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Teoria e prática revolucionária depois do “fim das ideologias”

Matías Maiello

Teoria e prática revolucionária depois do “fim das ideologias”

Matías Maiello

Em artigos anteriores desenvolvemos a relação entra a revolta e a revolução a partir de diferentes ângulos que marcam o desenvolvimento do atual ciclo da luta de classes. No último deles nos dedicamos à luta internacionalista na atualidade. Nestas linhas nos centraremos no significado da teoria revolucionária para estas batalhas.

Imagem: Lênin no III da Internacional Comunista

Sem teoria revolucionária não pode existir movimento revolucionário

A frase que intitula essa passagem do artigo é de uma conhecida afirmação de Lênin em Que Fazer? (1902), mas pode ser remontada facilmente às próprias origens do marxismo com Marx e Engels. Para reafirmá-la Lênin acrescentava que “jamais será exagero insistir nessa ideia.” Isso não é menos verdadeiro na atualidade depois de décadas de descontinuidade revolucionária e reação ideológica, com o pós-modernismo como “espírito de época” que buscou enterrar a ideia de revolução e até a própria existência de uma realidade “objetiva” para além do texto [1]; isso foi acompanhado de múltiplas teorias do fim “das ideologias”, “da história” (da luta de classes), “do trabalho”, etc.

O ciclo atual da luta de classes em nível internacional, com seus diferentes momentos no interior de cada processo, é um dos mais extensos e significativos – se não for o mais – desde o final do século passado.

Porém, ele acontece depois de mais de três décadas sem revoluções (ainda que não isentas de importantes levantamentos, jornadas revolucionárias e processos que se aproximaram da revolução como o Egito em 2011), acontece depois de que a burguesia conseguiu restaurar definitivamente o capitalismo onde ela tinha sido expropriado como na URSS, no Leste Europeu, na China, Vietnã, etc. Foram décadas de retrocesso em que o movimento operário viu suas organizações tradicionais se voltarem contra ele, aderindo à ofensiva neoliberal e à restauração capitalista no caso dos ex-Estados operários burocráticos [2].

Passaram 30 anos da queda do Muro de Berlim, mas também 11 da queda do Lehman Brothers – símbolo da crise de 2008. Hoje um novo cenário internacional está se formando. Com ele abre-se a possibilidade de um ressurgimento revolucionário no século XXI, para isso é fundamental reatualizar as condições subjetivas passadas décadas de ofensiva capitalista. A luta para construir partidos revolucionários em nível nacional e internacional adquire uma importância fundamental, e a teoria revolucionária é determinante neste combate.

Nesse sentido queremos apontar, de forma curta e abreviada cinco problemáticas que consideramos nodais na atualidade: 1) hegemonia e auto-organização; 2) teoria da revolução permanente; 3) análise concreto de situações; 4) estratégia; 5) a perspectiva comunista.

1. Posições estratégicas, hegemonia e auto-organização

Durante décadas a classe trabalhadora foi declarada irremediavelmente enfraquecida ou quase extinta. Para fundamentar isso, determinados fenômenos foram isolados do quadro de conjunto para assim lhes conferir um valor sem limites: os processos de “deslocalização” de empresas na Europa ocidental e nos EUA, sem ver que a classe operária estava se fortalecendo em outros lugares, começando pela China; a maior heterogeneidade da classe deixando de lado que isso era produto de sua crescente extensão; o enorme processo de fragmentação que a classe trabalhadora sofreu sem considerar que esta seguia ocupando as “posições estratégicas” da economia etc [3].

Esse tipo de ideologia sobre a classe operária não se propagou somente a partir dos think tanks e da direita acadêmica, mas também a partir de teorias que diziam ter como o objetivo o socialismo ou o comunismo. Entre os mais lidos, Laclau e Mouffe reduziram o debate estratégico da classe trabalhadora a um “essencialismo de classe” [4], e Negri estabeleceu que o conceito de “multidão” deveria “substituí-la” [5]. De conjunto se tratava – e trata – de uma amplíssima ofensiva ideológica que acertou em cheio grande parte das correntes que se reivindicavam do marxismo revolucionário. Foram atingidas de duas formas opostas mas complementares.

De um lado estiveram aqueles que cederam em alguma medida ao lema de que o movimento operário era mais um “movimento social” e que a luta pela hegemonia remetia a um “essencialismo de classe”. Como consequência, a construção de partidos revolucionários deixaria seu lugar para ser ocupado pela estratégia de “partidos dos movimentos” ou “partidos amplos” sem programa nem uma estratégia revolucionária para participar superficialmente “nos movimentos”, tais como estes se dão [6]. O caso mais emblemático é talvez o NPA francês já que ele surge da auto-dissolução de uma das mais importantes organizações do trotskismo internacional, a Liga Comunista Revolucionária francesa. Daniel Bensaid, que foi um de seus principais dirigentes, tinha assinalado, com razão, como a intelectualidade de esquerda, com Foucault e Deleuze, tinha chegado a “estratégia reduzida a zero” [7], entretanto, ele mesmo terminaria impulsionando um partido sem estratégia. Também podemos mencionar o PSOL brasileiro entre os “partidos amplos”.

