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Em seu discurso na 75ª Assembleia Geral da ONU, feito na manhã desta terça-feira, 22, Bolsonaro soltou mais uma “pérola”. De acordo com ele, precisamos combater a “cristofobia”.
“A liberdade é o bem maior da humanidade. Faço um apelo à toda comunidade internacional: pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia (…) O Brasil é um país cristão e conservador, e tem na família a sua base. Deus abençoe a todos”.
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De acordo com o balanço feito pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2019, o “Disque 100” registrou 506 casos de discriminação religiosa no Brasil, sendo 72 casos contra pessoas da umbanda, 47 contra pessoas do candomblé e 28 que se identificam como “religiosos de matriz africana”, representando mais de 30% de todos os casos. No Brasil, as pessoas que seguem alguma religião de matriz africana representam menos de 0,5% da população total, de acordo com o Censo 2010 do IBGE.
Já os católicos e protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais), que somados representam 86,8% dos brasileiros, não chegam nem a 8% dos casos de discriminação religiosa.
Ao mesmo tempo e com o expresso desejo de Bolsonaro, o Congresso aprovou recentemente o perdão de R$ 1 bilhão de reais às igrejas, com a PL 1581/2020 de autoria do deputado David Soares, nada mais nada menos do que o filho de R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Nas mãos do presidente, não houve veto completo do projeto. Ele sancionou a isenção da contribuição previdenciária por parte das entidades religiosas e anulou multas anteriores a 2015 das mesmas, concedendo um importante benefício aos templos, acenando à Bancada da Bíblia.
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Essa realidade escancara o peso do cristianismo nas decisões políticas de um país que somente é laico nas letras já mortas de nossa Constituição. Um regime que não somente salva dívidas bilionárias das igrejas como também pratica perseguição sistemática aos negros e negras e ao seus direitos de manifestarem suas crenças.
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A interferência da igreja no Estado só garante retrocessos em direitos fundamentais. E essa interferência no Brasil é realizada majoritariamente pelos representantes de religiões predominantemente cristãs, como Edir Macedo, Estevan Hernandes Filho, R. R. Soares, Silas Malafaia, todos eles bispos-capitalistas, aliados do presidente, que se utilizam da fé das massas para ampliar seu poder material e político.
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