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ELEIÇÕES RIO 2016 | Rio de Janeiro: uma disputa regada a agressões às mulheres, contas na Suíça e corrupção

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

Rodrigo Leon@RodHeel

sexta-feira 27 de novembro de 2015 | 00:16

A cidade do Rio de Janeiro desde quando foi anunciada como cidade sede dos jogos olímpicos de 2016, se tornou muito mais atraente para os políticos burgueses seja para sugarem a verba publica do Estado que uma das maiores de toda a federação. Administrar a cidade também é interessante como vitrine para carreiras políticas, o atual prefeito Eduardo Paes é um dos nomes cotados para candidatura própria do PMDB para a presidência da República em 2018

Desta “joia da coroa” advém intestinas disputas, entre os partidos e dentro do partido que domina a política do estado e capital do Rio, o PMDB. Uma intensa e suja luta política vai fazendo as páginas da política local se misturar com as “páginas policiais”, não por criação de denúncias mas por trazer à tona as podridões de um regime político que tem como um de seus pilares de sustentação um partido que é uma federação de caudilhos, oligarcas, demagogos e corruptos, o PMDB. Quanto mais força do PMDB, mais métodos do PMDB ganham o centro da política nacional. De Cunha aos Picciani, ao agressor de mulheres Pedro Paulo, passando pelas viagens com empreiteiros de Cabral, este é o pano de fundo sobre o qual se desenvolve a disputa da segunda maior cidade do país.

Disputa sucessória no PMDB marcada por denúncias de agressão e corrupção

A um ano e meio atrás o PMDBista mais cotado para ser o sucessor de Eduardo Paes era seu secretário Rodrigo Bethelem. Nas vésperas da eleição denúncias de receber suborno de empresários do transporte queimaram quem era o sucessor natural. Após esta situação, Eduardo Paes reorganizou seu gabinete posicionando Pedro Paulo como uma espécie de primeiro-ministro e lhe dando a chancela de sucessor. Para chegar neste acordo em um partido de caciques foi costurado que Picciani pai manteria, pelo quarto mandato consecutivo o cargo de presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) e seu filho, o jovem deputado federal Leonardo Picciani seria o líder do PMDB na Câmara. Com os Picciani fora do jogo haveria, supostamente acordo com Pedro Paulo como sucessor.

Semanas atrás vieram à tona denúncias que Pedro Paulo teria agredido sua esposa. Logo todo o PMDB veio à público dizer que aquilo era assunto privado e todos, até os Picciani juraram fidelidade ao pretendido sucessor, jogando com o acobertamento desta violência que, agora já se sabe que ocorreu mais de uma vez.

A denúncia primeiro veiculada por deputado do PSOL foi ganhando mais e mais detalhes na mídia diariamente e muitos suspeitam que se trate de fogo amigo dos Picciani.

Eis que dias depois, “inocentemente” aparecem duras denúncias de corrupção dos Picciani, veiculadas na TV Record, que também tem um pré-candidato à sucessão, Crivella. Obviamente não há provas que liguem a um “fogo amigo” de Pedro Paulo ou de Crivella, em um jogo sem inocentes.

Jorge Picciani que é presidente da ALERJ e está a 8 anos no cargo pelo PMDB, detêm uma das empresas que mais extrai Brita (matéria-prima em construções): a AGRILARA, que não por acaso, está vendendo grandes quantidades de material para uma construtora chamada TAMOIO S.A que é quem fornece brita. A TAMOIO S.A foi contratada pelo Estado do Rio de Janeiro em uma “parceria público – privada” (PPP) para as obras das Olimpíadas até 2016. Estas obras contam com um orçamento de nada desprezíveis R$25 Bilhões de reais. Com anuência de Eduardo Paes e Pezão, e antes dele Cabral, todas famílias frações do PMDB fluminense confluem neste “negócio da China” para os Picciani, dinheiro público sendo sugado a cada gota por uma família milionária em um grande esquema de corrupção legalizado como uma PPP.

Na coxia aguardam outros atores também envolvidos em corrupção

Estes dois são os atores centrais desse teatro politico burguês: o já citado esquema de corrupção entre os Picciani e a violência contra a mulher de Pedro Paulo. Para alem disso, é necessário pontuar que Marcelo Crivella (PRB) candidato a prefeitura e pastor da igreja Universal também está envolvido em diversos esquemas de corrupção como o denunciado projeto “cimento social” e o desvio de verba milionário quando este era Ministro da Pesca. Por enquanto fora do foco, mas quanto mais sua rede de TV aliada, a Record denunciar o PMDB mais este se arrisca a se tornar foco de denúncias. E neste teatro do absurdo político, todos tem algum rabo preso até mesmo o “baixinho” que ganhava fama de honestidade.

Junto à surpreendente prisão do banqueiro Esteves e do senador Delcídio vieram a tona gravações que reacenderam a discussão sobre as contas secretas na Suíça que Romário teria. Recorrer ao clássico paraíso fiscal não parece ser exclusividade nem de Cunha nem da CBF que o artilheiro tanto critica. As contundentes falas de Delcídio gravadas reafirmam que existem estas contas e que houve um esquema entre Paes e Romário para acobertar as contas em troca do baixinho apoiar o agressor de mulheres. Delcídio teria se reunido com os dois e atual prefeito após a selagem deste acordo.

No calor da disputa um regime e uma casta de políticos que se mostra sem máscaras

A disputa pela prefeitura e o grande canteiro de obras que é o Rio de Janeiro se tornou uma fonte de investimentos mais lucrativos pelas Olimpíadas, que acrescentaram atratividade à mega vitrine de uma “cidade maravilhosa”, submersa em um caos de corrupção e dinheiro publico jogado em projetos eleitoreiros sem qualquer consideração com as reais necessidades da classe trabalhadora.

Nesta disputa intestina pelo botim o que vêm à tona não nada anormal. Mas o normal de uma democracia dos ricos, organizada para privilegiar aqueles que melhor servirem, legal e ilegalmente, aos empresários.

Em meio a tantas denúncias a esquerda pode assistir pacientemente ao circo pegar fogo, torcendo para que sobre mais espaço eleitoral ao candidato preferido do PSOL, Marcelo Freixo, sem com isto contestar nada do que está acontecendo, rezando para a sangria mútua dos adversários dar um cenário de W.O, o que nunca ocorre, e lançar esta candidatura como “outra política” sem nunca desenvolver um programa e um sujeito anticapitalista. Ou, por outro lado, adotar uma postura mais ativa que ajude a classe trabalhadora a dar uma resposta agora a estas denúncias e daí decorram até avanços eleitorais não como fim mas como expressão destas lutas e meio para avançar a luta anticapitalista.

Para isto, é necessário levantar a exigência de imediata punição e perda de mandato para Pedro Paulo, confisco dos bens dos Picciani e todos corruptos, e começar a levantar reivindicações que sirvam para os trabalhadores verem que não necessitam desta casta política para administrar a cidade,como por exemplo lutar pelo fim de todos privilégios de todos políticos, ou seja, que sejam julgados como qualquer cidadão e não por seus pares, que recebam como uma professora. É preciso dar passos para que um programa anticapitalista ganhe força militante em meio a uma cidade que vive sob impacto de repetidas ondas de corrupção, violência racista de sua polícia, demissões em massa de terceirizados na Petrobras e outras mazelas que nunca são tema da política dos ricos mas devem ser para nós trabalhadores.




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