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ESQUERDA DIÁRIO IMPRESSO | Uma festa Olímpica de desemprego, crise na saúde e educação e recordes de privatização. Como resistir?

O descontentamento se expressa em cada parte do Rio, e do país. O "Rio vitrine" do projeto nacional anterior ruiu. Pode ser que esse descontentamento vire ações de luta, contestação. O mesmo acontece enquanto segue o descrédito dos políticos patronais em todo país, todos estão questionados. Como resistir?

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quarta-feira 3 de agosto de 2016 | Edição do dia

As Olimpíadas concentravam, como símbolo, como investimento, como vitrine, uma ideia de “Brasil Potência” e desenvolvido, onde todos ganhavam cada dia mais que no dia anterior, calma e pacificamente melhor. Eram um símbolo máximo da parceira do PT com o PMDB aplaudida pela elite nacional e estrangeira que permitia ao país um lugar maior ao sol. Isso tudo mudou.

Mudou também a esperança que os brasileiros depositavam em uma ideia de que poderíamos prosperar se tanto Abílio Diniz, Marcelo Odebrecht, a FIFA, o Comitê Olímpico Internacional, como nós trabalhadores ganhássemos junto deles. Nunca ganhamos tanto quanto eles, mesmo quando economia crescia. Agora, na crise, só eles ganham. A nós sobra desemprego, cortes na saúde e educação e até mesmo atraso de pagamentos de salário como acontece no RJ e em outros estados. Chegam até o cúmulo de fechar leitos em hospitais para reservar aos atletas e turistas. Aos pobres, os corredores de UPAs sem médico, sem remédio, sem esparadrapo.

Com a crise econômica vivemos também alguns elementos de crise social. E isso se expressa na desconfiança, descrédito, e desgosto com as obras superfaturadas com uma Olimpíada que não vai ajudar ninguém (fora a Globo, que, como sempre, lucra). Um descontentamento que se expressa em cada parte do Rio. O Rio vitrine do projeto nacional anterior ruiu. Pode ser que esse descontentamento vire ações de luta, contestação. Pode ser que não. Mas ele está lá.

Este descontentamento acontece ao mesmo tempo que continua o descrédito dos políticos patronais em todo país. Menos de metade da população (48%) segundo a última pesquisa apoia o impeachment. Mas isso também não significa que queiram a volta de Dilma em sua maioria. Nem que Temer permaneça. Estão todos questionados. Cientes disso há setores da elite que aventam e testam em pesquisas qual seria a aceitação de novas eleições. Ter novas eleições ajudaria a que um novo presidente estivesse ungido pelos votos com um mandato para realizar a pesada agenda de ataques que Dilma iniciou e Temer planeja realizar.

Enquanto não há grandes ações dos trabalhadores e da juventude que coloquem o governo golpista de Temer em xeque, e enquanto o judiciário lhe mostra os dentes mas ainda não morde os intermináveis corruptos do governo golpista, Temer avança em ataques a classe trabalhadora e profunda entrega das riquezas nacionais. Já anunciou que a reforma da previdência vai se aplicar a todos que tenham menos de 50 anos de idade, a amplíssima maioria dos trabalhadores terá seus direitos sequestrados. Trabalharemos mais e mais anos e, se deixarmos, até 80 horas por semana (como defendeu um membro da Confederação Nacional da Indústria). Junto a isso entregam, a preço de banana e ilegalmente, um imenso campo do pré-sal.

Os editoriais da grande mídia exigem pressa nesses ataques, para aproveitar essa estabilidade relativa. Temer avança passo a passo, medindo se haverá resistência, esperando aprovação do impeachment no Senado e medindo se não coloca em risco os resultados eleitorais de outubro. Quando houve resistência, recuou. Assim foi na extinção do Ministério da Cultura e outras medidas. Então ele é derrotável. Resta organizar a força para isso.

Dia 16 de agosto está convocado um dia de paralisação e “assembleia nacional da classe trabalhadora”, esta paralisação contra os ataques do golpista Temer é convocada por todas centrais sindicais. As principais centrais do país e seus sindicatos, como a golpista Força Sindical, ou as ligadas ao petismo como a CUT e CTB não estão construindo essas paralisações ativamente, com assembleias e propondo paralisações de verdade. Sem isso não será barrada a entrega do pré-sal, a privatização da Petrobras, muito menos a planejada reforma da previdência. É preciso um verdadeiro plano de lutas para organizar a resistência contra os ataques de Temer para que se possa colocar os golpistas e todos empresários contra a parede, e assim fazer do grito “fora Temer”, uma realidade a partir da mobilização da classe trabalhadora.




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