Nessa segunda feira, 01 de outubro, foi decidido em uma reunião no Palácio do Planalto pela demissão do general João Carlos Jesus Corrêa da presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A demissão foi acordada após brigas entre Corrêa e o secretário especial de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabham Garcia.
A já longa briga entre os dois era centrada na concessão de títulos de propriedade de terra para assentados. Nabham, notoriamente associado aos interesses de grileiros e latifundiários, pressionava o Incra para que desse propriedade sobre terras ocupadas irregularmente, especialmente na região amazônica, onde fazendeiros invadem terras de floresta para desmatar e grilar. O órgão, por sua vez, afirmava que os severos cortes que o governo Bolsonaro impôs à pasta tornariam impossíveis as ações de mapeamento e regulamentação.
Este já é o segundo cargo ligado ao meio ambiente e direito à terra derrubado por Nabham Garcia. Em junho, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg Freitas, foi retirado de seu cargo por Bolsonaro por pressão de Garcia. Na ocasião, o presidente destituído da Funai afirmou que Nabham, líder ruralista, "saliva ódio aos indígenas", e afirmou que sua demissão estaria ligada ao esforço de Garcia para acabar com o Departamento de Proteção territorial da Funai (DPT), encarregado de identificar, demarcar e proteger as terras indígenas.
Mais essa demissão, agora, demonstra cabalmente como o governo Bolsonaro abriga os setores mais reacionários e precatórios do oligárquico e sanguinário agronegócio brasileiro. Não só isso, mostra o compromisso desse governo com uma agenda de devastação e ataques ao direito à terra, em favor dos grandes latifúndios e grileiros.
Nabham Garcia é um dos embaixadores do agronegócio no governo Bolsonaro, encarregado de acabar com qualquer empecilho à sanha dos capitalistas de se apropriar do máximo de terra e desmatar o quanto for necessário para aumentar sempre seus lucros. Isso está alinhado à agenda de Bolsonaro de destruir toda e qualquer forma de regulação ou monitoramento da terra no campo, dando carta branca aos ruralistas e cumprindo sua promessa à bancada do boi de que "esse governo é de vocês".
Bolsonaro representa, em seu governo, os interesses mais parasitários, sanguinários e exploratórios desse agronegócio que assassina indígenas e pequenos agricultores no campo, desmata, queima e grila terras. A luta contra seus ataques, e contra o avanço ainda maior dos herdeiros burgueses da aristocracia rural escravocrata passa, necessariamente, pela luta contra os grandes capitalistas que lucram bilhões com a destruição de nosso meio ambiente, o roubo de nossos recursos naturais e a exploração selvagem de trabalho muitas vezes análogo à escravidão. É a luta da classe trabalhadora junto ao conjunto dos povos camponeses, indígenas e quilombolas pela expropriação dos grandes latifúndios e traders de soja. Pela apropriação, pelas mãos dos trabalhadores, de toda a tecnologia atualmente usada pelos ruralistas para explorar os trabalhadores e entregar nossas riquezas ao capital financeiro internacional. A luta, também, pela reforma agrária radical, feita pelos trabalhadores do campo, sem nenhuma indenização aos capitalistas e rumo à socialização do trabalho no campo! Contra Bolsonaro e seu projeto de apropriação de terras e destruição da natureza, a luta dos trabalhadores!
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