De outro lado estavam aqueles que se limitaram a uma auto-afirmação da classe operária por fora de uma política hegemônica, aprofundando uma orientação rotineira e sindicalista de convivência pacífica no interior das organizações operárias tal como estas são. Este é o caso, por exemplo, da Lutte Ouvriere da França ou do PSTU no Brasil, entre os mais importantes. Uma variação intermediária expressou o PO argentino, erguendo uma parte da classe trabalhadora, o movimento de desempregados, como novo sujeito (“sujeito piqueteiro”) para mais tarde combinar esse sujeito com uma política não-hegemônica nos sindicatos.

Não é nenhuma “essência” metafísica que faz da classe operária o setor central na luta revolucionária pelo socialismo, mas o fato de ser a parte do povo explorado e oprimido que ocupa as “posições estratégicas” que fazem a sociedade funcionar. Isso lhe outorga, entre outras coisas, a força de paralisar a sociedade. Uma qualidade que não somente ela não perdeu mas que aumentou no último período, especialmente com o o salto na urbanização e a importância que ganhou o transporte metropolitano, como pode se ver hoje em dia no processo grevista francês. As “posições estratégicas” também outorgam um lugar privilegiado como articuladora de um poder independente, capaz de aglutinar o povo explorado e oprimido com sua própria auto-organização e autodefesa para derrotar o Estado burguês [8]. Por sua vez, o controle dessas posições nodais para a produção e reprodução social são determinantes para criar uma nova ordem (socialista) capaz de avançar na liberação da sociedade da exploração e da opressão.

O movimento de mulheres também emergiu como um poderoso movimento de massas em muitos países; no Chile, um dos epicentros do atual ciclo, conta com uma de suas mais importantes expressões [9]. Também o movimento ecologista, com expressões como “Fridays for Future” ou “Extinction Rebellion” [10]. Por seu lado, o movimento estudantil em lugares como Chile ou França tem um enorme tradição de luta. Os setores específicos da classe trabalhadora que detenham “posições estratégicas”, separados do restante da classe – como a juventude precarizada que foi um ator crucial em grande parte dos processos do ciclo atual – e daqueles movimentos, estão condenados à fragmentação e a um trabalho de Sísifo reivindicando melhorias parciais e provisórias. Mas sem esta força decisiva das trabalhadoras e trabalhadores, os movimentos, estudantil e de mulheres, ecologista, imigrante, etc., em quanto tais carecem da força necessária para derrotar os capitalistas e seus Estados e um impor uma nova ordem social.

Daí decorre que conserva toda sua vigência a colocação de Trotsky de que não pode haver programa (e estratégia) revolucionária sem lutar para erguer organismos de auto-organização e frente-única das massas como os “sovietes” ou conselhos, capazes de articular todos os setores em luta e de pré-configurar um poder alternativo. A história está repleta de exemplos, com maior ou menor desenvolvimento, desde os Sovietes russos e os Räte alemães, passando pelas Shoras iranianas até os Cordões Industriais chilenos.

Esta estratégia “soviética” é indispensável para não cair na justaposição de movimentos desconexos nem no corporativismo sindical. No entanto, ela parece praticamente esquecida na esquerda. Recuperá-la, desenvolvê-la tem sido uma das batalhas teóricas empreendidas pela FT-QI desde seu surgimento e tem orientado sua prática [11]. Frente a processos de radicalização de massas, somente um partido revolucionário que intervenha no operário, de mulheres, estudantil, etc., buscando desenvolver correntes próprias que lutem por esta perspectiva de auto-organização poderá realmente se propor a articular as forças materiais capazes de unificar a maioria da classe trabalhadora e lutar por uma nova hegemonia sob um programa socialista revolucionário.

2. Os objetivos democráticos e a “revolução permanente”

Junto do “fim da história” veio o postulado de que a democracia burguesa era a única democracia possível [12]. Esterilizada de seu conteúdo de classe foi utilizada como cobertura para a ofensiva neoliberal [13]. A luta pelas liberdades e direitos políticos deveria ficar prudentemente separada das transformações socio-econômicas indispensáveis para sua plena realização. Uma das correntes teóricas deste foco, popular entre o neo-reformismo europeu e as correntes “pós-neoliberais” latino-americanas é a teoria de Ernesto Laclau. Em sua abordagem da democracia e do “populismo” desaparecem os fundamentos objetivos (bases econômicos do capitalismo, a opressão imperialista, as classes sociais, as relações de força): se trata de “radicalizar a democracia” (sem adjetos) e conquistar a articulação de um populismo progressista.

A teoria da revolução permanente [14], elaborada por Trotsky em base às lições das revoluções do século XIX e do começo do século XX, parte exatamente do contrário: a “íntegra e efetiva resolução” dos objetivos democráticos é indivisível das transformações estruturais (por exemplo, na Revolução Russa, a luta contra a autocracia e a exploração dos latifundiários). Transportando esta teoria ao processo atual do Chile, temos por exemplo, a reivindicação de terminar com o regime herdeiro do pinochetismo (“não são 30 pesos, são 30 anos”), e isto é impensável sem destruir seus pilares: a subcontratação, a previdência privada (AFP), o lucro na educação e na saúde, a entrega dos recursos estratégicos ao grande capital, a subordinação ao imperialismo, etc. Disso decorre que os objetivos democráticos se ligam, necessariamente, às medidas de coloração socialista, que avançam sobre a propriedade privada capitalista, fazendo que o processo adote o caráter “permanente”, para o que a hegemonia operária se torna indispensável, como desenvolvemos no tópico anterior.

