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CPI DA COVID | “A saída está na força da nossa luta, não na CPI desse regime golpista", diz Marcello Pablito

“Quanto mais a insatisfação social cresce e se transforma em lutas de resistências pelo país, como foi a greve dos metroviários de São Paulo ontem e a luta da juventude em defesa das Universidades Federais, mais os holofotes se centram no espetáculo falso e de mal gosto da CPI da Covid, uma saída que o regime busca para frear nossa luta, que é o único caminho realista para os trabalhadores.”

quinta-feira 20 de maio de 2021 | Edição do dia

Conversamos com Marcelo Pablito, trabalhador da Universidade de São Paulo e dirigente do MRT sobre a CPI da Covid em meio à crescente insatisfação social e demonstrações iniciais de disposição de luta dos trabalhadores e da juventude.

“Ontem, o tão esperado depoimento de Pazzuelo na CPI, que continua hoje depois daquela cena ridícula de ter passado mal, foi um espetáculo de horror, muito bem televisionado. Repetiu todas as mentiras que já ouvimos há mais de um ano, afirmou que garantiu testes, respiradores e EPIs, que nunca negou a gravidade da doença, que não atrasou na aquisição de vacinas. Mentiras tão descaradas que apenas o triste dado de mais de 442 mil mortes hoje no país bastaria para não confiarmos. Mas por que fazem tanto espetáculo dessa CPI onde nada que será dito é novidade pra gente que segue trabalhando e sentindo na pele o medo da doença, mas também da retirada de direitos, do desemprego e da fome?

Entendemos os trabalhadores e jovens que depositam alguma expectativa nessa CPI, mas com certeza não há nenhuma boa intenção nessa publicidade espetaculosa. A CPI é um recurso do próprio regime golpista para disputas que ocorrem em seu interior e ainda querem que tenha o efeito de “limpar a barra” de vários de seus atores, tão responsáveis pela tragédia sanitária quanto os investigados. Tanto é assim, que esse tipo de ação parlamentar ficou conhecida como aquela que sempre “dá em pizza”, por terminar com acordos de compromissos entre os envolvidos, e sendo esquecidas logo em seguida.

Com protagonismo do Senado e do STF, mecanismos institucionais como a CPI são uma verdadeira cortina de fumaça, e por mais ódio que compartilhemos dos membros do governo Bolsonaro ali interrogados, sabemos que a justiça que precisamos, a que garanta à população vacinação urgente, todos os recursos para os profissionais de saúde, garantia de emprego e auxílio emergencial compatível às necessidades, não é a que virá dessa Comissão.

Pelo contrário, Senado e STF, junto com a grande mídia, querem nos fazer esquecer seu papel golpista e toda a atuação determinante para aprovação dos ataques econômicos à nossa classe, como as reformas trabalhista e da previdência, e agora o avanço na política de privatização, como foi a da CEDAE no Rio e ontem a aprovação da MP que permite a privatização da Eletrobras. Não podemos esquecer nem confiar em quem brinca de interrogatório fazendo oposição de ocasião, enquanto entregam nossas riquezas, atacam nossos direitos e descarregam cada centavo da crise nas nossas costas.

Por isso o único caminho realista para os trabalhadores é o de organização e luta em unidade, e disposição é o que não falta, assim como vem mostrando diversas categorias, como as trabalhadoras da LG que deram uma grande batalha em unidade contra as demissões, os metroviários de São Paulo ontem que mostraram sua potência em aliança com a população, mostrando como a luta por direitos é a mesma por transporte de qualidade, apesar da direção do Sindicato e sua postura corporativista, assim como da juventude que, diante de ataques brutais ao orçamento das Universidades Federais, volta a se levantar em defesa da educação.

Toda essa disposição de luta precisa ser fortalecida e organizada. Por isso é urgente que as organizações de esquerda e seus parlamentares, como o PSOL, coloquem suas forças para construir a unidade das lutas iniciais dos trabalhadores e da juventude no Brasil e não alimentem a confiança dos trabalhadores nessa farsa institucional da CPI. Um pólo político nesse sentido pode exigir com muito mais força das grandes direções do movimento de massas, sindicais e estudantis, como a CUT e a CTB, e também a UNE, que organizem nos locais de estudo e trabalho assembleias democráticas e ações unificadas rumo ao dia 29, dia nacional de luta que a UNE está convocando contra os cortes nas federais e é mais uma oportunidade de uma grande demonstração de força da nossa classe em unidade com a juventude.”




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