Segundo o MP, na Feira da Madrugada existe um esquema de negociação ilegal de boxes armado pelos administradores do centro de compras populares. Como o local é de responsabilidade da prefeitura, Kassab e mais dois ex-secretários de sua gestão estão sendo acusados de se omitirem acerca desse esquema. De acordo com os promotores, o então prefeito não agiu no sentido de "impedir com que a Feira da Madrugada se transformasse em ’local sem lei’".
O esquema de corrupção, além de envolver o atual ministro das Cidades do governo Dilma e os administradores locais da feira, inclui a suspeita de envolvimento da máfia chinesa e do PCC (Primeiro Comando da Capital). As denúncias afirmam que a administração da feira (comandada por João Roberto da Fonseca e seu "testa de ferro", o conhecido "xerife da feira" Manoel Sabino Neto) fechavam vendas ilegais com os lojistas, chegando a coagir os vendedores a pagarem altos preços pelo aluguel dos boxes. Segundo a investigação, a máfia chinesa pagava laranjas para obter vários boxes diferentes enquanto os membros do PCC garantiam a "segurança" dos ambulantes (ajudando a expulsar os comerciantes que não pagavam propina para o "xerife").
Em meio a esse cenário de corrupção, cujas apurações datam dos anos de gestão Kassab entre 2010 e 2012, tanto a defesa do ex-prefeito quanto a de seus secretários da época (Ronaldo Souza de Camargo, da Coordenação de Prefeituras, e Marcos Cintra, do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho) negam o envolvimento e dizem que foram colocadas em práticas as medidas para a devida regularização.
O desembargador Borelli Thomaz afirma que eles [Kassab e Marcos Cintra] "apenas observaram as práticas ilegais e nada fizeram para coibi-las de modo efetivo, inclusive mantendo João Roberto como administrador do local".
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