A votação da reforma universitária estava marcada para quarta, mas teve de ser adiada para quinta-feira devido ao grande número de deputados que pediram para intervir no debate. A lei vem causando turbulência política e reações sociais na Grécia há semanas.
Diferentes associações de estudantes e professores se reuniram nas portas da sede do parlamento pela quinta semana consecutiva para mostrar sua rejeição à polêmica lei.
O protesto na capital grega, Atenas, reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo fontes oficiais, e culminou em confrontos entre policiais e estudantes na Praça Syntagma.
Mais tarde, enquanto a maior parte da manifestação continuava a marchar, mais confrontos eclodiram quando um grupo de manifestantes atirou coquetéis molotov contra os policiais, que responderam com gás lacrimogêneo e detiveram várias pessoas.
Comícios massivos nas ruas levaram a oposição grega a pedir que o debate sobre a lei fosse adiado até o fim da crise da COVID, mas o ministro da Educação, o conservador Nikos Kerameos, os acusou de querer "bloquear o Parlamento".
Segundo Kerameos, a nova lei vai permitir à polícia "salvaguardar" a liberdade acadêmica e reforçar a segurança sem ter de agir sob a supervisão do reitor de cada universidade.
Será a primeira vez desde a queda da ditadura dos coronéis em 1974 que haverá uma presença policial permanente nos campi universitários gregos.
Além disso, a nova legislação prevê a limitação do acesso à universidade por meio de exames admissionais mais rígidos, o que tem causado indignação entre alunos, pais e professores.
As associações de pais e mães criticam que com a reforma terão que arcar com despesas adicionais, já que terão que pagar segunda mensalidade, reforço escolar ou ingresso em universidades privadas, o que muitos não podem assumir. As associações de estudantes insistem que é uma lei repressiva e autoritária que busca distanciar os movimentos políticos das universidades.
Referindo-se à presença policial nas universidades, o líder da oposição e ex-primeiro-ministro, o esquerdista Alexis Tsipras, acusou o governo do conservador Kyriakos Mitsotakis de ter "começado a perder completamente o controle político e o da pandemia", e a implementar " métodos não democráticos ".
Além disso, censurou o ministro por ter elaborado uma lei que resultará em 24 mil matrículas a menos, em um ano em que “todos pensam na pandemia, como vamos sair dela e como evitar o contágio. "
|