×

1ª MARCHA TRANSMASCULINA | Saiba como foi a primeira Marcha Transmasculina do Brasil que reuniu 10 mil pessoas em SP

Com milhares de pessoas, a Primeira Marcha Transmasculina marca presença em São Paulo ao celebrar a vida de pessoas transmasculinas e impor sua visibilidade no marco de que o país, pelo 15° ano consecutivo, é o que mais mata pessoas trans e travestis. Apenas uma das estatísticas compactuadas pelo governo de Frente Ampla Lula-Alckmin regente do Estado capitalista brasileiro que aprisiona nossos corpos, precariza nossos trabalhos e nos mata. Confiemos apenas na força da nossa luta!

EnneEstudante de BCH/Filo/RI na UFABC e militante da Faísca Revolucionária

sexta-feira 8 de março | Edição do dia

1 / 1

Nesse último domingo (3) de março, primeiro final de semana após fevereiro (mês da visibilidade transmasculina), foi convocado pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades - Núcleo São Paulo (Ibrat-SP), a primeira edição da Marcha Transmasculina no Brasil. Nela, milhares de pessoas se concentraram no MASP para marchar em celebração das vidas transmasculinas e protestar pelo reconhecimento, visibilidade e respeito à comunidade transmasculina. Segundo o Instituto, a marcha chegou a atingir o marco histórico de 10 mil pessoas, o que demonstra a força que existe no movimento de pessoas trans e aliades, fato bastante relevante face a continuidade dos ataques a essa comunidade pelo governo de Frente Ampla, como é o caso do RG transfóbico bolsonarista mantido pelo governo Lula-Alckmin, que exige nome morto e declaração de “sexo biológico”. Um exemplo de como a conciliação de classes abre espaço para o reacionarismo da extrema-direita.

Ao mesmo tempo, diante de uma realidade social extremamente transfóbica, na qual dados de pesquisas recentes declaram que o Brasil tem, pelo menos, um projeto antitrans sendo apresentado na Câmara a cada dia - condição que é sustentada pelo Estado capitalista que privilegia o lucro dos grandes empresários em detrimento de toda a classe trabalhadora e dos setores oprimidos por esse sistema. É necessário ver que o Brasil bate o recorde pelo 15° ano consecutivo no ranking de assassinatos de pessoas trans e travestis. Todo ano são registrados centenas de casos que revelam a marginalização dos corpos transexuais nessa sociedade capitalista, na qual, especificamente, a polícia rege e compactua com esses assassinatos, como no caso deLaura Vermont em SP e da jovem de 16 anos em João Pessoa, assassinadas pela PM.

Os números demonstram a ineficiência dos órgãos públicos adaptados ao domínio de um regime burguês que há muito se prova incapaz de resolver - mas sim perpetua - a violência contra nossos corpos. É urgente um plano de luta independente que diga “BASTA!” a toda forma de exploração e repressão. Somente a nossa auto-organização é capaz de frear a imensa violência que atinge a comunidade trans, lutando pelo fim de toda opressão de forma independente dos governos e patrões.

Veja também: Basta de violência policial contra a população trans negra

Para além disso, os índices de suicídio dentro da comunidade LGBTQIAPN+ são alarmantes em todo o mundo, somente no país são registrados cerca de 4 mil suicídios por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (dados estes que podem estar subestimados, em vista que muitos casos são subnotificados). Mas o que esperar desse sistema capitalista que nos empurra ao desemprego, ao trabalho precário, terceirizado, uberizado, reprime e aprisiona nossos corpos? O Estado é responsável pela repressão que leva centenas de pessoas transmasculinas ao suicídio! E nisso se escancara sua completa incapacidade em responder às demandas da comunidade LGBTQIAPN+.

A juventude Faísca Revolucionária esteve presente na marcha junto a outros estudantes da UFABC em apoio às pessoas transmasculinas, para denunciar o RG transfóbico bolsonarista mantido pelo governo Lula-Alckmin e também levantar a bandeira de solidariedade ao povo palestino contra o genocídio em curso.

Faísca na Marcha Transmasculina de São Paulo:

É preciso lembrar que, na UFABC, o que possibilitou a aprovação das cotas trans foi a luta contra a transfobia e a terceirização. Quando uma funcionária trans terceirizada da limpeza era impedida pela reitoria de limpar o banheiro feminino (gênero ao qual se identificava) e, consequentemente, impedida de utilizá-lo. Desta maneira, mostra-se que a luta trans deve estar aliada às demandas de todo o conjunto da classe trabalhadora em uma oposição unificada aos moldes de uma sociedade capitalista que fortalece as estruturas neoliberais no século XXI que precariza os serviços públicos, como a saúde e a educação, e favorece cada vez mais a exploração do trabalho, atingindo maiormente a população trans e negra no Brasil.

A essa luz, evidencia-se também a emergência de um plano de luta que una desde a base em um movimento intransigente de solidariedade ao povo palestino contra o genocídio que já assassinou mais de 25 mil mulheres e crianças, como recentemente afirmou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.

A realidade nos mostra que devemos confiar apenas nas nossas forças de maneira independente da Frente Ampla Lula-Alckmin que segue gerindo esse Estado racista e transfóbico que destrói o planeta e nossas vidas, incorporando cada vez mais à base do governo setores reacionários, como historicamente mostra a ascensão da bancada evangélica e a recente Carta de Lula aos Evangélicos, indo na contramão do princípio da separação da Igreja e do Estado, e que se colocam contra o direito à saúde pública de qualidade e com dignidade para pessoas transexuais, com aborto legal, seguro e gratuito para todes com útero! Nós, comunistas da Faísca Revolucionária, queremos dizer basta ao capitalismo que nos divide, nos impõe trabalhos precários e nos mata, por isso, que enfrentemos juntes aos trabalhadores nossos inimigos comuns: A polícia, o Estado e os capitalistas!

Veja a fala de Virgínia Guitzel, estudante da UFABC que esteve à frente da luta por cotas trans, militante da Faísca Revolucionária e do Pão e Rosas, na Marcha Transmasculina de São Paulo:




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias