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Conciliação de classes | Atos contra Bolsonaro: marcados pelo eleitoralismo e conciliação do PT e muito aquém do dia 7

Manifestantes fizeram atos em algumas dezenas de cidades pelo país. De conjunto, no entanto, por política das direções do movimento de massas, os atos foram muito aquém da resposta necessária à demonstração de força bolsonarista no 7 de setembro, predominando o conteúdo meramente eleitoral fruto da estratégia de conciliação e pacificação petista

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

domingo 11 de setembro de 2022 | Edição do dia

Nessa semana, vimos os atos ultrarreacionários do 7 de setembro, na qual a base fascistóide de Bolsonaro levava faixas pedindo intervenção militar e outras atrocidades lunáticas. A inflação está altíssima, o pequeno crescimento econômico não se reverte em melhoria para as condições das massas que amargam o desemprego e a fome, e isso é resultado dos ataques promovidos por Bolsonaro e os militares, mas que tiveram amplo apoio do STF, Congresso e da direita. Diante disso, era fundamental construir atos em resposta ao bolsonarismo, organizando a luta pela base, com greves e paralisações. No entanto, os atos de hoje certamente foram muito aquém do necessário para enfrentar a extrema-direita nas ruas, com manifestações desmobilizadas na grande maioria das cidades pelo país, com mais expressão em São Paulo, mas ainda assim fraco. Sem dúvidas, não respondem ao ato bolsonarista do 7 de Setembro, o que apenas encoraja esses setores ultrarreacionários.

As direções das centrais sindicais como CUT e CTB, assim como a UNE, diretamente desmobilizaram os contra-atos do Grito dos Excluídos, propagando uma política de medo na base, deixando as ruas livres para a extrema-direita. Na prática, estavam seguindo a linha política dos acordos de Lula e do PT com setores burgueses golpistas como FIESP, FEBRABAN e a direita, comprometidos em não tocar em nenhum dos pilares fundamentais da obra econômica do golpe institucional, como a reforma trabalhista, as privatizações etc.

Na prática, a estratégia eleitoralista e de conciliação de classes de Lula e do PT foi deixar o bolsonarismo marchar livre, retirar todo conteúdo de enfrentamento aos capitalistas e respostas de fundo às necessidades reais da classe trabalhadora, substituindo o enfrentamento por atos eleitoreiros e esvaziados. Essa política, de paz social, “a caminhada da esperança” como a nomearam em São Paulo, apenas fortalece a extrema-direita. Correntes da esquerda como a Resistência/PSOL, diretamente abraçaram essa perspectiva, sendo contra os atos no 7 de setembro. Enquanto isso, MES/PSOL, UP, PCB e PSTU, apesar de construírem atos nesse dia, se furtaram de denunciar essa política da burocracia e ainda compuseram acriticamente os atos de hoje. Se por um lado esses setores fizeram um grande alarme de que haveria um golpe, em um momento em que Bolsonaro se vê mais disciplinado pelo regime e assumindo uma retórica eleitoreira, por outro encobrem sua política adaptada às burocracias embarcando como ala esquerda da operação de conciliação petista. O que fizeram foi nada mais que dar um verniz radical ao eleitoralismo petista que se viu nos atos, e isso não ajuda em nada a fortalecer a luta contra as ameaças golpistas de Bolsonaro e os ataques de sua base reacionária.

Nesse sentido, é fundamental que as centrais sindicais e a UNE rompam com sua paralisia eleitoreira e conciliadora e construam um verdadeiro plano de lutas com greves, paralisações e assembleias de base. O que pode combater efetivamente o bolsonarismo é a luta nas ruas, a unidade entre trabalhadores e o conjunto dos oprimidos com um programa que realmente dê respostas para os grandes problemas da classe trabalhadora. É nesse batalha que as candidaturas do MRT pelo Polo Socialista Revolucionário estão atuando nessas eleições, com a perspectiva de fazer um palanque revolucionário para a luta, defendendo a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução salarial e com plenos direitos, repartindo o trabalho entre empregados e desempregados e a revogação de todas as reformas, em especial a trabalhista.

Leia mais: Um Bolsonaro eleitoralista à busca de votos nos atos do 7 de setembro




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