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Enquanto faltam vacinas e a fome aumenta, esquema secreto de Bolsonaro destinou 3 bilhões para comprar apoio do Centrão

Um novo “escândalo” surge nos noticiários, a partir de manobras no orçamento para destinar cifras milionárias de Bolsonaro para comprar apoio de diversos deputados e senadores do Centrão. Enquanto o país agoniza pela falta de vacinas, e pelo aumento da fome, Bolsonaro se utiliza dos velhos mecanismos do “toma lá da cá”, com casos de superfaturamento na compra de tratores, para seguir fazendo sua política reacionária.

terça-feira 11 de maio de 2021 | Edição do dia

Desde que Bolsonaro mudou sua política para buscar o apoio de partidos fisiológicos, o preço do centrão tem sido cada vez mais caro. O recente escândalo sobre o orçamento secreto, de R$ 3 bilhões em emendas, destinados para o bolso dos parlamentares do centrão, é a maneira do governo Bolsonaro buscar ganhar influência desta corja fisiológica e reacionária.

Ainda nesse orçamento secreto para obtenção de apoio no Congresso, se escancara o superfaturamento na compra de tratores, retroescavadeiras e caminhões pipa, o “tratoraço” do governo Bolsonaro que usou para comprar pessoas como Davi Alcolumbre, peça chave para aprovação de inúmeras reformas que atacaram as condições de vida da população, como a da previdência e trabalhista.

Trata-se de um escândalo que deve ser amplamente denunciado, rechaçado e combatido.

Entretanto, na contramão disso, outro fato divulgado hoje pela mídia impressionou aos opositores: mesmo enquanto a pandemia segue matando ferozmente e mesmo a mídia fazendo campanha com a CPI da pandemia, a popularidade de Bolsonaro cresceu. Foi o que divulgou a pesquisa Atlas nesta segunda, que apontou que 40% da população aprova o desempenho do presidente sanguinário, contra 35% no mês de março, o que pode ser explicado pela volta do auxílio emergencial.

Ou seja, mesmo diante de toda a campanha que parcela da mídia e diversos setores progressistas vêm fazendo para desgastar o governo com o tema da CPI, ele ainda consegue se sustentar com boa popularidade.

Esse fato nos permite algumas conclusões. A primeira delas é que o tema da CPI é usado para que setores do regime a use para se diferenciar do governo, buscando desgastá-lo, mas que não tem nenhum interesse real no sentido de combater suas políticas de conjunto, nem o rumo que o governo vem dando à pandemia. Além disso, também nos aponta que esse novo escândalo do orçamento secreto pode ter o mesmo caminho: ser amplamente utilizado pela mídia e setores opositores para buscar desgastá-lo, mas que em si mesmos podem mais uma vez dar em “pizza”; não evita mortes nem pela Covid, nem pela fome.

O centro da questão é que tanto o curso da pandemia quanto os escândalos do governo seguirão. E seguiremos assistindo a partida de milhares e milhares, todos os dias, entregando tostão após tostão, enquanto mantivermos todas as nossas expectativas no fato de que uma CPI, ou uma comissão parlamentar, ou qualquer coisa do tipo resolva os nossos problemas.

A questão é que um fator fundamental para a manutenção das taxas de apoio a Bolsonaro, é a ausência de mobilizações e lutas que questionem frontalmente Bolsonaro e o regime do golpe. Se não houver questionamentos mais profundos vindo “dos de baixo”, Bolsonaro seguirá fazendo sua narrativa, se apoiando em setores burgueses se mantém firme em seu apoio como os setores sojeiros, que agora estão à frente de convocar uma reacionária mobilização em apoio a Bolsonaro no dia 15, com um discurso claramente golpista de que “sem voto impresso não haverá eleição”.

Definitivamente, o que precisamos é de mobilização. É nos espelharmos nos exemplos dos trabalhadores colombianos que saem às ruas contra o governo do direitista Iván Duque. É nos espelharmos nos recentes exemplos do Peru, que também protagonizou manifestações massivas contra o governo. Agora no dia 13, quando está se organizando manifestações por todo o país contra o massacre em Jacarezinho, temos que colocar todas as nossas forças para construir essas mobilizações, e exigir das grandes direções de massas que se mobilizem ativamente. Sem esse corpo real, de classe e de todos os oprimidos, nossas demandas e anseios ficaram sempre relegadas ao último plano.

É por isso que as direções sindicais como CUT e CTB, que controlam milhões de trabalhadores espalhados em distintas categorias em todo o país, precisam imediatamente sair de sua paralisia, deixando de jogar suas fichas na espera passiva de 2022, com um “Lula salvador”, ou de depositar a confiança de que uma CPI ou ainda que atores do regime, como o Judiciário, podem “resolver” a crise. Não irão resolver. Eles foram parte de criá-la e são parte de permitir que ela siga se desenvolvendo. E essa “espera passiva” tem um objetivo político bastante concreto: deixar que tudo siga ocorrendo como está (mesmo com milhares de mortes semanalmente) para que Lula seja reeleito em 2022. Uma vez eleito, o ex-presidente já deixou claro que não reverteria às reformas e ataques, ao contrário, se comprometeu a privatizar estatais com a Caixa Econômica.

Leia também: Senador petista é envolvido no "Bolsolão", esquema de emendas parlamentares bilionárias

Não podemos esperar. Não podemos permitir que mais e mais familiares e trabalhadores sigam morrendo pela fome ou pela Covid. Para isso, precisamos de uma luta contra Bolsonaro, Mourão e todo o regime político do golpe e seu legado, impulsionando uma mobilização independente dos trabalhadores. Somente uma Assembleia Constituinte, Livre e Soberana, imposta pela luta, poderia dar início ao fim dessa barbárie.

Leia mais: Por uma nova Constituinte para pôr abaixo a “festa” de Bolsonaro, Centrão e do Agronegócio




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