É lógico que esta abordagem da “revolução permanente” seja inversa daquela abordagem democrático-liberal, já que em um caso se trata de evitar a revolução e no outro de concretiza-la. Entretanto, apegadas ao clima de época, grande parte das correntes do trotskismo, já desde os anos 80, abandonaram a teoria da revolução permanente [15]. Em alguns casos sob a ideia de que o socialismo podia avançar “inconscientemente” das mãos de supostas “revoluções democráticas triunfantes” (revoluções de regime) [16], separando a luta por certas demandas democráticas (contra as ditaduras por exemplo) dos problemas democrático-estruturais (nas semi-colônias: a opressão imperialista, a questão agrária, etc.). Esta teoria, por exemplo, levou a LIT-CI (corrente internacional cujo principal partido é o PSTU brasileiro) a negar a existência de um golpe institucional no Brasil de 2016 e mesclar suas bandeiras com aquelas da direita golpista, ou a saudar o “tremendo triunfo das massas” na Líbia com a queda do regime pela via da ofensiva da OTAN (2011), e coisas do estilo. Em outros casos, como da ex-LCR francesa – depois convertida em NPA – se tratava de postular que a via ao socialismo passava por desenvolver uma “democracia até o fim” [17], sem um claro contorno de classe, e com a ajuda das instituições do regime democrático burguês.

Isso fundamentou deixar de lado uma estratégia e um programa claramente revolucionários. Este abandono da teoria da revolução permanente se produz justamente quando a imbricação entre as lutas democráticas e a luta contra o capitalismo se amplia enormemente, dando maiores fundamentos à hegemonia operária. Por um lado as democráticas se multiplicaram produto do salto que o capitalismo deu na articulação entre exploração e as mais diversas formas de opressão (racial, de gênero, cultural, de nacionalidade). Esta articulação entre opressão e exploração desempenha um papel cada vez mais fundamental na reprodução do sistema de conjunto [18].

Por outro lado a opressão imperialista deu um salto espetacular durante a ofensiva neoliberal torna impensável qualquer conquista democrática fundamental e duradoura nas semicolônias e países dependentes sem a emancipação do imperialismo [19]. As burguesias “nacionais” abandonaram qualquer pretensão nesse sentido. Isso é visível no ultraneoliberalismo de Bolsonaro, mas também no fracasso dos governos “pós-neoliberais” na América Latina, governos que inclusive em suas versões mais radicais, como o chavismo, foram incapazes de modificar uma estrutura dependente. Evo Morales e o MAS legitimaram o golpe cívico-militar e traíram a resistência; Lula e o PT desertaram de qualquer luta séria, primeiro contra o golpe institucional e agora contra Bolsonaro; Alberto e Cristina Fernández implementam um plano marcado pelo ajuste, com o objetivo de satisfazer o FMI. Trata-se de exemplos de que as burguesias “nacionais”, inclusive em suas versões “progressistas”, preferem se ajoelhar aos pé do imperialismo do que ver desatada a mobilização de massas.

Somente a unidade da classe trabalhadora junto ao povo explorado e oprimido pode se erguer como uma verdadeira alternativa, conquistando seu próprio poder para resolver íntegra e efetivamente os objetivos democráticos e da emancipação nacional, vinculando sua luta à da classe trabalhadora dos países centrais, e estabelecendo uma nova ordem social. Estes elementos (ainda que não somente estes, logo voltaremos ao tema) recolocam a atualidade da teoria-programa da revolução permanente, e tornam um elemento central das batalhas teóricas hoje colocadas, a necessária recriação de seus contornos na atualidade [20].

3. Análise concreto de situações concretas

Hoje estamos frente à crise do conjunto da ordem neoliberal que marcou as últimas décadas. À decadência da hegemonia norte-americana se soma a crise capitalista histórica, aberta em 2008. Enquanto os papas do neokeynesianismo defendem que para impulsionar a economia seria necessário um massivo investimento estatal, equivalente ao da Segunda Guerra Mundial, purgando um pequeno detalhe, a matança generalizada [21], a guerra comercial entre EUA e China (a a disputa muito mais profunda em torno da supremacia tecnológica) mostra o fim da “globalização” harmônica e a volta do nacionalismo das grandes potências.

Longe do catastrofismo mecânico aplicável a todos tempos e lugares (ou seja, alheio a política em geral e à revolucionária em particular), como pontuava Gramsci, frente as “erupções catastrófico do elemento econômico imediato (crises, depressões, etc.)”, nas economias mais avançadas a super-estrutura política desenvolveu uma maior capacidade de resistência. Depois da quebra do Lehman Brother o “crack” econômico foi evitado graças a uma intervenção estatal massiva para salvar os grandes bancos e corporações, tudo isso às custa das condições de vida das massas. Entretanto, tudo isso não conseguiu resolver a crise, mas a prolongou de forma rastejante [22] e multiplicando exponencialmente os níveis de desigualdade.

