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Porto Alegre | A luta contra a privatização da Carris é uma luta de todos os trabalhadores e estudantes

A partir dessa segunda (23) a Câmara de Porto Alegre pode colocar para votar a PL do prefeito Sebastião Melo que permite a privatização da estatal. Rodoviários estão organizando uma paralisação para iniciar neste mesmo dia. A luta em Defesa da Carris é uma luta que deve ser cercada de solidariedade e apoio por todos os trabalhadores e estudantes e pelo direito de um transporte público de qualidade.

domingo 22 de agosto de 2021 | Edição do dia

Foto: Fabiano do Amaral

Em meio de uma brutal crise que vem assolando a população brasileira com o aumento da fome com o preço dos alimentos altíssimos, ao mesmo tempo que a pandemia segue matando centenas de pessoas todos os dias, os ataques contra a classe trabalhadora seguem sendo aprovados a rodo pela casta política e o governo assassino de Bolsonaro. Somente nas últimas semanas vimos sendo aprovada a MP 1045, uma espécie de mini reforma trabalhista que flexibiliza mais a exploração dos patrões com os trabalhadores. Também vimos sendo aprovada privatizações de grandes patrimônios públicos, como a Eletrobras, e o Correios, que foi aprovado na Câmara e segue sua votação para o Senado. Aqui em Porto Alegre, o prefeito bolsonarista Sebastião Melo (MDB), segue o mesmo projeto de Bolsonaro e Paulo Guedes de rifar as empresas estatais que prestam serviços básicos e essenciais para toda a população. Nesta próxima semana, o projeto de privatização da empresa de transporte público de Porto Alegre, a Carris, pode ser colocado para votação a qualquer momento na Câmara de Vereadores.

Vejam aqui: É preciso derrotar a privatização da Carris com a força dos trabalhadores, estudantes e usuários

Os trabalhadores da Carris estão organizando uma paralisação para começar nesta segunda (23), a partir das 4h da manhã. Uma luta que precisa ser cercada de solidariedade por todos os trabalhadores e estudantes da cidade que depende de um transporte público de qualidade como é o da Carris. Desde sua campanha eleitoral em 2020, Melo vem acusando a Carris como sendo uma empresa deficitária, que só causa prejuízo, tentando justificar para a população e os usuários do transporte de Porto Alegre, porque devia ser privatizada. Mas a privatização seria a solução para os usuários da cidade? Seria a solução entregar um das poucas empresas estatais do país nas mãos dos barões do transporte privado que no meio da pandemia abandonaram as linhas de ônibus para salvar os seus lucros? Enquanto isso, essas linhas de ônibus abandonadas foram encampadas e tiveram seu atendimento garantido pela própria Carris que supostamente “causa prejuízo”. A verdade é que Melo mente quando diz que a empresa só dá prejuízo. Quem utiliza o transporte público todos os dias para ir trabalhar ou estudar, consegue ver de longe a diferença que tem na qualidade dos serviços da Carris comparado com as empresas privadas. E se teve uma queda na sua qualidade nos últimos anos, é porque ela vem sendo sucateada por todos os últimos governos que vem tentando justificar a sua privatização, e entregar de bandeja aos grandes empresários que tão de olho no lucro que iriam ganhar, e não em manter um transporte de qualidade.

Tudo irá piorar com a privatização. O próprio valor da passagem de ônibus, que hoje está em 4,80 e é a mais cara do país, tende a seguir aumentando e ficar cada vez mais cara. Melo e a patronal das privadas dizem que os aumentos nas passagens são devidos ao reajuste salarial, as isenções, e se cortassem isso e também acabasse com o cargo de cobradores, a passagem diminuiria. Mas o verdadeiro motivo para manter o preço das passagens altas está diretamente nos lucros que os empresários ganham em cima dela, e não no salário de milhares de cobradores que eles querem pôr na rua. Aliás, o que mais esses verdadeiros parasitas fizeram durante a pandemia, além de cortar as linhas de ônibus, foi demitir a rodo os rodoviários, e reduzir os seus salários, graças à MP 927 e 936 de Bolsonaro. A privatização da Carris irá aprofundar ainda mais as demissões e a redução dos salários, colocando centenas de famílias na rua enquanto o desemprego e a fome seguem crescendo.

A luta em defesa da Carris tem que ser uma luta embandeirada por todos os usuários de transporte de Porto Alegre, pois ela vai prejudicar diretamente a vida de todos. Melo também planeja aprofundar ainda mais os ataques, com o seu pacote que pretende acabar com a isenção de ônibus, para estudantes, idosos e portadores de doenças, um ataque extremamente brutal. Se a Carris for privatizada, isso abrirá mais espaço para Melo e os empresários sigam aprovando esses ataques. Os rodoviários das empresas privadas também tem que se embandeirar dessa luta e também de seus empregos, principalmente os cobradores que é o próximo alvo dessa patronal parasita para preservar os seus lucros.

Lutar pela Carris é também lutar pelo o direito a um transporte público de qualidade. E se hoje a Carris consegue garantir essa qualidade, certamente não é devido a administração da Prefeitura de Melo, tampouco a de todos os governos anteriores. Isso é garantido graças ao trabalho duro de todos os trabalhadores da empresa, que garante o transporte e toda a manutenção dos veículos todos os dias. E se nas empresas privadas, mesmo com toda a precarização e sucateamento por parte da patronal, garante o serviço é também pelo esforço dos trabalhadores dessas empresas, que sabem operar como ninguém as frotas de ônibus. A patronal não garante nada disso, e tudo que querem é lucrar mais e mais, e com toda essa crise eles dizem que não está bom para eles, então que eles saiam e deixem os trabalhadores assumirem o comando. Por isso é preciso elevar a luta contra a privatização da Carris para uma luta pela estatização de todas as empresas privadas e fazer um transporte 100% Carris. Garantindo o emprego de todos os trabalhadores e readmitindo os rodoviários demitidos. Aumentando o número de linhas na rua para garantir um transporte adequado para todos que dependem dos ônibus para trabalhar e estudar.

Para isso é preciso avançar ainda mais na mobilização e a luta não pode apenas parar na paralisação de segunda-feira. É preciso valorizar todas as reuniões e assembleias de trabalhadores para se auto-organizarem e discutirem os rumos da luta. Coisa que o sindicato da categoria deveria estar organizando, mas ao invés disso estão traindo toda a luta sem organizar absolutamente nada e deixar os trabalhadores à própria sorte na luta pelos seus empregos. As centrais sindicais e os sindicatos da cidade devem se colocar lado a lado nessa luta, ajudando com fundo de greve, e girando todas as suas forças para fortalecer a luta e engrossar o caldo da mobilização. É com essa perspectiva que pode se colocar na ordem do dia o controle do transporte público nas mãos dos trabalhadores.




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