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Demissão em massa | CEB privatizada demite 45 trabalhadores com polícia na porta e lucros para empresários e Ibaneis

O governador Ibaneis Rocha ofereceu em leilão a Companhia Energética de Brasília (CEB) para uma multinacional espanhola em 2021. Na ocasião, os empresários favorecidos afirmaram que o quadro de peões seria conservado, mas na manhã desta segunda-feira (11), os funcionários foram surpreendidos com o corte no quadro da empresa, chegando ao absurdo humilhante de serem escoltados até a rua por seguranças e recebidos com polícia na frente da empresa. A decisão dos patrões ignora o processo de manutenção de direitos acordados pelo Tribunal de Justiça do DF em fevereiro.

quarta-feira 13 de abril de 2022 | Edição do dia

Assim como Guedes e Bolsonaro querem privatizar a Eletrobras para atender aos interesses dos capitalistas, Ibaneis entregou a CEB a seus amigos empresários. Agora, dezenas de família podem ir para a rua, em pleno desemprego e aumento do custo de vida.

Os trabalhadores da NeoEnergia - antiga CEB Distribuição - chegaram ao local nesta segunda-feira (11/04) e foram recebidos com o anúncio da demissão de 45 funcionários. Em seguida, os trabalhadores se concentraram em frente ao Palácio do Buriti como forma de protesto pela reintegração e permanência no emprego por meio da CEB Holding (parte da empresa que não foi consumida pela privataria e permanece pública).

O Sindicato dos Urbanitários no DF (STIU-DF), entidade que representa a categoria, destacou que a medida foi arbitrária ao fazer o corte “sem qualquer negociação ou aviso prévio”. Os funcionários suspeitam que há uma lista com cerca de 120 nomes a serem cortados, sendo a maioria deles servidores de carreira aprovados em concurso público. De acordo com o diretor sindical João Carlos Dias em entrevista ao Esquerda Diário, entre os trabalhadores efetivamente desligados “existem pessoas próximas da aposentadoria, pessoas com deficiência e pessoas em fase de tratamento médico”.

Passado o vencimento da cláusula de estabilidade — um ano após a privatização —, os peões cortados foram os que se recusaram a assinar o plano de demissão voluntária (PDV). A NeoEnergia impôs esse requisito após comprar o setor de distribuição da CEB e forçaram somente duas alternativas com relação ao vínculo empregatício: ou o trabalhador assina o plano demissão voluntária ou o mesmo será demitido involuntariamente por decisão unilateral da empresa.

Um dos operários afetados pelos cortes explicou ao Esquerda Diário que a medida faz parte da reestruturação no setor de distribuição da empresa: “vários trabalhadores já estavam sendo pressionados com cargas horárias excessivas, trabalhando mais de 12 horas, pois o quadro da CEB tinha sido reduzido drasticamente (por meio de indução do PVD) e a NeoEnergia não tinha cobrido contratando mais trabalhadores. A empresa divulgou na mídia que estava desenvolvendo uma escola de eletricistas, formando técnicos para cobrir esse déficit. Mas na verdade, esses novos contratados não tinham muita capacidade na área elétrica, muitos deles antes trabalhavam com serviço ou comércio e ainda estavam em fase de adaptação. Mesmo sem experiência de eletricista, estavam fazendo o curso ministrado por trabalhadores da antiga CEB que ainda estavam na NeoEnergia. E acho que a empresa foi muito covarde, pois esperaram os operários um pouco mais velhos treinar e passar conhecimento para os novatos. A partir do momento em que esses pegaram o mínimo de experiência, e os patrões viram que já dava pra tocar as funções, anunciaram a demissão desses mais de 40 trabalhadores antigos”.

No dia seguinte à demissão ocorreu um novo ato em frente à Câmara Legislativa do DF para que os trabalhadores fossem aproveitados na CEB Holding, possibilidade que terá julgamento no dia 20 de abril. Até lá os funcionários demitidos ficarão na espera.

A Neoenergia, atual nome da CEB, demite para fazer novos contratos em condições mais precárias, ampliando a exploração do trabalho para saciar a sede de lucro de seus novos acionistas. Junto das demissões, como já é de conhecimento nesses casos, virá a precarização do serviço prestado e o aumento das tarifas, descarregando o custo dessa política privatistas nas costas da população. Prova disso é que apenas dois meses após a privatização da estatal a conta de luz subiu 8,8%, além de uma séria de apagões que tomou conta do DF.

As centrais sindicais, como a CUT e CTB, precisam romper com sua paralisia e organizar a luta pela base, unindo as lutas em curso, como a resistência dos trabalhadores da NeoEnergia e os povos indígenas que estão acampados em Brasília, contra a carestia de vida, as privatizações e ataques de Bolsonaro, Mourão e o conjunto desse regime podre que conta com governadores privatistas como Ibaneis.

É necessário exigir a readmissão imediata desses trabalhadores e lutar por uma CEB 100% estatal gerida pelos trabalhadores e sob controle popular.




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