Estas são as causas profundas que estão por trás das erupção das massas que hoje vemos em diversos países. Porém, seria um erro tornar unilateral este elemento e pensar que estamos diante de uma única tendência que se traduziria mecanicamente em um giro à esquerda. Categorias como “crise orgânica” – elaborada por Gramsci em seus Cadernos do Cárcere – podem ser muito úteis [23] para abordar as crises que na atualidade atravessam múltiplos países (tanto centrais como periféricos). Sejam estas crises por um “fracasso da classe dominante” ou pela ação das grandes massas, abrindo um período de rupturas políticas das massas com seus partidos tradicionais e mudanças nas formas de pensar. Estas situações onde “o velho não termina de morrer e o novo não termina de nascer” colocam na ordem do dia “soluções de força”, ou seja, tanto giros bonapartistas como tendências convulsivas da luta de classes.

A existência destas crises não se traduz, entretanto, em “vazios” de hegemonia. Frente à ausência de uma alternativa estratégica independente e hegemônica por parte da classe trabalhadora, podem ocorrer desvios “pela esquerda” como mostram os processos na última década (tal como o Syriza na Grécia, que terminou aplicando o ajuste, o PODEMOS sobre o 15M espanhol, e hoje próximo a formar governo com o PSOE), ou podem ser capitaneados pela direita (na França depois dos Coletes Amarelos Le Pen canalizou o “voto útil” contra Macron), ou ainda dar lugar a saída mais bonapartistas (junho de 2013 no Brasil, frente aos ataques do PT e a ausência de uma esquerda que fosse uma alternativa, terminou fulminado e dando lugar às mobilizações da direita, ao golpe institucional e depois Bolsonaro); ou ainda depois do movimento da Praça Taksim com o auto-golpe de Erdogan na Turquia.
Por sua vez, o Estado capitalista, como assinalam tanto Trótski como Gramsci – com seu conceito de “Estado integral” – está longe de se limitar a “esperar” passivamente o consenso, ele se dedica a “organizá-lo” através da estatização das organizações de massa e o desenvolvimento de burocracias em seu interior (começando pelos sindicatos mas também nos “movimentos”) que garantam a divisão no interior da classe trabalhadora e entre os diferentes movimentos. Vimos isso na França (2018) com as direções sindicais buscando isolar em seu momento os Coletes Amarelos [24], no Equador com a Conaie buscando manter separado o movimento indígena, no Chile com as burocracias da “Mesa de Unidade Social” se vinculando à operação de isolar a juventude mais radical e os pobres das periferias.

Estes tipos de elementos são fundamentais para escapar de qualquer visão objetivista dos processos, uma visão abrigue a ilusão de triunfos revolucionários através da revolta. O ascenso espontâneo não permite pular a luta contra o reformismo e a burocracia. Ao contrário, a torna mais aguda. É um problema central que justamente torna fundamental a construção de partidos revolucionários nacional e internacionalmente.

4. Um indispensável retorno à estratégia

Depois da derrota do ascenso dos anos 70 do século passado, a reflexão estratégica foi uma das grandes ausentes nos debates do último período. Foram anos em que floresceram teorias anti-estratégicas, desde o fatalismo de um Foucault que vê soma de resistências sem possibilidade de vitória, até um voluntarismo de um Negri que proclama um “comunismo aqui e agora” sem revolução nem transição [25]. No terreno da esquerda partidária, a ausência de estratégia, normalmente é substituída pela rotina da tática (eleitoral e sindical) e ela é quebrada da luta para construir um partido revolucionário em nível internacional, substituindo esta luta – no melhor dos casos – por acordos diplomáticos que logo terminam dando em nada.

Se o programa de transição revolucionária coloca o quê nos propomos a conquistar, a estratégia se refere a como fazê-lo. Os problemas de tática e estratégia se tornam cada dia mais agudos com o desenvolvimento do atual ciclo da luta de classes. Sem partir de um desenvolvimento teórico sobre os mesmos é impossível abordar seriamente a pergunta sobre como podem os processos atuais superarem o estágio de ações de resistência ou atos de pressão extrema e, assim, liberar as forças necessárias para quebras os regimes em questão e impor uma “nova ordem” para que triunfem.

