai sair.

O PT, mais uma vez, mostra que não pestaneja em cumprir sua missão. Ajustar. Retirar direitos. Que o partido da reforma previdência de 2003, do dobrar o tempo de serviço para conseguir o seguro desemprego em 2015, do PPE faça isto não é novidade, nem surpresa. O chocante é aqueles que em nome de supostamente combater os ajustes do PT se aliam a UNE e aos sindicatos dirigidos...pelo PT... que defende nos sindicatos a política do mesmo PT.

A Frente do Povo Sem Medo composta pelas governistas CUT e CTB junto a UNE, pelo MTST e praticamente todas correntes do PSOL convocou uma manifestação para o dia 8/11 com os eixos de Fora Levy e Fora Cunha. Evidentemente estes eixos visavam blindar o governo Dilma de mostrar seu papel nos ajustes exorcizando os mesmos a Levy, bem como exteriorizar uma ofensiva conservadora nos direitos democráticos a Cunha, ignorando que com 12 anos de governo do PT o aborto segue ilegal, até mesmo um kit educativo anti-homofobia foi vetado, e que o PL 5069 não é só de Cunha, mas de Cunha e um deputado do PT, que ocorre que é nada mais nada menos, um presidente estadual deste partido.

Bem, isto era o problema que estes atos já tinham, blindavam o PT, o governo Dilma e seu apoiador incansável, Lula. Mas e agora que o PT está contra o Fora Cunha e o Fora Levy a que papel se prestará a Frente do Povo Sem Medo? Uma aliança com a CUT que não dará peso a seu ato por ter resoluções contrárias ao PT (ou alguém sonha com a ruptura da CUT com Lula hoje?). Ou ainda a Frente do Povo Sem Medo rebaixará ainda mais suas posições para agradar a CUT e tornar-se indeferenciável da Frente Brasil Popular? Ou ainda, seguirá a Frente do Povo Sem Medo com uma política que serve só para blindar o governo quando seus aliados estão embarcando cada dia mais decididamente a se prestarem o papel não só de deixar passar os ajustes para serem defensores dos ajustes, nos sindicatos, nos locais de trabalho e até mesmo nas resoluções partidárias. É este o papel que o MTST se permitirá ter? É isto que o PSOL seguirá fazendo?

Aparentemente é este o curso, em primeiro lugar do MTST, que na figura de seu coordenador fez até um vídeo elogioso a Lula na ocasião de seu aniversário.
O mesmo está se desenhando com o PSOL que não emitiu ainda sequer uma crítica a seus aliados da Frente do Povo sem Medo e não só, enquanto abre caminho a políticos de partidos burgueses (PDT, PSB, PHS, PSD) entrarem no seu partido, fecham acordos com o petismo, fecham suas portas ao MRT. Será coincidência este movimento? Não seria justamente para trilhar mais “livremente” caminhos à direita, rumo ao petismo e partidos do regime que fecham as portas a uma organização revolucionária?




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