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Reforma Trabalhista | A morte de Moïse é a expressão concreta da violência ​que significa a reforma trabalhista

O migrante congolês Moïse Kabagambe, espancado e assassinado pelo patrão por cobrar o seu pagamento, é um retrato cruel das condições que os trabalhadores têm em negociar com o patrão, como sugere a reforma trabalhista.

terça-feira 1º de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Ainda no governo Temer a reforma trabalhista foi aprovada com o discurso mentiroso de reduzir o desemprego e de liberdade para os trabalhadores negociarem suas condições de trabalho com o próprio patrão, como se fossem relações igualitárias. O que ocorreu na realidade desde então foi mais desemprego e relações covardes de precarização do trabalho, perdas de direitos, salários mais baixos e uberização. O empreendedorismo individual propagado por grandes corporações se expressa nas ruas todos os dias com uma juventude negra pedalando para realizar entregas sem direito a vale refeição, vale transporte, décimo terceiro, férias, fundo de garantia, seguro acidente ou qualquer direito trabalhista.

A liberdade foi concedida em verdade para os patrões explorarem ainda mais a classe trabalhadora que acaba aceitando tudo, assombrada com o desemprego e a fome. De grandes corporações a pequenos negócios, os patrões se sentiram livres para contratar informalmente e pagar por diárias ou por entregas e vendas. Nesse contexto o racismo e o machismo são as armas do capital para pagar salários ainda mais baixos para negros, mulheres, migrantes e lgbts.

Os trabalhadores e trabalhadoras são submetidos assim a toda sorte de humilhações todos os dias que vão de assédio moral a espancamento e morte como no caso de Moïse. Quando dizemos que a crise capitalista está sendo descarregada nas nossas costas significa que nossos corpos não são mais nossos, que somos espoliados, adoecemos e morremos para deixar alguém mais rico. Ou ficamos, no desespero e na fome, de fora do mercado de trabalho cujas leis são determinadas de acordo com os interesses dos capitalistas.

Não podemos ficar calados diante de tamanha brutalidade. As grandes centrais sindicais como a CUT dirigida pelo PT e a CTB dirigida pelo PCdoB, tem grande responsabilidade no silêncio ensurdecedor que se gerou no país, deixando grandes ataques como as reformas passarem sem grandes mobilizações. Atuaram inclusive para dividir as lutas em curso e esfriar os ânimos da classe trabalhadora marcando dias de luta muito espaçados quando havia energia e força para barrar as reformas.

A classe trabalhadora foi quem mais sofreu e morreu na pandemia e nunca pode ficar em casa quando hipocritamente esses grandes partidos levantavam a campanha do “fica em casa” ao invés de organizar os trabalhadores para tomarem em suas mãos o combate à pandemia girando a indústria e garantindo testes massivos e isolamento adequado dos infectados, algo que jamais seria feito pela burguesia ainda mais sob o comando do reacionário Bolsonaro, dos militares, do STF e dos governadores.

Por fim querem tirar nossa humanidade fazendo com que aceitemos todas as condições precárias de vida e de trabalho que nos dão até a morte também com a reforma da previdência.

É preciso sair às ruas por justiça a Moïse Kabagambe, se auto organizar em cada local de trabalho e exigir que as grandes centrais e sindicatos construam um plano imediato de lutas que arranque justiça por Moïse, e seja um pontapé para uma acumulação de forças capaz de ir por mais. Unificando as fileiras operárias, rompendo a divisão entre negros e brancos, efetivos e terceirizados, podemos colocar de pé uma força para lutar contra o racismo, com seus representantes na extrema direita, batalhando também, para derrubar Bolsonaro e Mourão e com a força das ruas revogar todas as reformas, impondo uma Constituinte Livre e Soberana para colocar os rumos do país nas mãos do povo e fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise, superando também, as saídas de conciliação de classes.




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