Sem abundar mais, hoje na França a greve do transporte já superou em quantidade os dias de greve da histórica greve de 1995 que derrotou o plano de reforma da aposentadoria e serviços sociais de Juppé. Este processo, o mais avançado que o atual ciclo de lutas deu até aqui, coloca agudamente questões como o desenvolvimento de organismos de auto-organização (comitês de greve ou coordenações) para que o movimento fique nas mãos dos próprios grevistas, uma vez que a burocracia, em suas diferentes alas – abertamente ou pelos fatos – busca uma trégua com o governo e limitar tudo a um movimento de pressão para negociar com Macron. O movimento também coloca questões como a garantia das paralisações e a organização da autodefesa. Também levanta a necessidade da frente única operária (“golpear juntos, marchar separados”) frente à burocracia, para assim impor a unidade de ação do movimento, ou ainda a questão da hegemonia para que os processos grevistas se desenvolvam com toda força como um movimento popular.
Trata-se, entretanto, somente do começo de muitos problemas de estratégia se pensarmos em termos de revolução, já que a greve geral coloca o problema do poder mas não o resolve. É necessário, por exemplo, que o movimento de massas desenvolva seus próprios organismos democráticos de poder (conselhos, sovietes, ou o nome que tenham) e suas próprias organizações de autodefesa para derrotar os capitalistas e seus estado. Como assinalava Trótski,
....na ação, as massas devem sentir e compreender que o soviete é sua organização, dele se reagrupam suas forças para a luta, para a resistência, para a autodefesa e para a ofensiva. Não é na ação de um dia, nem em geral, em uma ação realizada uma única vez que é possível sentir e compreender isto, mas através de experiências que são adquiridas em semanas, meses, até mesmo anos com ou sem descontinuidade [26].

Estes temas formam parte de um amplo espectro de problemas de estratégia e tática que foram motivo de intensos debates e desenvolvimentos durante toda história do marxismo revolucionário, e, em especial, desde a III Internacional e a apropriação crítica de muitos clássicos da estratégia – de Clausewitz em particular – que são imprescindíveis para abordar o marxismo como “guia para ação” (e não como um manual de procedimentos). Daí decorre que seu estudo e desenvolvimento nas condições atuais tenha sido objeto de importantes esforços da FT-QI [27]. Sem uma estratégia clara, dificilmente o programa pode passar das boas intenções e da prática cotidiana do rotineirismo, limitado aos cenários montados pela burguesia e pelo “Estado ampliado”.

5. A perspectiva do comunismo

A crise que arrasta o capitalismo é uma expressão de sua incapacidade para gerar novos motores da economia mundial. Como fica explícito nos esforços de Macron com a reforma da previdência, mas também com o ataque aos aposentados pelos mais diversos governos capitalistas, de Bolsonaro a Alberto e Cristina Fernández, questões positivas para a humanidade, como o aumento da expectativa de vida da população, são vista pelos capitalistas como uma ameaça e um fardo para seus lucros. Quanto ao trabalho, o atual desenvolvimento da ciência e da tecnologia permitiria reduzir drasticamente a jornada de trabalho, mas, nas mãos dos capitalistas, cada salto na produtividade do trabalho se traduz em aumento das horas extras, do desemprego ou o do subemprego [28].

O certo é que as grandes problemáticas estruturais que atravessam hoje o capitalismo têm um leque limitado de soluções. Por exemplo, sobre o problema do trabalho, do desemprego e do subemprego, as respostas que se colocam na atualidade podem reduzir-se essencialmente a três. A primeira, elencada pelo grande capital, se expressa atualmente em toda a série de “reformas trabalhistas” - como a adotada recentemente no Brasil no governo Temer -, impulsionadas por diversos governos para flexibilizar e precarizar ainda mais as jornadas. A segunda é a chamada “renda básica universal”, que além das intenções diversas de cada um de seus defensores, não representa mais que uma variante de uma política de subsídios e planos sociais que atenuar as consequências da espoliação capitalista. A terceira é a divisão das horas de trabalho e escala móvel de salários. Ou seja, que o trabalho atualmente existente seja distribuído de forma igualitária entre todos os trabalhadores, reduzindo a jornada de trabalho e estabelecendo um salário que dê conta das necessidades sociais (ou seja, necessidades histórico-morais) [29].

Certamente, este último implicaria em avançar contra a propriedade privada capitalista dos meios de produção, a expropriação das principais fontes da economia e o planejamento racional de toda a produção e, portanto, a conquista do poder pelos trabalhadores. Mas é a única solução para o problema do trabalho a favor da grande maioria, capaz de se opor seriamente à ofensiva capitalista. Além disso, corresponde a uma tendência muito mais profunda (histórica) de reduzir o tempo de trabalho que a sociedade precisa para sua reprodução, na qual a perspectiva do comunismo se baseia precisamente na minimização do trabalho necessário dos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia e, no lugar disso, que as pessoas possam dedicar suas energias ao lazer criativo da ciência, arte e cultura como fundamento de uma nova sociedade de "produtores livres e associados" [30].

Não há dúvidas de que a perspectiva do comunismo veio sendo abandonada por grande parte do século 20 pelo stalinismo - em suas diferentes variantes. Em base a isso, toneladas de propaganda foram usadas para identificar o "comunismo" como projeto emancipatório com as ditaduras burocráticas parasitas dos antigos estados operários. A historiografia liberal-conservadora, Figes, Pipes, Service, etc., gastou rios de tinta para dar importância a essa abordagem [31]. Hoje é um sintoma encorajador no coração do imperialismo se veja fenômenos como o chamado "socialismo millennial", onde nos EUA a maioria dos jovens tem uma visão positiva do socialismo. Mas além da difusão dessa idéia, o que mostra é como uma nova geração está buscando alternativas ao capitalismo.

