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DEMISSÕES | Sem resistência do sindicato, Ford fecha as portas em SBC

Desde o começo do ano viemos acompanhando o processo de fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, onde a paralisia do sindicato, dirigido pela CUT, contribuiu consideravelmente com o fechamento da fábrica e milhares de demissões.

quinta-feira 31 de outubro de 2019 | Edição do dia

Em fevereiro desse ano, foi anunciado o fechamento da FORD, a primeira produtora de automóveis a se instalar no Brasil situada em São Bernardo do Campo. O fechamento de uma planta, que no dia 24 de abril de 2018 completou 100 anos no Brasil, sendo parte dos momentos históricos para a região, um polo de resistência e luta bem importante no período das greves no ABC, no final dos anos 70 e inicios dos 80, onde a classe operária expressava sua força, deixa claro o descaso a classe operária, efetiva e terceirizada deixando 24 mil famílias sem emprego após acordo com o sindicato da CUT.

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Desde o começo desse processo a CUT, que dirige o sindicato dos metalúrgicos no ABC, atuou de forma passiva, sem resistência e, de certo modo traidora, seguindo a linha conciliadora e derrotista desde o começo do processo. Em fevereiro, convocando os trabalhadores a comparecer a fábrica, com a presença de chuva forte, "dialogar" meia hora e depois dispensa-los para casa para esperar o desfecho das negociações, fazendo coro com a atuação parlamentar, onde negociavam os nossos direitos, como a reforma da previdência por exemplo, para manter seus privilégios.

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Foi confirmada a demissão de 600 trabalhadores na próxima quinta feira. Enquanto o governo e sindicatos seguem na demagogia, milhares de famílias estão na rua. O modelo que vem sendo implementado com o falso discurso de salvar a economia, tem na verdade, precarizando ainda mais a vida da classe trabalhadora no Brasil. A reforma trabalhista do governo golpista de Michel Temer aliada a reforma da previdência e os diversos ajustes do governo Bolsonaro fazem coro as politicas do governo do Estado e dos empresários. Querem descarregar a crise capitalista nas nossas costas, nas costas da classe trabalhadora, nos levar à precarização e fazer com que trabalhemos até morrer, passando longe a preocupação com a economia do país de fato e, sim, preocupação em manter seus próprios privilégios.

O Sindicato, que deveria organizar os trabalhadores com seus próprios métodos, organizando comitês de base, organizando a classe operária em conjunto com outras categorias a combater de fato esse ataque contra uma das metodologias desumanas dos capitalistas, apresenta seu papel de burocracia excepcionalmente não organizando luta alguma e seguindo sua linha conciliadora, demostrando para os trabalhadores que não existem caminhos a se seguir que não sejam desmoralizantes, visto que a derrota já está dada. Também se apoiam num suposto deficit econômico, para justificar a falta de um verdadeiro plano de lutas, quando na verdade seguem em negociatas com os que retém os meios de produção para manter os seus privilégios usando nossas vidas e nossos empregos como moeda de troca, esquecendo que nossas vidas valem mais que os lucros deles.

Na assembleia desta manhã, que contou com a participação de pelo menos 100 mil trabalhadores, segundo dados do próprio sindicato, Wagnão, presidente do sindicato, culpou o governo pelo fechamento da fábrica, cobrando financiamento do BNDES para continuidade do processo produtivo em São Bernardo do Campo. O sindicato dessa forma coloca que está nas mãos do governo a manutenção da fábrica, e se esquece da força dos trabalhadores organizados e do poder de mobilização das massas, como podemos ver acontecendo no Chile.

A burocracia sindical age de forma criminosa e traidora ao não organizar um plano de lutas desde o começo do ano que colocasse o poder de decisão nas mãos dos trabalhadores e não do governo reacionário de Jair Bolsonaro. Seu discurso "emocionante" camufla toda uma rede de interesses que os coloca lado a lado com a aprovação das reformas e o fechamento da própria fábrica, colocando como contra partida uma possível readmissão em situações bem mais precárias. Se aliam com a politica de nos fazer trabalhar até morrer ou morrer trabalhando.

É mais do que urgente a auto organização dos trabalhadores e a retomada dos sindicatos como instrumentos de luta. A CUT e a CTB já nos mostraram dede o golpe muitas vezes quais os caminhos da conciliação e onde ele nos leva. Não vamos trabalhar até morrer! Que os capitalistas paguem pela crise!

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