Muitos colegas hoje estão desacreditados com o sindicato. São colegas contratados, professores e professoras que fizeram greve nos últimos anos, educadores e educadoras que vêm sendo desrespeitados há anos por sucessivos governos que insistem em atacar a educação pública. Essa descrença é compreensível, tendo em vista que hoje a direção do sindicato está nas mãos de grupos que rifaram nossos direitos em negociatas pelas costas dos trabalhadores. Nós, do Movimento Nossa Classe (composto por militantes do MRT e independentes), que construímos a chapa Novo Rumo para o 39º núcleo do CPERS, apresentamos uma alternativa a essa direção e queremos debater com os professores e as professoras que querem um novo rumo.
A educação é uma das principais inimigas do governo Bolsonaro. Desde que assumiu, vimos ataques, tentativas de calar a nossa voz, desrespeito com educadores e uma política genocida que está levando centenas de milhares à morte. Os serviços públicos em geral estão sendo destruídos pelas reformas neoliberais aplicadas desde o golpe de 2016 até agora, com aprofundamento sob Pualo Guedes e esse Congresso Nacional reacionário. No Rio Grande do Sul, apesar do governo estadual se apresentar como defensor da ciência, a educação e os serviços públicos também vêm sendo alvo de ataques. Leite segue os passos de Sartori na privatização do patrimônio público gaúcho, em descarregar a crise econômica nas costas dos trabalhadores e dos serviços públicos e na priorização dos lucros dos empresários em detrimento da vida durante a pandemia. A única forma de combater esses ataques é confiar nas forças dos próprios trabalhadores, e não na justiça ou no parlamento. Daí a importância de ferramentas como o CPERS. Nosso sindicato deve ser um polo de organização dos professores para, junto das demais categorias, defender nossos direitos e avançar para que essa crise econômica e pandêmica seja paga pelos capitalistas e não pelos trabalhadores. Diferentemente da atual direção, controlada pelo PT, PCdoB e PDT, que possui membros nas duas outras chapas, apostamos na nossa força apenas. A chapa que contém a maioria da atual direção sindical é a chapa "Cpers unido e forte", com militantes do PT, PC do B e PDT e a chapa que contém alguns membros da atual direção sindical e outras organizações é a chapa "Muda Cpers", com militantes da AE/PT, Resistência/PSOL, CS/PSOL, Intersindical/PSOL, Mes/PSOL e Escola do Povo/PT.
Nós construímos nossa chapa em base a quatro eixos de campanha. Esses quatro eixos norteiam o programa que queremos levar a frente nessas eleições e, caso eleitos, no núcleo.
1. Em defesa da educação pública e contra os ataques aos nossos direitos, que os capitalistas paguem pela crise!
Reajuste salarial digno para servidores e educadores. Há anos sofremos arrochos que estão corroendo o nosso poder de compra e levando os professores à fome e à miséria
Contra as privatizações de Guedes e Leite! A luta em defesa da Corsan, CEEE, Procempa, Banrisul, Carris e demais estatais é uma luta de todos os servidores! Contra a privatização da Petrobrás, Correios e demais estatais!
Em defesa do plano de carreira dos educadores!
Essa crise não foi criada por nós, eles que paguem! Pela cobrança dos sonegadores bilionários e confisco dos bens. Pelo fim das isenções fiscais aos grandes empresários. Pelo não pagamento da dívida pública aos banqueiros! Esse dinheiro pode ser usado para reaver os direitos dos servidores e combater a pandemia no estado!
Nossa luta é nacional e deve se enfrentar com todos os poderosos hoje comandando o país, por isso gritamos Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, sem nenhuma confiança no Congresso ou no STF que avalizam a retirada dos nossos direitos. Por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela mobilização, que se enfrente com o conjunto do regime golpista!
2. Por uma saída dos trabalhadores para a pandemia! Que as comunidades escolares decidam quando e como voltar as aulas presenciais!
Fortalecer a auto-organização em assembleias por escolas para que sejam as comunidades escolares que decidam como e quando retornar as aulas presenciais e não o governo que desconhece a realidade da escola pública. É mentira dizer que os professores não querem voltar para a escola, mas queremos voltar com condições sanitárias dignas!
Reformas prediais para melhorar a infra-estrutura das escolas, ampliar o tamanho das salas, garantir ventilação e condições sanitárias. Por um plano de obras públicas controlado pelos trabalhadores para encarar esses e outros problemas estruturais das cidades!
Testagem massiva para todos os educadores e a comunidade escolar. Impossível retornar as aulas presenciais de forma irracional, sem haver testagem massiva para todos os educadores.
Vacina para todos já! É preciso lutar contra a divisão que os governos impõem para a vacinação da população, bem como as vacinas VIPs de empresários. Nossos sindicatos precisam defender amplamente e organizar a luta pela quebra das patentes das vacinas e pela capacitação de sua produção em massa no Brasil
Reestruturar a economia sob controle dos trabalhadores para combater a pandemia e salvar vidas!
3. Contra a precarização do trabalho, direitos iguais já! Pela efetivação dos contratados sem a necessidade de concurso público!
O regime de contrato serve somente para dividir os educadores entre concursados, nomeados e contratados. O trabalho é igual, mas os direitos não. Não são poucos os professores que estão há anos dando aulas, mas com direitos menores e sendo ameaçados de demissão (como vimos o governo Leite criminosamente demitindo professores em meio à pandemia). Esses professores já demonstraram a sua capacidade no trabalho e podem ser efetivados sem necessidade de concurso público.
É preciso ampliar os concursos, pois a categoria hoje não dá conta da demanda necessária.
4. Fortalecer os núcleos e retomar o sindicato nas mãos dos trabalhadores
A burocracia do CPERS, do PT, PCdoB e PDT, controla o sindicato de forma antidemocrática há anos. Gasta milhões para construir casa na praia, em congresso com regalias, e rifa nossos direitos (como vimos na greve de 2019 em que entregou o plano de carreira da categoria). Eles apostam em desgastar Leite e Bolsonaro visando 2022, e não na força dos trabalhadores. Mas até lá vamos sofrendo derrotas e mais derrotas. É preciso tomar o sindicato nas mãos dos próprios trabalhadores.
Organizar assembleias por escolas para eleição de representantes sindicais!
Redemocratizar o sindicato revendo o estatuto.
Durante nossas greves, o comando de greve deve ser a direção da mobilização e deve ter representantes eleitos em cada escola para ligar a direção da greve com a base da categoria (e não apenas representantes das forças políticas)
Direções colegiadas e com rotatividade dos liberados sindicais!
Apostamos na unidade da oposição para derrotar a burocracia do PT e PCdoB, por isso entendemos que o Novo Rumo apresenta esse caminho de unidade, uma vez que as duas outras chapas possuem membros da atual direção do CPERS.
Unidade com outras categorias em luta. Na histórica greve de 2017 perdemos a oportunidade de unificar forças com os municipários de Porto Alegre que travaram forte luta então por conta da decisão da atual direção e outros grupos. Os núcleos podem cumprir papel de se ligar aos processos de luta em curso em cada região também. Afinal, a nossa luta é uma luta de toda a classe trabalhadora!
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