Mas há uma grande batalha para recuperar o comunismo, não como uma Ideia com maiúscula como sugere Alain Badiou, mas sim como uma perspectiva política no século XXI. Eis o grande valor da teoria da revolução permanente, além do que apontamos anteriormente, como uma estratégia global que coloca todas as conquistas parcial, incluindo a conquista do poder em um país, em função do objetivo da revolução mundial e do processo de mudanças sociais, políticas e culturais que, após a tomada do poder, se orientam até a liberação do trabalho, a extinção do próprio Estado, das classes, da exploração e da opressão.

Teoria e prática

As questões que enumeramos ao longo deste artigo certamente não se esgotam aqui, nem os debates nem os problemas centrais aos quais o marxismo revolucionário deve dar respostas na atualidade. Se trata de uma enorme tarefa, a qual, na medida de nossas forças, desde a FT-CI dedicamos um esforço sistemático de elaboração e investigação expressas em dezenas de livros - alguns dos quais são mencionados nas referências deste artigo -, nas publicações de Ediciones IPS, o trabalho do CEIP-Centro de Pesquisas e Publicações “León Trotsky” (Argentina e México), nas 29 edições da revista Estrategia Internacional, as mais de 40 revistas Ideas de Izquierda e as mais de 80 seções do semanário de mesmo nome na Argentina (Ideias de Izquierda), além das edições Ideias de Esquerda e Iskra no Brasil, Ideas Socialistas do Chile, Ideas de Izquierda do México, Left Voice Magazine nos EUA, Contrapunto do Estado Espanhol, Ideas de Izquierda da Venezuela, RP Dimanche da França, entre outras publicações onde além das elaborações e debates elaborados por militantes da FT-CI, contam com colaborações, tribunas abertas e entrevistas de dezenas e dezenas de intelectuais de todo o mundo [32].

Como alertava Trótski: “No terreno da teoria, o centrismo é amorfo e eclético; se possível, ele evita obrigações teóricas e tende (em palavras) a privilegiar a "prática revolucionária" sobre a teoria, sem compreender que apenas a teoria marxista pode dar uma orientação revolucionária à prática ". Estamos convencidos de que somente a partir dessa compreensão é possível lutar consistentemente para colocar de pé um movimento revolucionário no século XXI.

NOTAS DE RODAPÉ

[1] Já debatemos muito com as diversas variantes do pós-modernismo nas páginas das revistas Estratégia Internacional, Lucha de Clases e Ideas de Izquierda. Veja por exemplo Claudia Cinatti “De saberes revolucionários e certezas pós-modernas (Lucha de Classes N.6, 2006). Também de Claudia Cinatti “A próposito de uma leitura do Espinoso sujeito. O centro ausente na ontologia política de Slavoj Zizek (Estratégia Internacional N.19, janeiro de 2003).

[2] Veja: Claudia Cinatti, “La actualidad del análises de Trotsky frente a las nuevas (y viejas) controversias sobre el socialismo”, Estrategia Internacional N.22, novembro de 2005.

[3] Veja: Nicolás Del Caño, Rebelde o precarizada, Buenos Aires, Planeta, 2019.

[4] Para uma polémica com Laclau e Mouffe, veja: Claudia Cinatti, “Ernesto Laclau y el elogio de la hegemonia burguesa “, Ideas de Izquierda,N.9, 2014.

[5] Para uma polêmica com Tony Negri, veja: Christian Castillo, Estado, poder y comunismo (Imago Mundi).

[6] Para uma crítica a esta estratégia veja: Claudia Cinatti “Que Partido para qual estratégia”, Estratégia Internacional Brasil, N.3, fevereiro de 2009. E também: Gastón Gutiérrez, “Sobre la actualidad de la ‘apuesta leninista’” e Ariane Díaz, “Nuevos argumentos para viejos reformismos” em Lucha de Clases N.° 6, junho 2006.

[7] Bensaïd, Daniel, Elogio de la política profana, Barcelona, Península, 2009.

[8] Ver: Paula Varela, “Crítica al concepto de ‘trabajadores subalternos’”, Ideas de Izquierda N. °15, novembro 2015.

[9] Ver: Andrea D’Atri, Pan y Rosas. Pertenencia de género y antagonismo de clase en el capitalismo, (várias edições em castelhano, italiano, francês, português e alemão); Andrea D’Atri, Celeste Murillo, Ana Sánchez, Luchadoras (IPS); Josefina Martínez e Cynthia Burgueño, Patriarcado y capitalismo. Feminismo, clase y diversidade (Akal); Josefina Martínez, Revolucionarias (Editorial Lengua de Trapo); Diana Assunção (org.), A precarização tem rosto de mulher (Iskra); Andrea D’Atri e Diana Assunção, Lutadoras (Iskra); entre outros livros publicados por militantes da FT-QI sobre o tema e múltiplos artigos dedicados ao tema, recorrendo duas décadas de elaboração e debates sobre as mulheres, o feminismo e o socialismo.

[10] Veja: “O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo” (Declaração internacional da FT-QI.

