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Estudantes | Conune sem direito de voz e voto é apenas para dividir cargos e não para organizar a luta

Hoje começa o Conune Extraordinário, em formato online e sem eleição de delegados, o que deixa de fora os ingressantes de 2020 e 2021. Esse que deveria ser um dos principais espaços de articulação dos estudantes pode terminar servindo apenas para dividir cargos e legitimar uma direção burocrática.

quarta-feira 14 de julho de 2021 | Edição do dia

As manifestações contra o governo Bolsonaro e a necessidade de articular a luta contra os ataques como os cortes nas universidades, a privatização da Eletrobrás e a tentativa de fazer o mesmo com os Correios, assim como a votação da PL 490 e o crescente aumento da violência LGBTfóbica são apenas alguns dos temas que colocam na ordem do dia a necessidade de organizar a luta contra Bolsonaro e Mourão, para dar uma resposta da classe trabalhadora e da juventude diante da crise capitalista que a pandemia só agravou.

Conune 2021: conheça a tese "Transformar nosso ódio em revolução! Fora Bolsonaro e Mourão"

No entanto, a principal entidade estudantil do país convocou um congresso às pressas, sem construir com a base, sem que a maioria dos estudantes que estão nas ruas construindo os atos sequer saibam da sua existência, o que vai impedir de promover um debate que pudesse permitir o conjunto dos estudantes tomar em suas mãos os rumos da luta. Isso se dá pela concepção da direção majoritária (UJS/PCdoB, PT e Levante Popular), que mesmo diante da enorme fragmentação imposta pelo ensino remoto, se recusa a organizar espaços de discussão onde a base possa ter direito a voz e voto de fato, mas também foi acordado com toda a diretoria atual da UNE, ou seja, com a conivência das correntes de esquerda que são parte da diretoria (Afronte, Rua, PCB, Juntos, Correnteza).

Este acordo ficou evidente durante o Encontro LGBT da UNE realizado hoje, no qual em dois dos quatro GTs foi negado o direito de fala a vários estudantes e LGBTQI+ participantes, negado o acesso à lista de inscritos, ao passo que o encontro contou como convidada de honra a vereadora de Niterói Walkíria Nichteroy (PCdoB), apoiadora da Reforma da Previdência municipal.

Segundo Giovana Pozzi, diretora do Centro Acadêmico de Teatro da UFRGS:

Nós da juventude Faísca Revolucionária, juntamente com estudantes independentes de mais de 27 universidades do país construímos a tese Transformar nosso ódio em revolução! Fora Bolsonaro e Mourão, onde colocamos como uma dos pontos centrais o combate a essa lógica burocrática de movimento estudantil. Para nós, as entidades estudantis deveriam ser ferramentas de auto-organização, um congresso como esse não deveria ser um espaço para que as organizações dividissem entre si os cargos na entidade, mas deveria se propor seriamente a organizar o conjunto dos estudantes para debater como o movimento estudantil pode ser linha de frente da luta contra Bolsonaro, Mourão e os ataques. O que passa em primeiro lugar pelo direito democrático elementar de que os estudantes pudessem ser escutados. Não basta lives e atividades que só irão reunir um pequeno número de estudantes, quando inclusive todas as decisões vão ser tomadas pela antiga diretoria, e só serão apresentadas propostas consensuais, ou seja, vai prevalecer a opinião da majoritária e não a voz dos estudantes.

Para saber mais CONUNE: Por uma carta aos trabalhadores e sindicatos pela greve geral

Ainda sobre isso, Elisa Campos, diretora do Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG, que também assina a tese Transformar nosso ódio em revolução! Fora Bolsonaro e Mourão, disse que:

Nós estivemos na linha de frente das manifestações, organizando assembleias de base e batalhando para que a voz dos estudantes pudessem ser ouvidas, defendendo a criação de um comando nacional de delegados nas universidades federais para articular e massificar nossa luta. Queremos construir uma aliança com a classe trabalhadora, e não com a direita que quer privatizar o país e rifar nossos direitos, por isso, defendemos que o congresso deveria votar uma carta aos trabalhadores e sindicatos pela construção de uma greve geral contra Bolsonaro, Mourão e os ataques. Imaginem a força que teria se os estudantes fossem panfletar aos milhares nas fábricas para se colocar ao lado dos trabalhadores na construção de uma greve geral?

Mas a lógica burocrática com que esse congresso vem sendo construído sequer permite que esse proposta seja colocada para votação, porque a UJS e o PT que dirigem grandes centrais sindicais do país, como a CUT e a CTB, não iriam permitir uma votação que colocassem em questão a lógica burocrática delas também no movimento operário. É para debater como não podemos aceitar que um dos principais fóruns do movimento estudantil seja tão absurdamente burocratizado e controlado, que defendemos a necessidade de uma plenária unificada da oposição de esquerda, onde pudessemos debater, apesar das nossas diferenças políticas, propostas comuns para impedir que esse congresso seja apenas um espaço formal para referendar uma direção burocrática, e fortalecer nossa luta contra Bolsonaro e Mourão.

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