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ASSÉDIO SEXUAL | Trabalhadoras não denunciam assédio sexual por medo de perder o emprego em meio à crise

Com o aumento do desemprego e a recessão econômica as denúncias de assédio por parte de chefes e patrões diminuiu, segundo pesquisa do Ministério Público do Trabalho.

Zuca FalcãoProfessora da rede pública de MG

terça-feira 29 de agosto de 2017 | Edição do dia

Não bastassem todos os problemas que nós mulheres enfrentamos cotidianamente como jornada tripla, salários inferiores aos dos homens em cargos iguais e a dificuldade com empregos que não favorecem as necessidades especiais das mães trabalhadoras como creches e horários para amamentar, além das constantes punições quando as mães precisam faltar pra cuidar de seus filhos doentes (tarefa na grande maioria das vezes assumida unicamente por elas), a preocupação em manter o emprego em meio a essa crise econômica e aprovação de ataques como a reforma trabalhista nos obriga a aceitar condições ainda mais humilhantes de trabalho, onde denunciar um caso de assedio da parte de um chefe ou patrão pode acarretar na perda do emprego, num cenário atual ainda mais agravante onde muitas mulheres são arrimo de família.

Dados do Ministério Público do Trabalho apontam uma queda no número de denúncias desde o ano passado, na contramão do que vinha ocorrendo nos anos anteriores quando após uma campanha do MPT as denúncias de assédio sexual vinham aumentando. Segundo dados divulgados pelo jornal Folha de São Paulo, em 2015 foram 250 denúncias de assédio ao MPT, em 2016 248 e esse ano, até agora, foram 144 denúncias.

No mesmo artigo em que divulga esses dados a Folha exibe entrevistas com diversas trabalhadoras que relatam terem sofrido assédio sexual no trabalho, mas que se mantiveram em silêncio com medo de perder o emprego e outras que denunciaram e ficaram desempregadas.

A situação tende a ser pior para mulheres negras que além de ocuparem geralmente postos mais precarizados e se encontrarem em condições socioeconômicas mais desfavoráveis, ainda carregam o estigma da hiperssexualização, fato que pode nos colocar na linha de frente do assédio sexual.

Situações absurdas como se calar frente a um assédio sexual só tendem a aumentar como a aprovação de todos os ataques que as trabalhadoras vem sofrendo, como o lei da terceirização irrestrita e reforma trabalhista, já aprovadas, e a reforma da previdência, que o governo Temer busca de todas maneiras aprovar até outubro. Por isso se faz urgente retomar o caminho da greve geral para derrubar as reformas e privatizações de Temer.




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