[11] Uma das primeiras elaborações da FT-QI neste sentido foi: Emilio Albamonte, Fredy Lizarrague, Manolo Romano “La estratégia soviética en la lucha por la Republica obrera (Estrategia Internacional, N.4-5, julho de 1995). Veja também Claudia Cinatti e Emilio Albamonte “Para além da democracia liberal e do totalitarismo” ->https://www.esquerdadiario.com.br/Para-alem-da-democracia-liberal-e-do-totalitarismo] (Estratégia Internacional, n.21)

[12] Por exemplo, na Argentina os intelectuais agrupados em Punto de Vista e no Club de Cultura Socialista que estiveram ligados a diferentes grupos de esquerda nos anos 70 ligaram-se ao alfonsismo no final da ditadura, apresentando a democracia burguesa semi-colonial como o horizonte máximo a que se podia aspirar a alcançar (Veja: Ariane Diaz, “Táctica y estrategia del conformismo social-liberal, Ideas de Izquierda N.° 10, junho 2014).

[13] Juan Chingo e Laura Lif, “Transiciones a la democracia’. Un instrumento del imperialismo norteamericano para administrar el declive de su hegemonía”, Estrategia Internacional N.° 16, agosto 2000.

[14] Ver: Gabriela Liszt, “Prólogo à compilação Teoría de la revolución permanente”.

[15] Recentemente, Mercedes Petit criticou um artigo nosso, acusando a quem escreve de falsificar o pensamento de Nahuel Moreno por dizer que para ele a revolução era um trem imparável e que pelo seu próprio impulso vai além das intenções que têm as direções do movimento de massas, mesmo que fossem pequeno burguesas.
Como prova, cita Moreno: "Se pode comparar a um trem em movimento: se não é guiado pelos bolcheviques, o trem para". No entanto, imediatamente antes dessas linhas, Moreno diz: “A revolução é tão forte, empurra tanto, que apesar da direção oportunista e da pequena burguesia não serem socialistas, elas agora se veem obrigadas muitas a fazer [a revolução socialista], devido a pressão ”. Petit sequer faz referência à citação que fazemos de Moreno no mencionado artigo, quando este retoma Moreno ao dizer que “não é obrigatório que seja a classe operária e um partido marxista revolucionário quem dirija o processo da revolução democrática até a revolução socialista”. Assim, podemos ficar nessa discussão de se o trem para aos 50 km ou aos 500 km. Mas o fundamental é que o conceito evolutivo de que parte Moreno (e que Petit defende): o trem chega até a expropriação da burguesia (com uma direção qualquer) e depois os revolucionários fazem o revezamento na condução da locomotiva e continuam o caminho. Mas a realidade é que, por um lado, na maioria dos processos revolucionários do Pós-Guerra, “o trem não chegou” à expropriação da burguesia (França, Grécia, Itália, Portugal, Chile, Nicarágua, etc…). Por outro lado, as direções (pequeno burguesas e estalinistas) que sim encabeçaram os processos que terminaram com a expropriação da burguesia (China, Cuba, Vietnã, em menor medida Europa Ocidental), utilizaram o prestígio de terem sido a cabeça da revolução para então intervir nos sindicatos, perseguir politicamente a vanguarda operária e os trotskistas (que como critica corretamente Ernesto González, no caso do POR em Cuba, logo deixaram de ser defendidos pelas correntes do trotskismo, inclusive a dirigida por Moreno), para impedir seu desenvolvimento internacional e o avanço da transição ao socialismo. Isso não é simplesmente um “freio”, mas sim, como foi demonstrado historicamente (e Trotsky já havia colocado isso em A revolução traída), é o início de um caminho até a restauração capitalista.

Uma coisa é defender as conquistas da revolução e reconhecer que se constitua um Estado Operário, ainda que deformado burocraticamente, como o fez corretamente Moreno e sua corrente, entre outras, contra “normativistas” como Lambert ou Healy. Outra coisa muito diferente é não ver que se a classe operária dirigida por um partido revolucionário não surge como direção do conjunto do povo oprimido na revolução democrática (como coloca Trotsky na Teoria da Revolução Permanente), se debilita enormemente o processo de conjunto, já que essas direções minam as bases do Estado Operário desde seu início e usam a força do Estado contra a vanguarda para impedir que outros processos tomem um curso parecido, como imortalizou Castro ao dizer que não queria que Nicaragua fosse outra Cuba. Se voltássemos à metáfora do trem, teríamos que dizer que o que a burocracia faz é ir desarmando o trem desde dentro (e mais profundamente vai sendo quanto mais tempo o conduzir), vai roubando suas peças, não faz sua manutenção, até que em um determinado momento o trem descarrila e o desvia brutalmente, ou, no melhor dos casos, não se movimenta mais e os passageiros devem ir a pé.

[16] Ver: Gabriela Liszt, “Historia y balance del MAS argentino (parte1) (Lucha de Clases N.° 6, junho de 2006).

[17] Ver Emilio Albamonte e Matías Maiello,“En los límites de la ‘restauración burguesa’” (Estrategia Internacional nº 27).

