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UM PASSO À FRENTE, OUTRO NÃO
PSOL expulsa Daciolo mas deixará o reacionário ficar com vaga no parlamento
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Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi
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Por 54 votos a 1 o Diretório Nacional do PSOL expulsou o deputado federal Cabo Daciolo. O diretório alegou contra o parlamentar, que este havia descumprido o estatuto do partido ao negar-se a fazer valer acordo firmado previamente. O debate real que se desenvolve nas redes sociais e entre os militantes é de profundas diferenças políticas e não somente de sua “indisciplina”.

Como já escrevemos previamente, o nível de direitismo do parlamentar que tem mais posições em comum com Bolsonaro do que com a maioria do PSOL não era nenhuma novidade, e várias correntes do PSOL, bem como o PSTU fizeram de tudo para aproximar o cabo ignorando o reacionarismo de suas posições.

A rápida passagem do líder do motim dos bombeiros pelo partido que vem ganhando projeção na juventude e setores de trabalhadores pela defesa de bandeiras democráticas foi tumultuosa. As posições de Daciolo contrastavam fortemente com o perfil que vem predominado no PSOL, como ficou marcado na campanha de Luciana Genro, sobretudo ao se confrontar com Fidelix, e é o perfil “progressista” de eleitores de deputados como Freixo e Wyllys.

Desde sua posse como parlamentar Cabo Daciolo esteve envolvido em polêmicas com seu partido e sua base ativista e de eleitores. Isto começou antes mesmo da posse ao fazer campanha contra a nomeação de um civil para chefe do ministério de defesa, alegando que os “militares tinham que recuperar seu espaço”. Já neste momento houve grande debate no PSOL e escrevemos este texto.

No dia posse o parlamentar entrou em nova polêmica. Ele se fez fotografar, sorridente, com Bolsonaro no mesmo dia que os parlamentares do PSOL lançavam campanha contra o mesmo parlamentar símbolo da direita.

As tensões chegaram a um ponto alto quando Daciolo lançou projeto de emenda constitucional para que a constituição do país fosse alterada, para que ao invés de dizer “todo poder emana do povo” dissesse “todo poder emana de Deus”. No mesmo dia circularam pedidos de expulsão do parlamentar e a bancada federal do partido fechou um acordo com ele para que retirasse o projeto e debatesse internamente sua posição. Este acordo foi rapidamente desrespeitado por Daciolo que depois entrou em nova polêmica ao defender os 12 policiais acusados de matar e sumir com o corpo do pedreiro Amarildo.

Com esta decisão de expulsar este direitista o PSOL busca mostrar-se consequente em seu perfil democrático, o eixo de debate centrado na defesa do estado laico e Amarildo faz evocar alguns dos debates de “junho”. Muitos jovens, militantes, simpatizantes, ou meros eleitores do partido celebraram esta medida ontem em redes sociais. No entanto, esta medida à esquerda foi seguida de uma outra medida completamente contrária à tradição da esquerda no parlamento, o PSOL votou que Daciolo mantivesse seu cargo.

A tradição da esquerda no Parlamento é de que os cargos pertencem ao partido e não aos indivíduos. Até mesmo o PT defende esta posição. O partido de Lula está discutindo como consegue na justiça o cargo, majoritário, de Marta Suplicy. Já o PSOL não exigiu o cargo proporcional de Daciolo. Cargo que ele só conseguiu a partir do somatório de votos de outros deputados do PSOL e o voto de legenda. Ou seja, ao invés de colocar seu suplente, o vereador carioca Renato Cinco da esquerda do PSOL, o partido abre espaço para o fortalecimento da bancada da bala no parlamento ao deixar Daciolo em Brasília.

Enquanto se desenvolve um debate sobre a reforma política, onde há vários posicionamentos a favor do “distritão” por Eduardo Cunha e outros, que faria cada parlamentar representar um distrito, não importando a votação de seu partido, o que torna o voto personalizado. Assim, o PSOL desperdiça a oportunidade de dar uma clara mostra de como para a esquerda os cargos parlamentares são do partido e não do indivíduo. Cálculos eleitorais sobre o impacto hipotético na eleição de Freixo para prefeito parecem ter pesado mais do que manter viva esta tradição da esquerda e não permitir, impunemente, que o parlamento tenha mais um direitista.

 
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