[18] Para outros artigos neste sentido, além dos livros mencionados na nota 8, ver: Daniel Alfonso e Daniel Matos, Questão negra, marxismo e classe operária no Brasil (Iskra); Javo Ferreira, Comunidad, indigenismo y marxismo (IPS).

[19] Sobre as discussões atuais em torno do imperialismo ver: Esteban Mercatante, “El capitalismo global como construcción imperial”, Ideas de Izquierda N.° 27, março 2016; “Las venas abiertas del Sur global”, Ideas de Izquierda N.° 28, abril 2016; “Londres: el poder de manejar el dinero ajeno”, Ideas de Izquierda N.° 29, maio 2016.

[20] A recuperação da teoria-programa da revolução permanente, que foi chave para a FT-CI desde seu surgimento Uma das primeiras elaborações neste sentido foi “Polémica con la LIT y el legado de Nahuel Moreno”, de Manolo Romano. Ver: Trotsky, León, La teoría de la revolución permanente (compilación) (IPS).

[21] Ver: Paula Bach, “Economía, política y guerra: Ese oscuro objeto (neo)keynesiano” (Estrategia Internacional N.° 28, 2012).

[22] Paula Bach, “Estancamiento secular, fundamentos y dinámica de la crisis” (Estrategia Internacional N.° 29, 2016).

[23] Sobre o pensamento de Gramsci, recentemente foi publicado em português com prólogo do reconhecido investigador italiano Fabio Frosini o livro de Juan Dal Maso O Marxismo de Gramsci (Iskra) – em castelhano El marxismo de Gramsci (Ediciones IPS)–. Do mesmo autor, sobre o pensamento de Gramsci e Trotsky: Hegemonía y lucha de clases (IPS). Ver também: Emilio Albamonte e Manolo Romano “Trotsky y Gramsci. Convergencias y divergencias” (Estrategia Internacional N.° 19, janeiro 2003); Emilio Albamonte e Matías Maiello “Gramsci, Trotsky y la democracia capitalista”(Estrategia Internacional N.° 28, 2012).

[24] Ver: Juan Chingo, Gilets Jaunes. Le Soulèvement (Communard.e.s).

[25] Ver: Emilio Albamonte e Matías Maiello, “La imperiosa actualidad de la estrategia”.

[26] León Trotsky, Stalin, el gran organizador de derrotas, Obras Escolhidas Tomo I, Buenos Aires, Ediciones IPS, 2012, p. 220.

[27] Como parte disso em 2011 e 2012, realizamos dois seminários com a participação de mais de 200 integrantes da FT-CI em diferentes países. O primeiro com foco na obra de Carl von Clausewitz Da Guerra. O segundo com ênfase na concepção de estratégia elaborada pelo marxismo da III Internacional durante seus primeiros quatro congressos e, em particular, nos escritos de Leon Trotsky sobre o tema. Parte dessa elaboração está no livro Estrategia socialista y arte militar de Emilio Albamonte e Matías Maiello, assim como as mencionadas elaborações sobre Gramsci e os debates em torno de seu pensamento.

[28] Sobre esta problemática e o desenvolvimento das novas tecnologias,ver: Paula Bach, “¿Fin del trabajo o fetichismo de la robótica?”, Ideas de Izquierda N.° 39, julio 2017; da mesma autora, “La conspiración de los robots”, Ideas de Izquierda N.° 37, maio 2017.

[29] Ver: Dossiê “Los trabajos y los días” em Ideas de Izquierda N.° 37, maio 2017.

[30] Ver: Emmanuel Barot, Marx en el país de los soviets. O los dos rostros del comunismo (IPS).

[31] Pouco importava a verdade história e o fato de que, para triunfar, Stálin tenha liquidado os soviets e a quase totalidade dos dirigentes bolcheviques, incluindo Trotsky, quem encabeçou a luta contra o estalinismo na Rússia e internacionalmente. Essa história em forma de miniserie pode ser vista em “Trotsky: o rosto de uma revolução” no Netflix, cujas falsificações foram expostas por um amplo leque de intelectuais em todo o mundo em uma declaração impulsionada pelo neto do Trotsky, Esteban Volkov e o CEIP “Leon Trotsky”.

[32] Passaram por essas publicações: Terry Eagleton, Alex Callinicos, Daniel Bensaïd, Ellen Meiksins Wood, Kevin Anderson, Daniel James, Anwar Shaikh, Nancy Fraser, Ilan Pappé, Ana de Miguel, Marcel van der Linden, Michael Roberts, Tony Norfield, John Smith, Leo Panitch, Gérard Duménil, Wendy Goldman, Esther Leslie, Thiti Battacharya, Charlie Post, Andrew Kliman, Pietro Basso, Enzo Traverso, David Harvey, Noam Chomsky, Tariq Ali, Warren Montag, Fabio Frosini, Éric Toussaint, Eduardo Grüner, Martín Kohan, Ariel Petruccelli, Selma James, Giuliano Guzzone, Maristella Svampa, Hernán Camarero, Alejandro Schneider, Kohei Saito, Giuseppe Cospito, Stathis Kouvelakis, entre muitos outros.


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